quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

[Ano Novo] Mas já???

Mais uma vez o tempo nos pega desprevenidos e termina sem dó nem piedade. Todas as promessas e metas não cumpridas são renovadas para o próximo ano. Para muita das vezes, não serem cumpridas novamente...
E fica aquela reflexão se foi realmente o ano que correu ou se foi a gente que correu tanto que nem viu ele passar...
Bom, último post meu do ano, então nada mais normal que desejar um ótimo ano novo para meus camaradas inexistentes, que seja um ano de muita criatividade pra gente movimentar essa bagaça aki...
Claro, não poderia deixar de desejar também um ótimo ano novo para todos os nossos leitores.

Quê? Que mané esse blog só tem três leitores o q rapá?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

[Natal] Feliz Natal

Entao, feliz natal pessoas inexistentes!
Estou aqui apenas para postar isso:
http://store.steampowered.com/sub/2687/

Para bom entendedor, meio link basta...


Sério, que preço é esse? :O

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

[CITAÇÃO] Ciclope e Dr. Destino: Um Diálogo (ou Porque quadrinhos ainda são uma das minhas maiores paixões)

(extraído de X-Factor volume 3, nº 49, traduzida por Warxox, do Só Quadrinhos)

Ciclope e Dr. Destino, 80 anos no futuro, ambos obviamente decrépitos, conversando sobre que fim levaram:

Dr. Destino: Olhe para nós, Summers. Somos relíquias de uma época mais elegante, você e eu.
Ciclope: Elegante?
DD: Antes das guerras e dos atos do governo enlamearem as águas. Nós representamos algo antes. Eu, o uso do poder para ganho pessoal, desde que ninguém além de mim fosse se beneficiar dos meus esforços.
Você e seu gênero, usando o poder para benefício do bem comum.
E ainda assim o bem comum nos desprezou... E a vocês mais do que a mim. Sabe por quê?
C: Porque as pessoas são idiotas.
DD: Porque elas me entendiam. Eu era o vilão. Egoísmo, não o altruísmo, é o padrão moral inerente à humanidade.
Vocês enfrentaram as suspeitas delas com altruísmo, e já que elas não puderam entender, elas odiaram vocês ainda mais.
Isto e... Bem, porque as pessoas são idiotas.

________________________

É por essas e outras que considero o melhor trabalho do Peter David entre todos que já li dele nos quadrinhos.

domingo, 6 de dezembro de 2009

[RESENHA] Flashforward s01e10 - "A561984"

SPOILERS A TORTO E A DIREITO

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Duas semanas depois, Flashforward já volta sem perder tempo, retomando alguns de seus plots mais importantes.

Mark e Demetri, indo contra as ordens de Stanford, partem pra China, atrás da mulher que anunciou a data da morte do agente Noh. Depois de uma rápida discussão com outro agente que tenta impedi-los de prosseguir nas investigações, a dupla conseguem chegar à dita cuja. Seu nome é Nhadra Udaya, e tem uma informação surpreendente sobre a identidade do assassino de Demetri. Mas, voltaremos a isto mais tarde.

Enquanto isto, parece que a volta aos roteiros de David S. Goyer, um dos criadores da série, fez um bem considerável ao andamento da história. Depois de penarmos tendo que aturar a falta de uma química convincente entre Olivia e Lloyd, finalmente conseguiram achar o tom certo pra começarmos a acreditar que pode mesmo rolar algo entre eles. A conversa que tiveram sobre universos paralelos e versões alternativas de nossas vidas fez milagres na relação dos dois. Claro que nem tudo corre às mil maravilhas, dada a conclusão de toda a situação. Essa é outra que volto a comentar daqui a pouco.

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Vixi... A jogada da mecha do cabelo atrás da orelha é fatal

Antes de seu momento "cara-estou-a-poucos-passos-de-fazer-ela-cometer-um-adultério", Lloyd faz um favor a nós, espectadores, de dar continuidade ao gancho deixado no episódio 8, se reúne com seus amigos cientistas, e marca uma conferência de imprensa pra anunciar que ele, Simon, e o recém-apresentado Gordon Myhill, foram os responsáveis pelo apagão. Segundo ele, no dia do fenômeno estavam testando um acelerador de prótons pouco antes do evento ocorrer. O experimento visava reproduzir as condições físicas existentes no Big Bang. Se isto soa familiar pra você é porque realmente houve algo parecido em nosso mundo ano passado, com toda polêmica em torno dos efeitos que a ativação do Grande Colisor de Hádrons do CERN (taí um nome que impõe respeito) causaria ao nosso mundo (teve gente falando que ele poderia abrir um buraco negro que engoliria a Terra). Mais um ponto para os roteiristas, novamente se mostrando capazes de pegar um fato real e ficcionalizá-lo através de extrapolações.

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Lloyd em seu momento de maior coragem burrice

Claro que a resposta não é tão simples quanto o próprio Lloyd acredita ser, e Simon não acredita muito na teoria do colega. Mas, toda a situação gerada pela declaração de Lloyd faz valer a jogada dos roteiristas. Ele passa a ser uma das pessoas mais odiadas do mundo em questão de minutos. Não demora até que jornalistas e apresentadores de TV comecem a indagar se ele pode ser acusado em julgamento pela morte de mais de 20 milhões de pessoas. Sua presença no hospital onde se encontra Dylan é motivo para cochichos e olhares enviesados. Na verdade é a atitude ao mesmo tempo corajosa e burra de Lloyd que acaba fazendo com que ele conquiste a simpatia e o respeito de Olivia. No final, tudo parece fazer parte do plano do destino.

E já que mencionei destino, também vale um comentário a descoberta de Zoey, que depois de ser atormentada pela dúvida sobre o que realmente presenciou em seu flashforward, vai atrás da mãe de Demetri, que também estava presente em sua visão do futuro, a fim de apurar os fatos. Com o encontro a contradição que existia entre as duas versões do futuro do casal se revela apenas um erro de interpretação. Não era seu casamento com Demetri, mas o funeral de seu noivo. A revelação acaba unindo Zoey e Saayo, a mãe do rapaz, que não se entendia com a nora, agora disposta a mudar o futuro do filho, e vê-lo se casando com a moça.

Enquanto alguns encontram uma forma pacífica de mudar o futuro, Mark a cada episódio se torna mais agressivo em suas tentativas de alterar o seu. Não hesita em botar tudo a perder quando Nhadra se indispõe a revelar mais sobre o que sabe das circunstâncias da morte de Demetri, a ponto de quase gerar um incidente internacional com seu ato impulsivo. Ele merece um desconto, afinal, não deve ser fácil descobrir que está fadado a matar seu parceiro.

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Mark em seu momento "bad ass"

Depois de escapar das mãos de Mark, Nhadra revela sua ligação com D. Gibbons, que vai buscar asilo em sua casa, após seu ataque contra Mark e Demetri no episódio 2. Mas ainda não ficou clara qual exatamente é a relação de ambos.

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Mais um refugo de 24 horas
Desta vez o primeiro grande vilão de Jack Bauer

É neste momento que vemos com mais destaque o quadro de pistas que ela mantém por lá, cheio de fotos que remetem a várias das investigações já feitas por Mark, e outras que nem sequer aparecem naquele que o agente mantém em seu escritório na sede do FBI. O que pode indicar tanto que ela sabe bem quem são os responsáveis, e por isto a quantidade maior de pistas, ou que ela mesma está conduzindo sua própria investigação. Se for a última hipótese, isto tornaria D. Gibbons outro personagem que pode não ter relação direta com o apagão? Seriam os dois só pessoas muito curiosas? Hmmm... Difícil de acreditar.

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Desvende-o se puder
(clique em cima para uma versão maior)

Mas, ele é um dos suspeitos de construir as "torres" em Ganwar, que por sua vez é uma criação de Simon, que as chamou de "pós-laser para um incinerador de plasma", cuja função seria acelerar a taxa de transmissão de sinais de rádio. É daí que surge a informação mais intrigante do episódio: o conceito foi imaginado por ele em 1992, mas as fotos das torres foram tiradas por um satélite em 1991. Encarei isto como uma leve sugestão de que pode haver viagens no tempo envolvidas na trama. Ou, quem sabe, o uso de conceitos como o Inconsciente Coletivo de Carl Gustav Jung, ou mesmo os Campos Mórficos, imaginados por Rupert Sheldrake, pra explicar mais este mistério de Flashforward. Mas, o jeito é esperar pra ver até que ponto os roteiristas da série estão dispostos a se embrenhar em pseudo-ciência avançada. De qualquer forma, tudo está ficando muito interessante.

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Tá mais pra um pé de galinha gigante. =P

Por fim, Lloyd, prestes a ir embora com Dylan do hospital, depois de uma estadia por lá que parecia não terminar nunca, acaba sendo seqüestrado por dois homens disfarçados de enfermeiros, jogando algumas perguntas em nossas cabeças: Quem foi o mandante do seqüestro? Seria a organização dos 6 anéis? Os chineses? Um 3º grupo ainda não identificado? E qual o objetivo?

Com o seqüestro, o futuro de Olívia se define um pouco mais, já que Dylan é deixado pra trás em seus braços, tornando aquele provavelmente o momento exato em que o garoto passará a viver com os Benford.

Cheio de expectativas, é assim que os realizadores de Flashforward me deixam com o final deste episódio, que também marca o término da primeira fase da série, que só voltará com novos episódios em 2010, sem data de reestréia definida. Ficarei na torcida para que não demore tanto, pois trata-se de uma série que vem crescendo e se desenvolvendo cada vez mais. Vale a pena conferir onde tantas conspirações e mistérios nos conduzirão.

sábado, 5 de dezembro de 2009

[CRÍTICAS] Atividade Paranormal e Zumbilândia

Atividade Paranormal
(Paranormal Activity, 2007)

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Mais um filhote de A Bruxa de Blair (famoso longa de 1999 que até hoje não assisti, mas sei do que se trata), Atividade Paranormal é um filme de baixo orçamento dirigido pelo até então desconhecido Oren Peli, baseado em suas próprias experiências com barulhos estranhos e inexplicáveis em sua nova casa, que virou um fenômeno de público e crítica nos últimos dois anos, chegando só agora aqui no Brasil, graças ao seu lançamento oficial por um estúdio de grande porte (e apadrinhado por Steven Spielberg).

A premissa é simples: um casal, que acabou de se mudar pra sua nova casa, começa a ouvir barulhos estranhos à noite. O rapaz, intrigado, compra uma câmera, e começa a registrar seu dia-a-dia com a namorada, esperando que durante as filmagens consiga captar alguns dos fenômenos estranhos. Durante o dia nada acontece. Mas à noite, quando o casal vai dormir, e a câmera continua ligada... Bem...

Todo o filme se sustenta na atuação do casal de atores, que soam razoavelmente convincentes. Mas o que contribui mesmo para dar mais veracidade à história, e um tom "documental" ao longa, são as cenas em que vemos os personagens em situações cotidianas sem grande importância pra trama principal. Uma hora a garota é filmada escovando os dentes, enquanto o namorado brinca com ela atrás da câmera; em outra ela flagra o namorado fazendo musculação, o que o deixa bem sem graça; mais adiante, quando os ânimos estão um pouco mais exaltados entre eles, a câmera é largada sobre o sofá da sala, e ouvimos os dois discutindo antes de saírem a noite. São estes e outros pequenos episódios da vida particular de ambos que ajudam o espectador a se sentir mais próximo dos protagonistas.

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As tais "atividades paranormais" ganham maior presença e peso na história quando a garota resolve pedir conselhos a um suposto "psíquico" especialista em fantasmas. O personagem aparece apenas duas vezes no filme, mas torna-se fundamental para que o casal e o espectador passe a encarar com maior seriedade o que está acontecendo com eles, e a boa atuação do ator que o interpreta mostra-se essencial para conseguir este efeito.

O clima que o diretor constrói gradualmente ao longo do filme é de uma tensão que vai crescendo aos poucos. Muitas vezes o espectador pode se pegar esperando levar um susto a qualquer instante. Mas infelizmente, lá pelo meio do filme, quando constatamos que todos os possíveis sustos ocorrem somente quando o casal vai dormir, a história torna-se um tanto previsível.

O grande problema de Atividade Paranormal é que há um visível esforço de aumentar as expectativas de quem assiste, criando a impressão de que a qualquer instante algo muito ruim e inesperado pode acontecer com aqueles personagens. Seja pelo crescente medo da garota; o número cada vez maior de provocações do rapaz dirigidas contra a suposta entidade que os assombra; ou o aumento gradativo da variedade de manifestações (primeiro são apenas barulhos, depois objetos se movendo, pegadas deixadas num talco espalhado no chão...). Mas, as expectativas não são satisfeitas na mesma proporção com que foram criadas.

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Outro ponto fraco é a antecipação que o diretor cria nas seqüências que supostamente deveriam surpreender o espectador. Há uma mudança súbita no som ambiente toda vez que um novo fenômeno irá ocorrer, indo do chiado constante para um som limpo o bastante pra conseguirmos captar os ruídos, passos e sussurros, de modos que lá pelo meio do filme já dá pra adivinhar quando um novo barulho, ou um novo evento estranho irá ocorrer.

Há boas idéias, como a de acelerar a velocidade das filmagens para mostrar a passagem do tempo entre uma ocorrência sobrenatural e outra, ao invés de simplesmente fazer cortes secos, o que torna a cena da garota que fica de pé durante horas olhando pro namorado, e a outra em que ela fica agachada se balançando pra frente e pra trás, mais bizarras e intrigantes. Destaque também para aquela em que a câmera fica ligada enquanto o casal não está em casa, e registra uma das manifestações mais impressionantes.

Mas a melhor cena, a minha favorita, e a única que conseguiu mesmo dar um bocado de medo, é aquela em que a presença da entidade se torna mais explícita, quando a garota é arrastada pra fora da cama corredor adentro. Infelizmente são poucos os momentos realmente apavorantes como este.

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Não sei se foi o jeito que o assisti (foi num final de tarde, ainda anoitecia, cortinas fechadas, semi-escuridão), mas Atividade Paranormal ficou bem aquém do que eu esperava. O espanhol [REC], de 2007, foi bem mais eficiente em me botar com o coração na boca, e sempre na defensiva (fiquei boa parte do filme com os braços ou as mãos cruzadas na frente do corpo). Senti falta disto.

Em compensação...


Zumbilândia
(Zombieland, 2009)

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Não sei se esta foi a intenção dos realizadores do filme, mas dá perfeitamente pra encarar Zumbilândia como uma resposta americana ao "terrir" britânico Todo Mundo Quase Morto. O fato é que ele consegue ser tão divertido quanto seu antecessor, ou talvez até mais eficiente que ele como entretenimento.

Zumbilândia de cara mostra o tom que pretende seguir com a ótima introdução em que são apresentadas as regras básicas de como sobreviver num mundo dominado por zumbis, seguida dos créditos iniciais, que são ilustrados por várias seqüências de ataques zumbis em câmera ultra-lenta acompanhadas por um heavy metal (o que me fez pensar se ela não seria uma zueira um tanto sutil em cima da abertura de Anticristo, de Lars Von Trier).

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Outra ótima sacada é a narração feita por Jesse Eisenberg, cheia de comentários espertos e bem humorados sobre o que aconteceu com o mundo antes, durante e depois da infestação de zumbis. Ele interpreta Columbus, um nerd paranóico por segurança, com praticamente zero por cento de vida social, que ficava enfurnado o dia inteiro em casa jogando World of Warcraft, até o dia em que sua vizinha gostosa bate na porta de seu apê em busca de ajuda. Ele, claro, atende, achando que finalmente se daria bem. A garota diz que foi atacada por um zumbi, pede pra passar a noite na casa dele, e poucas horas depois transforma-se numa morta-viva. Foi com ela seu primeiro contato com a nova praga que assolava o mundo.

Woody Harrelson é o outro grande destaque do elenco, fazendo o papel de Tallahassee, um valentão acaipirado que descobriu sua verdadeira vocação neste novo mundo que formou-se: matar zumbis.

Completam o quarteto de personagens principais Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin, a Miss Sunshine), duas irmãs especialistas em aplicar golpes, uma usando seu sex appeal, e a outra seu jeitinho cute e ar de inocência, que passam boa parte do filme roubando os carros e armas que a dupla formada por Columbus e Tallahassee conseguem encontrar pelas estradas.

Cada um tem um objetivo diferente: Columbus quer voltar pra cidade onde seus pais vivem, na esperança de encontrá-los vivos após a infestação zumbi; Wichita e Little Rock planejam chegar a um parque de diversões que, segundo boatos, permanece livre da praga; e Tallahassee... bom, ele só está atrás do último bolinho recheado da face Terra (sério!).

Verdade seja dita, o lance dos zumbis dominando o mundo fica em segundo plano durante a maior parte do filme. Zumbilândia está mais para um road movie no estilo Pequena Miss Sunshine, do que pra Madrugada dos Mortos, ou mesmo Todo Mundo Quase Morto. Não é com surpresa que logo vemos os personagens encontrando um meio termo e se unindo, tornando-se um dos temas preferidos dos americanos: a família disfuncional, que eles acabam formando em certa altura da história.

O melhor de Zumbilândia é a forma bem humorada e cuidadosa com que os relacionamentos entre os personagens são construídos. A amizade que surge entre dois tipos tão diferentes como o Columbus e Tallahassee é muito bacana de se ver. A interação dos dois rende diversos momentos de humor inspirados. As tiradas que surgem de suas conversas são ótimas, assim como a implicância de um com o outro.

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Columbus é um dos nerds loosers mais cools já criados! Seu jeito nervoso e verborrágico de falar é bem engraçado, e Jesse Eisenberg o interpreta excepcionalmente bem. É o tipo de papel feito especialmente para o ator, que já se tornou um dos meus favoritos.

Outro que parece ter se divertido à beça é Woody Harrelson, quebrando tudo e detonando zumbis o filme inteiro. É dele algumas das melhores falas de Zumbilândia. Não é a toa que ele mal terminou as filmagens e já disse que topava fazer uma continuação.

Na verdade o todo elenco de Zumbilândia parece ter gostado muito da experiência de fazê-lo, pois todos parecem bem a vontade em seus papéis, e os personagens são legais demais a ponto de nem ligarmos pro fato de que boa parte do filme se passa sem a presença de um único zumbi em cena. As criaturas são meras ameaças que vez ou outra se intrometem no caminho do quarteto, só pra lembrá-los de que aquele mundo não é só brincadeira.

O único ponto negativo que encontrei em Zumbilândia foi o fato de exploraram muito pouco a passagem dos personagens pela Hollywood assolada pelos zumbis. Um pouco mais de rostos famosos por lá tornaria a situação ainda mais engraçada. Mas a participação especial que conseguiram pra esta parte da história acabou compensando todo o resto. Não vou revelar de quem se trata pra não estragar a melhor surpresa do filme, mas posso dizer é uma das escolhas mais felizes que poderiam fazer.

Com personagens bem construídos e desenvolvidos, ótimos insights de humor, um diretor competente, e produção caprichada, Zumbilândia conquista o espectador tornando-se mais um daqueles filmes, a cada dia mais raros, que assistimos com um sorriso satisfeito no rosto, por estar adorando muito tudo aquilo. É mesmo uma pena que não tornou-se uma série de TV, conforme os planos originais dos criadores. Com os personagens carismáticos que conseguiram criar, daria pra contarem muitas histórias numa boa. Mas a continuação já foi anunciada. E quem sabe um dia ele não faça o caminho inverso?

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Meio que parafraseando Pablo Villaça em sua crítica a 2012, se no final da história formou-se uma família, fez-se novas amizades, e um novo amor foi descoberto, valeu a pena o resto do mundo ser dominado por mortos-vivos. Por essas e outras, Zumbilândia é MUITO FODA! Assistam o quanto antes! Não vão se arrepender!

sábado, 28 de novembro de 2009

As Árvores da Memória - Capítulo 9: "Casa na Árvore"

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Perdeu os primeiros capítulos deste conto? Então clique nos links abaixo para atualizar-se:


Não havia nenhuma boca disponível pra saciar Paula. Diante da Árvore dos Beijos, ela teria que se contentar com lembranças. Necessitava de outro. Precisava sentir o toque íntimo de alguém em seus lábios. Por isto logo estendeu a mão. Quando estava a milímetros de tocar outra folha, os degraus piscaram...

- Que história é esta agora?! Deu pau nessas coisas?

Procurou não dar importância pro fato, e voltou sua atenção para a folha. Daí começaram os sons de teclas de piano, vindos também dos degraus.

- Tá bem, tá bem! Já entendi! - eles piscavam numa seqüência que saía de seus pés e ia até a próxima árvore - Vou fazer o que vocês querem, ok? Pelo jeito vocês entendem mais de onde estou, e pra onde preciso ir, do que eu... (céus, como você conseguiu chegar a uma conclusão tão óbvia, Paula? tô impressionada...)

Caminhou meio emburrada até a próxima árvore. "Hunf! Tanto faz. Não seria de verdade mesmo. Só uma lembrança de algo que já se foi." Diante dela lançou um olhar meio desleixado, distraído... "Mas foi tão real! Foi como se eu estivesse lá! Não tem diferença nenhuma! Hmm?! O que tá escrito ali?"

AMORES

- É, parece que no final das contas foi uma boa idéia seguir vocês - disse Paula ao degrau onde pisava, exibia um sorriso satisfeito no rosto - Vamos ver o que você tem, minha querida - empunhou o degrau solto que ainda carregava consigo e...

CRÁSSSS!!!!

Mais chuva de cacos, mais degraus brotando do ar, mais novos passos dados rumo a velhas recordações.

A primeira folha que viu dizia: CASA NA ÁRVORE

Não precisou tocá-la pra sentir um arrepio quente que percorreu seu corpo da cabeça aos pés. Por impulso levou seu punho até a curva entre os seios. O gesto durou uns poucos segundos, e Paula nem deu importância pra ele. Mas algo dizia que era aquela, e seus dedos curiosos foram até ela. Tocou-a e leu novamente a frase.

Sentiu-se levada por um vento doce e suave. Havia algo diferente naquela nova incursão de sua consciência. Como se o caminho até aquela lembrança fosse feito de uma pavimentação especial. Pareceu demorar-se mais naquela viagem, ao contrário das outras, que se deram de maneira súbita.

Quando finalmente chegou estava concentrada, debruçada numa folha de papel, onde desenhava um jardim muito colorido com giz de cera. Podia ver outros espalhados na mesa. Por ali passava uma brisa. Som de folhas se tocando. Sentia uma grama macia sob a sola dos pés descalços. Era um dia ensolarada, mas não quente. Era um bom dia para...

- Olha! - um borrão multicolorido invadiu seu campo de visão.
- Aaaai!! - seu coração disparou. Olhou pro lado, e viu um menino, segurando uma folha de papel com um desenho pro qual não deu tanta atenção quanto para o rosto de quem a segurava - Vai dar susto na sua avó, Felipe! - ele devia ter uns oito anos.
- Hahahaha! Você é medrosa demais!
- Medrosa nada, seu bobão! Eu tava desenhando! Não tava esperando que você aparecesse!
- Tá desenhando o quê? - e espichou o pescoço na direção da folha sobre a mesa.

Paula pulou sobre o desenho, como se ele fosse uma bomba prestes a explodir, e ela uma heróina tentando impedir que a onda de choque da explosão se espalhasse.

- Não olha! Não gosto que ninguém olhe meus desenhos antes de terminar!
- Ah, que besteira!
- Besteira nada, tá?
- Tá bom. Olha os meus então! Aqui ó! - e estendeu as folhas para Paula.

Antes de pegá-las virou pra baixo a folha com o seu desenho sobre a mesa. Não tinha reparado antes, mas agora podia notar que eram mãos de criança as que pegavam as folhas de Felipe. Pelo tamanho era da mesma idade que o menino.

Olhou com curiosidade para o primeiro desenho:

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- Que casa estranha...
- É uma casa na árvore.
- Casa na árvore? - olhou um tanto descrente para Felipe.
- Aham! Tive a idéia ontem, e desenhei. Esse é só o primeiro. Tem mais nas outras folhas! Olha!

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- Essa é a parte de trás dela.
- Que janela grande! - disse Paula, franzindo a testa com um ar de séria. Passou pra folha seguinte.

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- Essa aí é ela de lado.
- E que escada é essa que vai pro teto?
- Ah, é pra gente subir e tomar sol. Passa pra próxima pra você ver o teto!

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- Nossa..! É um teto solar?
- Aham! - e o sorriso de Felipe ia de orelha a orelha - Legal, né?
- É sim! - e passou pra folha seguinte.

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- O que é isto?!
- É ela vista de baixo!
- Puxa, Felipe! Você desenhou ela de todos os lados!
- Claro que sim! Eu pensei em tudo!
- E esse pontinho cinza aqui é o quê?
- Ué, pensei que você já tinha descoberto. É um daqueles canos de metal que os bombeiros usam pra descer lá de cima, onde eles ficam quando não tem nada pegando fogo, até os caminhões. A gente sobe pela escada e desce por ele!
- Ah tá! Legal! Deve ser divertido fazer isto!
- É sim! Por isto que vai ter! Olha a próxima! Olha a próxima!
- Espera! - e passou a folha pra trás.

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- Essa é a sala de visitas e de jogos.
- Mas só tem uma mesinha no meio... Cadê os jogos?
- Isso aí é um tabuleiro de damas! E os outros jogos depois eu desenho.
- Então tá! - próxima folha.

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- Essa aí é a janelona da parte de trás, só que do lado de dentro.
- E que negócio é esse no chão?
- É uma passagem secreta. Daqui a pouco você descobre pra onde vai.
- Certo.

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- O que é isto?
- Os cofres onde eu vou guardar meu dinheiro!
- Ah, até parece que você vai precisar desse tanto de cofre!
- Vou sim! Eu vou ganhar muito dinheiro quando for grande!
- Ah é? E vai ganhar como?
- Com a minha fábrica de brinquedos! Eu vou fazer um montão de brinquedos, e a minha casa vai ser cheia deles! E com o dinheiro que eu ganhar eu vou comprar mais um monte de revistinhas e doces.
- Sei, sei... Deixa eu ver a próxima.

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- E isto aqui, o que é?
- É pra guardar o montão de doces que vou comprar.
- Você vai é ficar cheio de bichinhos nos dentes.
- Não vou não! Eu escovo eles toda vez que eu como.
- Então você vai ficar gordo que nem o Fábio, de tanto comer doce!
- É só eu correr bastante que eu não fico!
- Então tá, né... - e foi adiante.

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- E aqui?
- É o quarto de visitas.
- Nossa, que casa na árvore grande essa!
- E você ainda nem viu meu quarto! - era notável a empolgação na voz de Felipe.

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- Esse aí é um pedaço dele.
- Essa mesinha com as cadeiras é pra quê?
- Pra eu sentar com meus amigos pra gente fazer desenhos e ler revistinhas.
- E isso aqui do lado é um guarda-roupa?
- Aham!
- E o que é isto dentro da porta?!
- É um banheiro!
- Ah, Felipe! Onde já se viu banheiro dentro do guarda-roupa?
- Ué, o meu vai ser! Já morei numa casa assim! Era bem legal!
- Que coisa mais esquisita!
- É nada, você que é boba!
- Não sou não! Bobo é você!
- Tá, pára de falar e continua olhando.
- Eu paro quando EU quiser, tá?
- Tá bem.
- Hunf..!
- Já parou?
- Já...

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- E isso aqui?
- É a estante onde eu vou guardar minhas revistinhas. Quando eu for grande vou ter um punhado delas!
- Você só sabe falar dessas revistinhas suas.
- É porque elas são muito legais! E tem uns desenhos fera!
- Hmmm...

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- E que lugar é esse?
- Meu laboratório.
- Laboratório, Felipe?! Pra quê?!
- Pra estudar insetos, ué!
- E pra que você vai estudar insetos?! Eles são nojentos! Menos a joaninha.
- São nada! Eles são legais. Teve uma vez que eu joguei um monte de açúcar dentro de um potinho e fiquei esperando até um mosquito entrar. Daí eu fechei correndo com a tampa e fiquei olhando ele lá dentro. Foi divertido!
- Não foi não! Tadinho do mosquito!
- Tadinho nada! Se eu fosse um mosquito eu ia adorar ficar preso num lugar com um montão de açúcar. E ele ficava toda hora lambendo as pedrinhas de açúcar.
- Mas ele fica sem ar lá dentro! Ele morre!
- É por isto que eu fiz uns furinhos na tampa.
- Ah tá! Então não tem problema.
- Viu só? Eu penso em tudo!

Paula não deu nem bola pro orgulho de Felipe e passou pra próxima folha:

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- Que lugar mais maluco!
- É a parede do meu quarto onde eu vou desenhar tudo que eu quiser. Vai ficar bem fera!
- Eu achei muito esquisita. E o que é isto debaixo da cama?!
- Olha a próxima folha que você vai descobrir.

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- Hã?! Isso aqui é um porão?
- Isso mesmo! - e novamente surgiu aquele sorrisão satisfeito.
- Mas Felipe! Onde já se viu casa na árvore com porão?
- Que que tem? A minha vai ter, ué! Ela vai ser a melhor casa na árvore de todas! Um dia a gente vai se casar, e eu vou construir essa casa, e a gente vai morar nela pra sempre!
- Hahaha! Seu bobo! Quem disse que a gente vai se casar?
- Eu, ué!
- E se eu não quiser?
- Você vai querer sim, porque eu sou o menino mais legal do bairro.
- É, isso você é mesmo.
- Viu? E você é a menina mais legal que eu conheço.
- Sou é?
- Aham.
- Hmmm... E esse porão com essa mesa e um monte de cadeiras, vai servir pra quê?
- Pras reuniões do meu clubinho de amigos.
- Mas precisa ser debaixo da sua cama?
- É, porque tem que ser num lugar secreto.
- Por quê?
- Porque a gente não quer que ninguém descubra onde a gente faz reunião.
- Sei... Mas... Espera aí! Se a gente vai se casar, e a casa vai ser nossa, a gente não vai dormir no mesmo quarto, que nem a minha mãe e o meu pai?
- Vai sim.
- Então pra que você vai ter um quarto só pra você?
- Pra guardar meus brinquedos e minhas revistinhas, ué! Se você quiser pode ter um só seu também.
- Hmmm... Vou pensar.
- Agora dá aqui que eu vou fazer o desenho do nosso quarto! - e tomou de sopetão as folhas das mãos de Paula - Só tá faltando ele. Vou desenhar nós dois juntos na janela. - fez uma pausa enquanto botava as folhas em ordem. Depois deu uma olhada rápida para Paula, e logo em seguida pra mesa onde estava - E deixa eu ver esse desenho seu!

Felipe arrancou a folha da mesa e saiu correndo.

- Devolve, Felipe!

Paula levantou num pulo e correu atrás dele pelo jardim afora, sem nem se tocar que ainda estava descalça.

- Devolve aqui, seu chato! Não é pra ver ainda! Você é um chato, tá me ouvindo? Não é o menino mais legal do bairro coisa nenhuma! O Fábio é mais legal que você!
- É nada! - gritou ele lá do poste de luz - O Fábio é um catarrento!
- Vou contar pra sua mãe que você tá falando nome feio!
- E ele também tem um buzanfão desse tamanhão! E deve sair um cocozão enorme de...!
- Ai, que nojo! Boca suja! Vou lavar sua boca com sabão!
- Vai ter que me pegar pri-mei-roooo!! Hahaha! - e balançava a folha com o desenho de Paula no ar.
- Me devolve, Felipe! - gritava Paula de olhos fechados e batendo um pé no chão.
- Vem pegar!
- Aaaaaaah!!! - e disparou até ele, que saiu correndo, mas não tanto quanto Paula.

BUMP! fez Paula quando pulou em cima de Felipe. Folhas voaram pra todos os lados. Felipe não parava de rir, mesmo com Paula caída em cima dele.

- Tá rindo do que, seu bobo?!!
- Hahaha! De você! Tá vermelhinha!
- Eu... - e olhou praquele menino dono de um sorriso com dentes pequenos, espertos olhos castanhos, o cabelo cheio e liso, quase loiro, espalhado sobre a grama - Tô vermelha de raiva de você!
- Tá vermelha de ver-go-nha! Hahaha! - e a barriga dele subia e descia com a risada.
- Bobo! - deu um tapa, bem de leve, na bochecha dele - Não tô achando graça nenhuma!
- Hahaha! Ficou mais vermelha agora! Aqui ó! - e tocou com os indicadores as bochechas de Paula - Bem aqui!
- Bobão! - empurrou as mãos de Felipe pra longe do seu rosto, saiu engatinhando de cima dele - Peguei! - e levantou-se com ar de vitoriosa, erguendo a folha de papel com seu desenho.
- Eu nem ia olhar, sua boba! Tava só brincando! - dizia o garoto enquanto se erguia do chão.
- Hunf!
- A gente continua amigo, né? - perguntou Felipe, enquanto espanava com as mãos os pedacinhos de grama e terra de sua roupa.
- Não sei!
- Ah, pára! Você sabe que eu sou o menino mais legal do bairro!
- Não é não!
- E você é a menina mais bonita do bairro!

E Paula olhou surpresa pra Felipe, as sobrancelhas bastante erguidas, sem dizer uma palavra. E Felipe olhou pra Paula com o sorriso que ficaria gravado em sua memória mais do que qualquer outra lembrança que tinha dele. Foi a primeira vez que Paula o achou lindo. Na verdade ela sempre achou Felipe bonito, mas não lindo, não do jeito que ela via agora, um jeito especial.

- E a gente vai se casar!

CONTINUA...