quarta-feira, 30 de setembro de 2009

[CONTO] As Árvores da Memória - Capítulo 8: "Beijos"

Photobucket
Kiss de Rashomon707


Perdeu os primeiros capítulos deste conto? Então clique nos links abaixo para atualizar-se:


A pergunta logo dissolveu-se no ar como vapor d'água saindo de bico de chaleira. O motivo: degraus piscando em sua visão periférica. Voltou-se para eles, que continuavam acendendo e apagando como luzes natalinas. "O que significa isto agora?" Em seguida ouviu o barulho de galhos se retorcendo, e folhas farfalhando. Pareciam empurrados pelo vento numa só direção, para adiante, e para cima, exceto pelo fato de que não sentia nem a mais leve brisa passar por ali. "Ela quer que eu prossiga?"

Paula, naturalmente curiosa diante daquele inesperado tom imperativo, resolveu seguir a ordem da árvore e dos degraus. Andou pouco, na verdade até a árvore seguinte, em cuja placa do cubo de vidro que a envolvia estava escrito BEIJOS. Quebrou-o maquinalmente, avançou dois passos, e sem analisar muito as folhas à frente, arrancou uma. Desta vez, antes de ler a frase da frente, olhou o verso:

10 de outubro, com 15 anos, 3 semanas, 1 dia, 6 horas, 47 minutos, 12 segundos

Virou-a uma vez mais, e leu "Primeiro beijo roubado."

Estava nua. De pé. Seu quarto em semi-escuridão, iluminado apenas pelo abajur no canto ao lado da porta. Ainda sentia seu sexo úmido e quente. Ainda estava muito viva em sua memória a loucura que acabara de fazer.

Esperou todos dormirem, ou seja, seus pais, e sua irmã caçula. Cobriu-se da cabeça aos pés com o lençol. Era primavera, mas fazia uma noite quente. O ventilador ligado não ajudava muito. Resolveu tirar toda a roupa por debaixo do lençol, fez um embrulho com ela, achatou-o e enfiou debaixo do travesseiro. Deu uma sensação gostosa nela, de leveza e... O tecido fino, tocando de leve sua pele... Ondulando sobre seu corpo com a ajuda do vento que vinha do ventilador... Arrepiou-se toda, depois sentiu um calor em seu ventre, um calor que vinha dela, de dentro dela, e não de fora. Lembrou daquelas meninas chatas e implicantes da escola, que ficavam toda hora enchendo a cabeça dela com uma pergunta incômoda. "Você já se tocou?" E elas não se contentavam em apenas dizer, faziam questão de mostrar como, enfiando a mão por dentro da calça, se contorcendo e gemendo.

Sim, ela já havia se tocado, algumas vezes enquanto tomava banho. Era gostoso, mas geralmente não demorava tanto tempo. Mas fazer aquilo a incomodava, porque sentia que estava se tornando como aquelas meninas da escola, mesmo que só por alguns minutos. E Paula achava que elas pareciam todas muito... Ela diria putas hoje, mas naquela época não lhe ocorreu nenhuma palavra que as definisse tão bem.

E naquela noite, de madrugada, debaixo do lençol, a vontade de tocar-se era maior do que em toda as vezes anteriores. E foi o que ela fez, e continuou fazendo isto por muito tempo, até seu corpo tremer, e gotículas de suor brotarem de cada poro, ensopando o lençol, o colchão, e fazendo seu sexo ficar muito úmido... E então... Então veio a verdadeira loucura...

Sua excitação era tamanha que já não sabia mais o que fazer. Continuar naquela espécie de dança estranha com suas mãos não fazia sentido. Ela precisava extravasar aquele desejo todo de outra forma, e por isto, num impulso, jogou o lençol para o lado, levantou-se num pulo, e ficou de pé, descalça e nua sobre o piso frio de ardósia, ofegante, olhando sua irmã, que dormia tranqüilamente na cama ao lado da sua. Na verdade não era bem pra sua irmã que ela olhava, mas para um ponto em especial dela: sua boca. Seus lábios carnudos entreabertos, inspirando e expirando, inspirando e expirando...

Trêmula de ansiedade, medo, desespero, desejo, Paula lambeu seus lábios, agachou-se lentamente ao lado da cama da irmã, mirou aqueles olhos fechados e pacíficos, mergulhados num sono profundo, voltou a olhar aquela boca que parecia convidá-la, e logo depois não viu mais nada. Só sentiu sua boca tocando a da irmã de um jeito totalmente desajeitado, fez menção de abrir e fechar seus lábios e... Não passou disto. Logo em seguida recuou.

Estava confusa agora. Foi uma sensação estranha. Pareceu que tinha beijado uma Geleinha, tamanha era a flacidez daqueles lábios.

E foi assim que Paula descobriu quão brochante era um beijo não correspondido...

Largou a folha branca. Estava novamente diante da árvore de memórias.

"Tem horas que não dá pra acreditar nas coisas que eu já fiz..." Estava excitada. Não demorou muito até pegar outra folha onde leu "Beijo atrapalhado."

Acabara de chegar na casa da tia. Era véspera da reveillon. Os parentes ainda estavam chegando pra festa da virada. Beijo na bochecha de um, beijo na bochecha de outro. Chegou a vez dos filhos adotivos de uma prima de sua mãe.

Sabe, aquele negócio de beijo pra lá, beijo pra cá, pode mesmo atordoar uma pessoa que não está acostumada com esse tipo de coisa todos os dias, de modos que Paula, quando abaixou-se na direção do rosto de um dos meninos, cometeu um erro de cálculo na hora de decidir em qual direção virar sua cabeça e então... Seus lábios se tocaram, suas bochechas ficaram coradas segundos depois, um sorriso nervoso e constrangido abriu-se em sua boca recém-tocada, e tudo que ela conseguia pensar naquela hora era "Não sou mais BV! Não sou mais BV! Que jeito ridículo de deixar de ser!! E eu provavelmente DESVIRGINEI A BOCA DESSE PIRRALHO TAMBÉM!!!"

Paula largou a folha quando desatou a rir de si mesma. Olhando praquele dia agora, tudo parecia ainda mais cômico.

E embalada por aquele divertimento, arrancou outra folha de um jeito meio desleixado, e leu "O primeiro beijo (oficial)."

Estava sentada na cama, sentia um friozinho na barriga, mãos e pés tremendo. Na verdade ela inteira parecia tremer. Sempre fora muito ansiosa, mas aquele com certeza era seu recorde de ansiedade. Já devia fazer quase uma hora desde que começaram a conversa. Agora finalmente havia chegado aquele momento em que ambos não sabiam mais o que dizer ao outro, e tudo que restava era pensar num jeito de preencher aquele silêncio. "Vai, diz! Diz logo, sua idiota!", dizia sua consciência, e ela disse:

- Ro...
- Hm?!
- Me beija!

E dali em diante o mundo inteiro pareceu desacelerar. Sentiu a mão dele afundar no colchão, amassar o lençol enquanto inclinava-se pra ela. Sentiu os dedos de sua mão direita tocando de leve sua bochecha, e os da esquerda mergulhando em seus cabelos. Fechou os olhos pra sentir tudo ainda mais forte, e logo depois sentiu lábios pousando nos seus, caminhando pacientemente sobre eles, acariciando-os, como que medindo cada sulco de cada dobrinha que eles faziam. E quando pareceram satisfeitos, algo úmido entrou leeentamente por sua boca entreaberta, umedecendo-a ainda mais, deslizando sobre ela, e depois dentro, como um patinador dançando no gelo, em movimentos suaves, amplos. Aos poucos foi ousando penetrar mais alguns milímetros, até tocar-lhe o ponto de encontro entre a boca e a gengiva, o que a fez sentir um calor percorrer-lhe a espinha de cima a baixo, concentrando-se no ventre, e descendo aos poucos até seu sexo. Aquela boca parecia beijar-lhe toda. E era uma sensação tão deliciosa, que ela preferia que durasse uma noite inteira, para que não esquecesse daquilo nunca. Mas tudo durou não mais que 2 minutos, 2 inesquecíveis minutos. Foi pouco comparado aos beijos longos que trocaria com Rogério depois daqueles. Beijos que muitas vezes chegavam a quase 10 minutos, tamanha era sua fome pela boca dele.

Ele a ensinou a beijar, e ela não se cansava de tentar aperfeiçoar a técnica.

Largou a folha. Estava sedenta. "O que eu não daria por uma boca agora..."


CONTINUA...

[TOP 10] Frases que marcaram os videogames

Como vocês já devem ter sentido em seus coraçõezinhos, eu tenho sérios problemas para com a indústria de games e mais precisamente os caminhos que ela tomou. E quando digo indústria eu não me refiro a um bando de engravatados imbecis numa sala com ar condicionado bolando como dominar o mundo e tocando os dedos como o Sr. Burns enquanto dizem "... excelente". Não, na boa esse tipo de papinho é coisa de comunista e eu sinceramente espero que todos eles tenham prisão de ventre até suas tripas explodirem de merda.

Quem cagou os videogames foi essa geração retardada de hoje quer apenas mais e mais sequencias produzidas em linha de montagem com fases variando apenas devido a um código gerador aleatório escrito em java. Não com pouca surpresa eu li, ninguém me contou, na comunidade do XBOX360 no orkut que a molecada prefere que o jogo tenha gráficos impressionantes do que ele seja divertido. É sério isso. Eu não to inventando nisso em um dos meus poderosos arroubos de masculinidade rústica, realmente aconteceu e meninos eu vi.

Aí tu começa a entender porque as produtoras não vão torrar seu rico dinheirinho (fazer um game hoje é tão ou mais caro que produzir um filme) em algo que já não esteja em um número de continuação que antigamente apenas os filmes adultos ousavam sonhar (como os clássicos "Elas gostam é de sentar parte XXVI" ou "Professora Thammy ensina a fazer sexo em pé vol. 57").

Mas sabe, nem sempre foi assim.
Não senhor, nem sempre. Houve uma época de inocência em que o objetivo dos jogos era apenas ser divertido, quem diria, e este TOP 10 é sobre isso: as 10 frases que marcaram os videogames (e as nossas vidas, pq eu não estou nem considerando o fato de tu ser o tipinho tosco que preferia sair na rua e fazer amigos) para sempre

10. "Die monster, you don't belong in this world!"
- Richter Belmont, Castlevania: Symphony of the Night (Playstation, 1997)

Na época em que falas nos jogos ainda começavam a se popularizar, os jogadores ficavam tão impressionados com esse recurso quanto as produtoras tinham dificuldades em acertar a mão na coisa ainda. Eu não sei exatamente o que se passava, acho que talvez seja a falta de familiaridade dos americanos com dublagem, não sei bem.

O que eu sei é que então que parece uma fala saída de um livro da Sabrinna ou Bianca interpretada por um heroi canastrão dos anos 50. Sério, o texto é realmente constrangedor e a dublagem consegue fazer o Dado Dollabella parecer um puta ator.

O resultado? EPIC WIN, é claro!

9. Snake? What's happen? SNAKE?? SNAAAAAAAAAKEEEE!!!??
- Major Tom, Metal Gear Solid (Playstation, 1998)

Hideo Kojima é realmente uma pessoa especial. Nos idos tempos do antigo MSX (se vc não é nerd o suficiente para saber o que é nem esquente a cabeça), ele já conseguia o incrivel imprimindo um grau de profundidade e diversidade com um equipamento limitado que parece impossível mesmo nos dias de hoje. Quando o Playstation se confirmou como sucessor natural do SNES, Kojima não titubeou e lançou um dos melhores jogos de todos os tempos.

Eu levaria muito tempo para explicar porque Metal Gear Solid é tão foda assim, então vou apenas elencar alguns pontos:

A) O jogo criou um novo gênero. Sim, isso mesmo. Não haviam "jogos de espionagem" antes de MGS, antigamente o que vc faria seria entrar socando todo mundo e era isso. Não nesse jogo: vc precisa se preocupar com cameras de vigilancia, com os rastros que deixa, matar silenciosamente, ver e não ser visto. Ou seja, vc precisa ser um fucking nindjia fr0m h3ll!!!

B) A história é muito boa. E boa eu digo tipo BOA mesmo. Aparentemente simples no começo (uma organização terrorista pretende usar um tanque bípede dotado de capacidade nuclear, esse é o tal "Metal Gear") e se desdobra em formas impressionantes que envolve a guerra fria (com uma participação especial da crise de misseis de Cuba), holocausto nuclear, clonagem, ética e uma guerra civil americana entre outras coisas. Realmente impressionante

C) Os detalhes, os detalhes! Uma das marcas registradas de Hideo Kojima são os detalhes imprimidos a história. Exemplo? Vc tem um rádio comunicador que pega determinadas frequencias para falar com algumas pessoas, mas nada impede de vc ficar zapeando os canais para pegar desde transmissões locais de rádio até bater um papo com a sua equipe. Claro, se vc ficar papeando demais eles te mandam largar de ser folgado e voltar ao trabalho.
Outro exemplo? Há varias situações em que se faz necessário ser um bom atirador snipper. O problema é que em situações de estresse mirar é uma merda, treme, balança, é horrível enfim. O que vc pode fazer? Três opções:
- Apenas esperar alguns minutos parado para acalmar
- Acender um cigarrinho e dar aquela relaxada (embora a fumaça e o calor sejam um problema na vida de espião)
- Tomar Diazepam, um tranquilizante real tarja preta. Mas se tomar demais...
Compreende agora o nível de detalhe do jogo?
E entre as falas mais lembraveis, claro, está a que vc ouve quando morre. Major Tom o chama desesperadamente pelo rádio, mas ninguém responde...

8. All your base are Belong to us! - Cats, Zero Wing (Mega Drive, 1992)
Zero Wing não é exatamente um jogo muito famoso. Um space shooter (mais conhecido como "jogo de navinha") dos arcades de 1989 que posteriormente foi levado para o console da SEGA e realmente o jogo não tem nada de especial. Bem, nada exceto a sua tradução.

Por motivos que a própria Força desconhece, as poucas falas do jogo foram traduzidas em uma forma praticamente incompreensível e acabaram por se tornar, com todo o mérito, um dos maiores MEMEs da internet. O movimento de culto a esse erro começou timidamente com um pequeno grupo de usuários que colocavam a imagem da frase na assinatura. Foi crescendo e ganhando dimensão maior, até que se espalhou por fóruns em todo mundo. Vários sites passaram a vincular animações em Flash do diálogo com várias montagens de fotos de famosos.
A coisa realmente cresceu em proporções inacreditaveis e a frase virou uma referencia da cultura pop, aparecendo desde em jogos e filme e até como pergunta no programa "Who wants to be a Millionaire" (a versão original do Show do Milhão)

7. - Watch out! It's a monster!
- Let me take care of this!
-Barry Burton, reagindo como um homem de verdade deve reagir diante da presença de um zumbi: sacando um Colt 38 sem nem estranhar a situação. Resident Evil (Playstation, 1996)

Até o fim da era do Super Nintendo, videogames eram considerados uma espécie de brinquedo o que não deixava de ser verdade. Afinal, salvo raras excessões os jogos eram coloridos e mesmo os com histórias mais pesadas ainda pareciam bastante .. light.

Só que o que a Nintendo não entendeu é que quem se criou jogando videogame estava crescendo. As crianças dos anos 80 já não eram mais crianças na metade dos anos 90. Era hora de dar um passo a adiante e isso a Nintendo não entendeu. Mas a Sony sim.

Então em 1996 saiu Resident Evil e o mundo ficou com uma cara de "hã? Eles podem fazer isso? Caraivéi!"

Apenas a abertura já é suficiente para conquistar o coração de qualquer ser humano: um video FILMADO COM PESSOAS REAIS (repare que eu não utilizei a palavra atores) numa produção trashissima que faria os filmes feitos com U$3,99 no bolso anos 80 sentirem vergonha. Ao entrar na casa e começar o jogo mesmo, somos brindados com a mesma excelente dublagem canastrona de Castlevania. Somado a isso temos um perfeito estilão de "filme de zumbi" só que jogavel. Apenas épico demais! Como poderia ser melhor que isso?
Depois a série virou um jogo de ação comum, mas o primeiro Resident Evil foi o marco que separava os meninos dos adolescentes que queriam jogos com videos de cachorros empalhados sendo explodidos

6. THE CAKE IS LIE! - ???, Portal (PC, 2005)

Ah, Portal. O que falar sobre portal que a frase acima já não diga?
Quer dizer, um jogo que constrói um cenário em que a maravilhosa frase acima se torne um lema, uma filosofia de vida, como se pode elogiar MAIS um jogo desses? Apenas épico, apenas épico.

Portal é uma mistura de "O Cubo" com "O sobrevivente". Vc acorda numa cela e sabe que simplesmente esta fazendo parte de uma experiencia... ou não. Para cumprir sua missão (chegar vivo até o fim do andar), eles te dão uma arma que abre portais (ou buracos ACME, mais precisamente) e esperam que vc chegue vivo ao final do andar... ou não.

Alem do quebra-cabeça, o jogo é permeado com um humor simplesmente único. Uma voz robotizada vinda de algum lugar lhe dá instruções do que fazer... ou talvez ela quer apenas que vc tenha uma morte horrivel e dolorosa. Seja como for, ela promete que se vc sobreviver aos "jogos mortais", e não ter sua cabeça decepada por serras mortais da morte ou seu reto empalado por espinhos titanicos de adamantium terá bolo como recompensa! UAU! Bolo! Bom demais pra ser verdade né?

Pois é, acho até que bom demais para ser verdade... com efeito, vc no caminho vc encontra algumas pixações dos "participantes" anteriores dizendo que... THE CAKE IS A LIE! Ahá! Eu sabia que era bom demais pra ser verdade!

Esse é o tipo de humor de Portal, lembra muito o RPG Paranóia (o computador é seu amigo!).
Em determinada fase "a voz" lhe dá uma caixa e diz que seu objetivo é atravessar o andar sem perde-la. Durante o caminho ela te avisa "Solicitamos ao usuario que não se afeiçoe ao Cubo Companheiro e lembramos que o Cubo Companheiro é só uma caixa de metal e não consegue falar. Mas caso ele fale, pedimos que não acredite em nada do que ele disser"

Portal é realmente... único. E lembre-se:
the cake is a lie
the cake is a lie
the cake is a lie
the cake is a KILLER

5. "War. War never changes." Sobrevivente do Cofre 101, Fallout (PC, 1995)

Imagine um mundo onde alguem realmente apertou o botão vermelho durante a guerra fria. Agora imagine esse mundo 200 anos depois. Agora imagine esse mundo 200 anos depois com a tecnologia como eles imaginavam que seriam as "coisas do futuro" nos anos 50. Agora vc tem Fallout.

Fallout deve ser o jogo mais cínico, niilista e engraçado já produzido (ao lado de Portal, claro) e por isso é um dos meus favoritos. Quer dizer, qualquer mané pode fazer um mundo pós-apocaliptico só pintando tudo de cinza e botando uns brutamontes toscos dão tiros uns nos outros(sim, estou olhando pra vc, Gears of War), mas fazer um mundo assim onde as ultimas pessoas remanescente da civilização tentam agir civilizadamente e em consequencia disso são torturadas, exiladas e assassinadas (nem sempre nessa ordem), bem, precisa de algo mais

Em Fallout vc é totalmente livre para ajudar ou não as pessoas, ou até extermina-las se quiser mas a unica regra que vale é que nada de bom pode vir desse mundo. Vc pode salvar os Ghouls da Necropolis de morrerm de fome para logo em seguida, assim que vc cruzar a porta com o sorriso de bom cidadão que fez a sua parte no rosto, eles serão exterminados pelos super-mutantes. Vc pode ajudar os paladinos da justiça, a Irmanade do Aço a achar nova tecnologia nesse mundo arrasado, apenas para ve-los se tornarem uma facção facista e opressora com isso

Fallout é um mundo cruel de excelente humor negro sobre a punição da moralidade em um mundo imoral, a hipocrisia da autoridade, a animalidade e violencia da natureza humana. Um mundo onde guerras são travadas por ganancia, estupidez ou medo - mesmo depois do mundo ter sido queimado até as cinzas. E pq isso?

Ora, simplesmente pq a guerra, meu caro, bem, a guerra nunca muda.

4. "... but the princess is in another castle!" - Toad, Super Mario Bros. (1987, NES)

Nós amamos videogames, é apenas a nossa natureza, a forma como fomos criados. É parte do que somos.
Dito isso, devemos a poucas empresas mais do que devemos a Nintendo por tudo que ela fez, por ter acreditado e visto o potencial quando o Atari fracassou miseravelmente, por não ter desistido e moldado irremediavelmente parte de quem somos. A Nintendo não é, entretanto, perfeita e mesmo nas mais épicas obras do mestre Shigeru Miyamoto possuem ... falhas. Como diria o agente da Matrix "Only human".

Enquanto eu esfolei meu rabo em sardinha jogando Mario, oque acontecia era mais ou menos o seguinte:

"merda merda merda merda PULA espera espera espera PULA corre corre merda merda corre DESVIA DA BOLA DE FOGO merda merda merda haha TOMA ESSA KOOPA DO INFERNO ufa agora vou encontrar a princesa e... QUE CARALHO SALGADO É ESSE?!?"

Sei lá, talvez seja eu e minha inocencia de seis anos de idade falando, mas eu realmente esperava que a princesa estivesse no fim de cada MALDITO CASTELO. Ok, ela não estava no ultimo, quem sabe nesse então né? Quer dizer, esse jogo é tão infinitamente legal, eles não iriam fazer uma sacanagem dessas comigo frustrando uma criança de 6 anos denovo e denovo ad infinitum, balançando a possibilidade de vitória bem na frente do meu nariz só pra tirar na ultima hora e rir de mim. Eles não fariam isso comigo, certo? CERTO?

Errado.

Não me entendam mal, era divertido chegar a não-princesa mas eventualmente começou a me ocorrer que eu poderia ter bolado algo melhor e mais criativo no alto dos meus seis anos de idade. E essa sensação de que esses amarelos safados só queriam terminar logo e tomar o meu dinheiro jamais deixou de me acompanhar nos anos seguintes, embora na época eu não soubesse disso ainda

3. Bury me with my money - Simon Greedwell, Sunset Riders (SNES, 1991)

Algumas histórias precisam ser contadas, outras não.
Como no filme do Rambo por exemplo, tudo que vc precisa saber é quem são os caras maus e isso é o bastante. Sério, a situação fala por si mesma. É assim que a arte funciona. Alguns cenários são auto-suficientes.

Como esse, por exemplo: quatro amigos cavalgam ao por do Sol. Carregam consigo apenas tudo que um homem precisa carregar: sua arma. O objetivo? A recompensa. Mais alguma pergunta? Nenhuma.

Isso é Sunset Riders, um dos maiores jogos de todos os tempos. Vc é um pistoleiro do velho oeste, aparecem os bandidos, vc atira neles. No final da fase tem o chefe e ele realmente FALA uma frase estilosa pra caralho antes de começar o bang-bang. Tudo isso entremeado por perseguição a um trem montado em cavalos, mexicanos dinamiteiros, pegar putas no saloon, mais balas que Matrix, correr em cima do estouro da boiada e chefes indios malvadões (bons tempos em que o politicamente correto ainda apanhava no corredor da escola). Talvez a vida fique melhor que isso, mas eu não consigo imaginar como...

Entre algumas das perolas temos (alem da já acima citada), todas elas faladas:
- Draw, Pilgrim!
- Die, Gringo!
- Hasta la bye bye!
- You in heap big trouble!

Adios, amigo! (frase sem nenhum proposito, apenas pq espanhol é a lingua mais legal do mundo)

2. "Ele é o mestre do Patobol!" - Narrador de Rock'n Roll Racing (SNES, 1992)

Alguns jogos nascem para serem eternos. Volta e meia alguns desses jogos eternos tem a inegavel mão da Blizzard (responsavel pelo World of Warcraft entre outros) e prova absoluta de que uma boa idéia vale mais do que qualquer coisa. Rock'n Roll Racing é um desses casos e ainda HOJE é um excelente jogo.

Trata-se de um jogo de corrida com controles ótimos, uma camera única e absolutamente viciante que mesmo nos dias de hoje é gostoso jogar. Só isso já seria suficiente para ser um grande jogo.Mas eles não pararam aí, não senhor. Some a esse excelente gameplay um campeonato de corridas interplanetárias onde vc pode realmente tunar o seu carro (anos antes de disso virar modinha), inclusive com MISSEIS e MINAS TERRESTRES!

OH MY FUCKING HOLY BOLY DOLY SHIT WOW!

É um jogo de corrida que vc pode explodir seus adversários. Quer mais? Então tem mais: o modo multiplayer com tela dividida é divertidissimo sobretudo para você jogar e explodir o seu amigo tambem (sim, embora as crianças de hoje em dia não acreditem, houve uma época que videogame era uma atividade social com a galerinha).

O que? Precisa de mais argumentos ainda?!? Ok, e que tal a melhor trilha sonora de todos os tempos?
Sim, eu falei certo, eu disse TODOS OS TEMPOS. Tipo daqui até o fim ultimo bloco do apocalipse. Apesar da capacidade limitada do SNES, estão todas lá em MIDI e agora eu derrubo teus butiás do bolso:

- "Born to Be Wild,"
- "Bad to the Bone,"
- "The Peter Gunn Theme,"
- "Highway Star"
- "Paranoid."

Matou o véio, vai dizer? Então tá bom, assim, chega né?
POIS EU DIGO QUE NÃO! Como cereja do bolo, o jogo é narrado! E uma narração muito foda, se querem saber a minha opinião. Po, o que dizer de um narrador que abre a corrida com "DEIXEM A CARNIFICINA COMEÇAR!!!". Se o Galvão Bueno fizesse isso a F1 teria 537x mais audiencia, pode apostar...
Com diversas falas, o que é muito raro nessa época. Entre as falas está "fulano is about to blow", que na época soava pra mim como "Ele é o mestre do patobol!".

Cresci achando que patobol devia ser o esporte mais foda do mundo e meu sonho era pratica-lo. Enquanto os outros meninos queriam ser bombeiro, astronauta, piloto de avião e etc, eu queria era ser mestre do patobol!

...

Acho que uma infancia sem google realmente era mais feliz...

1. Saque do Golero! - Narrador, Campeonato Brasileiro 96 (1996, SNES)

Acho que é desnecessário falar sobre o tamanho e a influencia do futebol no nosso país. Futebol é o esporte nacional e isso é um fato. "Esporte é futebol, o resto é educação fisica"

De igual modo por isso mesmo é desnecessário falar sobre o sucesso que a série Winning Eleven (agora PES) tem nas terras tupiniquins. De cada 10 jogos jogados em locadora por aqui, 9 são futebol.

Quando a Konami surpreendeu o mundo com o melhor jogo de futebol feito até então, foi simplesmente fantastico. Realmente épico, high five total e tal tal tal. Mas escuta, e se alguem pegasse aquele joguinho com seleções e adaptasse para os times brasileiros? E alem disso narrasse em um portunhol safado? Seria demais, não é?

Bem, realmente FOI demais porque alguem teve a manha a ninjicidade artististica de realmente fazer isso! Dai nasceram os "Campeonatos Brasileiros", "Ronaldinho Soccers" e por ai vai e é um dos principais motivos pelos quais os infelizes que tinham Mega Drive e não SNES serem bichinhas amarguradas que entram em escolas atirando nas pessoas hoje em dia. O primeiro jogo da série Winning Eleven simplesmente acabou de vez a guerra em favor do SNES por aqui e na Europa, onde a Sega ainda tinha alguma luta contra o monopolio da Nintendo. Foi o tiro de misericordia e com toda a justiça.

Foi uma "Forte Bomba!"

E A MELHOR FRASE DE TODOS OS TEMPOS ÉPICAMENTE INVENCÍVEL:

Tiger Uppercut! - Sagat, Street Fighter II

Não preciso nem comentar sobre essa, né?
O mundo dos videogames, e consequentemente toda a existencia, simplesmente em antes e depois dela.
Simples assim. Claro que existem outras competidoras fortes como "Hadouken", "Ataque das corujas", "Cuz-cuiz" e por aí vai, mas essa pra mim é a mais marcante de todas

.Sagat - World's Storongest

"Provavelmente o sindicato dos revisores dos anos 90 era tão forte
que ninguem ousava contratar um para não se incomodar..."

Mas vc não achou que ia ficar só na lembrança, né?
Por favor! Tenha um pouco mais de expectativa de mim!

Agora deleite-se com as melhores frases da história dos videogames... EM VIDEO!
Coletanea épica, é só dar o play e assistir:




MENÇÃO ESPECIAL: Essa frase é apenas épica demais para não ser citada. Zelda é realmente um jogo muito profundo, eis aqui quando o herói Link encontra um personagem profundamente depressivo...


I Am Error

terça-feira, 29 de setembro de 2009

[Resenha] Heroes – início da quarta temporada

SPOILER ALERT!!!

Já tinha me decidido por não escrever uma resenha sobre Heroes. Primeiro porque já tinha se passado muito tempo desde que saiu o primeiro episódio dessa temporada. Outra porque a série já descambou de vez. Acho que só tenho assistido por costume.

Mas então, passamos ao episódio inicial dessa quarta temporada. Começa-se um novo volume: Redenção. Os dois primeiro episódios estão juntos, formando um único capítulo. Pra quem não se ligou, os arcos de histórias nessa série são chamadas de Volumes. Já os episódios são chamados de Capítulos. Tudo como se fosse uma HQ.




Photobucket

Redenção... acho que não só para os heróis, mas a série toda está precisando...


Após terminar de assistir, pensei comigo: será que essa coisa ainda vai ter salvação? Pois uma série que começou com uma expectativa muito boa, soube levar a trama até quase o final de sua primeira temporada. Mas a partir daí foram somente erros tentando consertar outros erros.

Bom, então como chegamos ao ponto atual? Vamos falar um pouco do final da temporada anterior (o que eu me recordar, pois já apaguei o episódio do meu HD faz tempo). Sylar, o vilão que deveria ter morrido ao final da primeira temporada e falta nenhuma faria para os enredos seguintes, após conseguir os poderes de Claire, se tornando um auto-regenerador que não envelhece, adquire o poder de mudar de forma. Com isso, obtém a capacidade de deslocar seu único ponto fraco, se tornando invencível. Na tentativa de tomar o lugar de Nathan como senador, o mata, mas então é detido.

Esse ponto seria um ótimo momento para acabar com o vilão e mandá-lo para o espaço em definitivo. Deixe-o lá, quietinho, feliz ao lado do capitão Kirk bradando a todos seu jargão de vida longa e próspera... Bastava simplesmente jogá-lo em um tanque de ácido ou metal derretido (funcionou com o terminator...). Quero ver ele regenerar depois disso. NÃO!!! Eles fazem a maior burrada possível. Usam Parkman para reprogramar sua mente e acreditar que ele é na verdade o próprio Nathan, que milagrosamente teria escapado do ataque de Sylar.

Tudo bem, até o roteirista sabe que uma coisa dessa não dura muito tempo. Que a verdadeira personalidade uma hora vai emergir e voltar ao comando. Mas por que perder a oportunidade de acabar com um vilão e buscar outros até mais interessantes. Só creio que Zachary Quinto deve ter bons agentes...

Outra atriz que possui bons agentes é Ali Larter. A mãezona de dupla personalidade e super forte sofreu uma morte trágica e heróica. Massss, como não podia deixar de aparecer na série, arrumaram uma trigêmea... uma que foi separada das irmãs no nascimento e com poderes diferentes... Fica aqui a dica, imortalidade não é nada quando se tem bons agentes. Se morrer, simplesmente ganha um personagem novo.



Ali Larter

Bom, digamos que não são só os agentes, os dotes também ajudam...


Definitivamente, os roteiristas não sabem lidar com personagens realmente poderosos. Imagino que se estivem escrevendo um filme do Superman, teria kriptonita em cada esquina de Metrópolis, somente para não terem que se preocupar com poderes. Sim, o caso é terrível. Peter era sem dúvida o herói mais poderoso de todos. Podia copiar o poder de qualquer outro super, somente estando na presença do mesmo. Já tinha copiado a regeneração de Claire, o vôo de Nathan, os poderes temporais de Hiro, ficava invisível, tinha superforça... enfim, podia fazer o diabo a quatro. Hiro era outro ser “supremo”. Teleporte, viagem temporal e paralisar o tempo não é pra qualquer um. Ele era realmente poderoso, somente limitado pela sua impulsividade e imaturidade.

Chegou-se a um ponto onde os dois não teriam mais adversários. Qual a solução? Pensar em um vilão mais criativo, que os venceria com um plano extremamente elaborado? Ah... nope... Simplesmente retirar o poder deles é uma solução mais fácil. Mas como são os heróis, não poderiam ficar sem poderes por muito tempo. Então, recebem seus poderes de volta, mas agora de forma bem limitada. Peter ainda copia poderes, mas agora somente um poder por vez, e ainda sim tem necessidade de tocar na pessoa. Já Hiro recebe seus poderes de volta após ser tocado pelo bebê conserta tudo, filho do Matt. Mas o garoto não fez conserto, fez sim uma gambiarra. Agora Hiro tem dificuldades em controlar seus poderes, e quando o faz, ferra seu cérebro.

Longa introdução feita (sem sacanagem rapazes...), passamos ao início dessa quarta temporada, onde vi o lampejo de algo aceitável sendo produzido. Depois de toda aquela merda feita nas temporadas anteriores, talvez agora façam algo decente. Talvez redenção seja mais que o volume, mas para a série toda.

Logo de começo, somos apresentados aos novos vilões. Um grupo de superseres que se aceitam como são, e ao que parece, desejam agregar outros supers em suas filereiras. Suas reais motivações no entanto, ainda são um mistério. O líder tem o poder de manipular a terra, e também as tintas que usa para fazer tatuagem (talvez o pigmento da tinta seja de origem mineral). Ainda não vimos a real extensão de seus poderes, mas já deu pra perceber que o seu forte não são os poderes, e sim saber manipular as pessoas, e isso é tudo que um bom vilão precisa. Tenho impressão que já tivemos vários exemplos disso na vida real...

De resto, temos os outros personagens tentando levar sua vida normalmente, até o momento em que serão inevitavelmente tragados para dentro da trama. Peter está atuando como paramédico, tentando salvar vidas. Claire foi para a faculdade, e já, de cara, tem de encarar o suposto suicídio de sua colega de quarto. Hiro e Ando tentando salvar pessoas através de um uma empresa. Destaque para Matt Parkman, que está sendo atormentado por visões do Sylar. De alguma forma, o processo de reprogramar a mente deixou uma parte da personalidade do vilão dentro da mente do policial, e isto o está atormentando cada vez mais, e tomando proporções cada vez maiores.

Outra coisa, acho que ninguém sentiu a falta do Mohinder. Já que em um episódio duplo, abordaram todos os personagens, ele ficou de fora. Talvez com o final da novela dos indianos ele tenha ficado sem vaga... ou, quem sabe, foi cuidar da sumida Molly Walker, que parece ter sida jogada a própria sorte. Aliás, amnésia é uma coisa em Heroes. Já são vários personagens que aparecem e somem do nada, sem sabermos qual seu desfecho. Só para citar alguns, temos a irmã do gangster que Peter namorou quando estava sem memória... ele a levou para o futuro, ela foi presa, o futuro foi modificado E ELA CONTINUOU LÁ! Outro ilustre sumido é o namoradinho voador da Claire. Depois de ajudar o sogrão (ou nem tanto assim), ele simplesmente não apareceu mais e parecem ter esquecido que ele existe.

Bom, tendo em vista somente este episódio inicial, acho que vale a pena dar mais uma chance para essa série. Como eu disse, talvez façam algo aceitável dessa vez. Mas eu não assistiria com essa esperança...

ADENDO: acabei de assistir ao terceiro episódio, e a qualidade está se mantendo. Detalhe para uma nova super que apareceu. Ela é deficiente auditiva, mas começa a enxergar as “cores” do som. Uma premissa muito interessante. Espero que ela seja bem aproveitada.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

[REVIEW] Fringe s02e02 - Night of Desirable Objects

Photobucket
Na verdade esta é uma cena do final.
Mas eu não me importaria se o episódio começasse assim =P

Depois de uma estréia de temporada um tanto frenética na quantidade de informações e mistérios atirados na nossa cabeça, a equipe de roteiristas da série optou pela habitual "esfriada" característica de episódios posteriores àqueles mais bombásticos.

Mas, felizmente, isto não representou um grande problema. Apesar da história mais "calminha", digamos assim, foi um episódio que não ignorou os principais fatos apresentados no anterior, o que já é um bom sinal, especialmente praqueles, como eu, que já estão acostumados com Lost, onde nos apresentam um episódio cheio de revelações que têm potencial pra influir significativamente na trama, só pra, no episódio seguinte, tudo aquilo que foi apresentado não surtir o menor efeito.

Por exemplo, houve a inevitável retomada da questão envolvendo o transmorfo que se faz passar pelo Agente Charlie, dando agora uma de bonzinho, e até se oferecendo pra ajudar Olivia a se lembrar do que aconteceu no misterioso encontro que ela teve no outro universo com sabe-se lá quem, enquanto no episódio anterior ele estava disposto a matá-la. O que nos faz pensar no que fez o "homem-invisível" que opera a máquina de escrever do outro lado do espelho mudar de idéia com relação a seus planos envolvendo Olivia. Óbvio que uma hora isto vai dar merda, resta saber exatamente quando. Mas, só a tensão criada pela expectativa disto acontecer já faz vale a pena acompanhar os próximos episódios.

Photobucket
Walter e Astrid brincando de carrinho

E pra quem reclamou que no primeiro episódio o Walter não arriscou nem sequer uma teoria pra explicar o que diabos aconteceu com a Olivia durante o acidente de carro, aqui ele apareceu no melhor estilo Dr. Brown tentando reproduzi-lo em versão miniatura, usando um sapinho que remete diretamente a uma das misteriosas imagens de divulgação de Fringe. E, claro, pra quem é fã da trilogia De Volta para o Futuro, ficou na cara que aquela cena foi inspirada em uma vista no primeiro filme, onde o Dr. Emmett Brown tenta explicar pro Marty McFly como ele o enviará de volta para o futuro usando o clássico raio do relógio da torre.

Photobucket
Dr. Brown e sua clássica maquete "pouco detalhada" do centro de Hill Valley

Outro detalhe que os roteiristas de Fringe vêm explorando muito é a possibilidade de mais personagens além de Olívia, Walter e William Bell terem viajado pra universos paralelos, e especialmente as conseqüências físicas disto. Neste, durante a conversa misteriosa entre Nina Sharp e o Olivia, a primeira deu a entender que seu "câncer" pode ser uma conseqüência de alguma viagem que ela fez para outro universo, o que é uma hipótese válida, se levarmos em conta o estrago que um "mísero" teletransporte entre um ponto do planeta e outro fez com o Robert Jones na temporada passada.

Photobucket
Agradeça por não ter descolado um cancerzinho

No caso de Olivia, a garota ganhou superaudição. Se este é apenas um de outros poderes que irão se manifestar, só o tempo dirá, mas não duvido nem um pouco que haja mais, uma vez que na temporada passada, graças ao teste que Jones aplicou-lhe, Olivia demonstrou algum tipo de controle de objetos pela mente, apagando as luzinhas daquele aparelho estranho.

E mais uma vez Peter mostrou que está mais disposto a "pôr a mão na massa", ao invés de ficar apenas tentando dar algum sentido às explicações de Walter. Desta vez saiu à caça de informações de casos de desaparecimento semelhantes ao de Olívia.

Quanto ao novo personagem, Sam Weiss, não há muito o que ser dito por hora. Apenas que parece ser mais um daqueles que sabem mais do que aparentam. Achei estiloso ele cuidar de uma quadra de boliche, mas só. Resta-nos aguardar outras participações.

Photobucket
Sim, eu sei que sou estiloso.

Já o caso apresentado no episódio não me chamou muita atenção. Mais um "monstro da semana" criado por um cientista num momento de obsessão e loucura. Nada que já não tenhamos visto em inúmeros episódios de Arquivo X, ou mesmo em Supernatural.

Mas, a média final foi boa. Foi um episódio onde os roteiristas souberam equilibrar muito bem informações mitológicas com as do caso investigado, o que já é outro bom sinal de que estão dispostos a acertar mais nesta temporada do que na anterior. Amém a isto!

[POKÉMON SICKNESS] - #025 Pikachu


Pokémon Sickness é uma nova série de textos que eu postarei aqui no blog, em parceria com o Aélsio, que fará ilustrações.
Bem, o que é Pokémon Sickness? São contos isolados, cada um sobre um dos monstrinhos, sem nenhuma relação entre si, senão o fato de que se passam no mesmo universo.

Outro ponto em comum as histórias é que elas tentarão buscar o que há de mais doentio, asqueroso e perverso na pobre alma deste que vos escreve. O que implica que as histórias envolverão temas como drogras, estupro, mutilação, suicídio, tortura, incesto, abuso infantil, e daí ladeira abaixo. Sim, isto com pokémons.

Então, eu realmente recomendo que simplesmente pule os textos desta série caso se sinta ofendido, tenha menos de 18 anos, ou simplesmente não vá muito com a minha cara. Bem, era o que tinha a explanar. Aos que decidiram continuar, bom texto, e obrigado pela preferência.

====================================================================


Larissa levou quase uma semana inteira para compreender porque todos estavam agindo daquela maneira, carregando aquelas coisas para cima e para baixo. Ora, você tem que lembrar que quando se tem quatorze anos, na era da informação, uma semana sem entender alguma coisa é bastante tempo.

Mas o que ela poderia fazer? Era uma menina deveras ocupada, de fato. Aula de manhã todos os dias à tarde, tinha inglês às segundas e quartas, natação às terças e quintas, e finalmente jazz às sextas, ufa! Não era a toa que estava por fora da última modinha do momento, masfelizmente era popular o bastante (tendo em vista que era magra e bonita o bastante, naturalmente) para que lhe inteirassem das últimas tendências entre os jovens.

Havia uma semana mais ou menos que todos andavam para cima e para baixo com uma espécie de ratazana de pêlo amarelado e preto, e que conseguia gerar alguma eletricidade, segundo o que os meninos diziam. “Ainda assim era uma ratazana”, foi o que ela pensou naquela segunda-feira enquanto torcia o nariz. O que ela não sabia, e esse era o fato que ela levou quase uma semana toda para descobrir, é que havia estreado na televisão um desenho animado cujo garoto protagonista tinha uma ratazana dessas, e crianças, sendo como são, não puderam evitar imitar, de modo que não precisou sequer uma semana de exibição do desenho animado para que quase toda criança na escola andasse com um rato colorido como uma placa de trânsito para cima e para baixo.

Por volta da segunda semana os próprios professores acabaram se dando por vencidos, após infrutífera batalha contra a obsessão infantil, e apenas permitiam que as crianças carregassem a mascote da moda dentro da sala. “Em poucos dias eles cansam disso”, diziam eles. O que de certa forma era verdade: é muito mais fácil esperar que uma criança se canse de um brinquedo novo do que tentar tirá-lo dela, pois assim são as crianças.

Fosse como fosse, Larissa não tinha o menor interesse nessa mania em particular, e a idéia de andar para cima e para baixo esfregando uma ratazana no corpo lhe parecia, sobretudo... anti-higiênica. Isso era o que ela pensava, e qualquer um que a conhecesse saberia disto, o que significa, naturalmente, que seus pais não fariam a menor idéia do que ela pensava sobre a questão. Veja, seus pais não eram más pessoas, mas eram pessoas muito ocupadas: trabalhavam o dia todo, e à noite viam a garota apenas uma hora ou duas durante o jantar, mas isso era tudo (curiosamente, se lhe perguntassem diretamente, eles jamais diriam que o trabalho era mais importante que a sua filha única, embora fosse exatamente assim que agissem, adultos são estranhos deste modo de toda forma...). Como resultado, em pouco tempo Larissa acabou tendo sua própria e exclusiva ratazana amarelada de estimação, e seus pais passaram mais uma noite de consciência tranqüila, certos de que estavam fazendo tudo que podiam (e deveriam) por sua filhota amada.

A primeira vez que foi apresentada ao seu novo animal de estimação, Larissa teve de fazer uma profunda força interna para sorrir como sorria toda vez que seus pais lhe davam um presente, como se justificasse a ausência deles. Mas aquilo foi, definitivamente, a gota d’água!
Ora, ela não queria um estúpido rato amarelo que passava o dia falando obscenidades! Ela não queria ser empurrada com qualquer nova febre sobre a qual seus pais leram num jornal (indo ou voltando do trabalho, é claro) que as crianças estavam querendo naqueles dias, droga! Ela queria apenas ter pais, P-A-I-S, um pai e uma mãe, não uma porcaria de um rato amarelo e preto! O quão difícil era entender isso, porcaria? Era isso que ela valia para eles? A presença dela podia ser comprada com um rato na opinião deles? Era isso, então?

Sua atuação aquela noite foi perfeita, como se esperaria de uma menina saudável e feliz no entanto, e ela sorriu como uma adolescente agradecida diante de seus pais pelo presente. Então chorou e chorou a noite toda sozinha em seu quarto.

- ... pika...?

- NA SUA BUNDA!

Estas foram as primeiras palavras que Larissa trocou com seu novo mascote.

Contudo, nas semanas seguintes, as coisas não foram tão ruins quanto Larissa pensou que seriam. Não a respeito de seus pais, claro, mas estes ela já dava como causa perdida mesmo, mas sim a respeito da ratazana amarelada. O rato era, afinal de contas, uma companhia agradável... ou ao menos tanto quanto uma ratazana podia ser. Pelo menos era alguma coisa viva para sentir o calor, roia a fiação da casa para enlouquecer seus pais (a vingança é um prato que se come frio... sobretudo quando se trata de banho frio) e era melhor que falar sozinha, não muito, mas ainda era. Ainda por cima, o rato efetivamente possuía certa carga elétrica nos seus pêlos e dava uma espécie de choque... Não, não era choque exatamente, era mais a sensação gostosa de formigamento quando você encosta em uma CPU mal aterrada, por exemplo. Enfim, era uma boa companhia para passar o tempo. Não que ela tivesse muito tempo disponível de qualquer forma (seus pais deviam achar que se ela estivesse ocupada o bastante não perceberia que eles não estavam lá), mas as horas que passava sozinha no fim das contas eram mais bem aproveitadas com alguma companhia.

Mesmo que fosse de um rato. Amarelo.

Alguns meses depois a moda havia passado e o rato ficado, e no fim desse período já não parecia uma coisa ruim assim.

Aos quinze anos havia conseguido convencer seus pais (através de SMS no celular) que deveria largar o jazz às sextas, porque aquilo atrapalharia seus estudos. “Estudos”, essa palavra mágica que ao ser evocada imediatamente resolvia as questões ao seu favor, afinal, que pai se oporia a algo que era imprescindível ao futuro daquela estranha pra quem eles pagavam as contas? Eles não tinham envergadura moral para negar tal pedido, e isso era um fato.

Assim sendo, pela primeira vez na sua vida, Larissa tinha as sextas-feiras livres para ela. Bem, ela e a ratazana, mas a essa altura a garota já considerava o rato meio que como parte da vida dela, parte dela. Se não tinha pais, pelo menos tinha um rato amarelo. Não é tão triste como soa realmente. Mas, voltando às sextas-feiras, era claro que Larissa não estava interessada em estudar: suas notas iam bem o bastante, obrigado. O que ela queria era algum tipo de hábito, de ritual, um momento só dela que daqui a quinze anos ela iria poder dizer com nostalgia e saudade: “quando eu tinha quinze anos, toda sexta-feira a tarde eu...”.

Sim, sextas à tarde seriam o seu momento especial, só faltava ela descobrir o que faria nesse momento pessoal e especial (“o seu momento”, como diria um psicólogo). Nessa parte ela não tinha tido boas idéias ainda, até porque ela nunca foi uma menina particularmente brilhante de idéias, diga-se de passagem, então tudo que conseguiu pensar era em comprar pipoca de chocolate (que ela vomitaria depois) e assistir um filme. A idéia era apenas provisória, ela disse para si mesma, e assim que pensasse em algo especial logo colocaria essa coisa “especial” no horário.

Bem, acontece que mais alguns meses se passaram e nenhuma idéia realmente especial acabou vindo. Por outro lado, a coisa dos filmes com a pipoca temporária não era tão ruim assim, na verdade era bem legal, e no fim ela acabou aceitando como atividade oficial do seu “dia especial da Larissa”. Então era assim: toda sexta-feira ela baixava um filme no computador, deitava na cama de casal dos pais, colocava o rato sobre o peito, e assistia ao filme no seu notebook, enquanto comia pipoca com uma mão, e sentia aquele “choquinho gostoso” de passar a mão nos pêlos do rato com a outra. Era um “ritual” simples, porém extremamente gostoso, e não raras vezes ela acabava adormecendo no conforto, tendo que acordar apressadamente antes que seus pais chegassem e descobrissem que ela não estava estudando porcaria nenhuma. Pensando bem, ela achava que eles não se importariam realmente, mas ela gostava da sensação de estar fazendo algo errado, proibido. Era como se fosse mais um pontinho marcado contra a indiferença de seus pais em sua vida, uma pequena vitória pessoal, e quando se tem quinze anos, pequenas vitórias pessoais eram tudo que se tinha contra seus pais.

Então agora aquela era a vida de Larissa às sextas-feiras a tarde. E por um tempo foi bom.

Como boa adolescente que era, Larissa contou no calendário a estréia do filme “Crepúsculo”. Hey, não fique olhando com essa cara! Na sua época você fez o mesmo quando saiu Street Fighter, que é tão bom quanto, e você não está me vendo te julgar, está? Pois é. Mas continuando, Larissa esperou ansiosamente esse dia e, quando chegou, ela se negou veentemente a aceitar qualquer um dos vários convites para assisti-lo no cinema. Ninguém além do seu rato sabia do verdadeiro motivo, mas Larissa não tinha dúvida que para ela aquele era um filme especial demais para ser visto em qualquer outro lugar, em qualquer momento que não o “seu” momento especial. Quer dizer, era o filme que ela esperou a vida toda (quando se tem quinze anos essa afirmação não é tão profunda ou duradoura quanto se torna posteriormente), era justo que ela assistisse em seu momento especial, não? Larissa achou que era.

Bastante ansiosa como quem ia ganhar um brinquedo novo, Larissa preparou a pipoca, o notebook, tudo com o maior cuidado para que cada coisa saísse perfeita. Sentiu uma pontada leve de desespero no peito quando não achou seu rato nos primeiros dois segundos, mas logo tudo tinha corrido conforme o esperado, e ela estava em sua posição especial no seu dia especial para ver seu filme especial.

Larissa respirou fundo e abriu o arquivo... que para sua genuína surpresa não era Crepúsculo.
Ocasionalmente acontece de você baixar um arquivo que supostamente é um filme, e descobrir só tarde demais que não era daquilo. Tanto as distribuidoras de filmes (que querem desestimular as pessoas a baixarem o conteúdo desse filme) quanto desocupados que só querem saber que ferraram a vida de alguém (mesmo sem ver o fruto do seu trabalho) são comuns a essa prática.

O que Larissa havia baixado tinha realmente bastante sobre mordidas e coisas sendo sugadas, mas definitivamente não eram vampiros, e não era sangue que estava sendo sugado. Ela piscou atônita ao entender o que estava acontecendo, tanto pela frustração de não ser este o filme que ela queria ver, quanto pela cena em si. A cena em si consistia em um ator tendo o seu pênis vigorosamente sugado e mordido por uma morena de seios fartos.
Ela nunca havia visto esse tipo de filme antes, aliás, muitas coisas naquela cena ela nunca havia visto antes, entre elas um homem como aquele. Como toda a garota da sua classe, já havia espiado os meninos trocando de roupa no vestiário, e com certeza nenhum deles possuía um dote como o daquele ator que, segundo seus confusos cálculos mentais, tinha um membro que devia se estender até o joelho do homem. Então era por isso que se usava a expressão “tirar água do joelho”? Quer dizer, aquele tipo de coisa era... normal? Era comum os homens terem o negócio daquele tamanho? E isso significava que eventualmente ela teria uma coisa daquelas dentro de si? Quer dizer, ela mal podia imaginar que caberia, sequer caberia na sua boca como a mulher do filme estava fazendo... foi mais ou menos a essa altura que ela percebeu que sua boca estava completamente umedecida, e com certeza não era a única parte do seu corpo.

Essa sensação não era de todo estranha para ela, já havia sentido algo parecido no seu primeiro beijo algum tempo atrás (que aliás foi bem frustrante, perto do que esperava, e por muito tempo ela considerou se não seria lésbica sem saber, quando na verdade era só uma menina que esperava demais do mundo real). Mas, mesmo assim, não era nem de perto o que sentia agora, esse impulso, essa necessidade animal de agarrar aquela coisa enorme e dura, de apertar o mais forte que pudesse como que para testar a sua solidez, e enfiá-la na sua boca com ímpeto, como a mulher do filme fazia. Antes que se desse conta, suas coxas alvas e macias se esfregavam uma contra a outra, numa tentativa frustrada de saciar o que quer que precisasse ser saciado entre elas, mas de alguma forma as coisas não estavam normais. Enquanto pensava no que um membro daquele tamanho faria com ela numa posição de quatro, tirou a camiseta sem nem perceber, e aí tivera a sensação mais estranha da sua vida até então: uma pequena corrente elétrica passou pelo seu corpo, e sua coluna deu um pequeno espasmo, e ela não pôde conter um grito. Aquela foi, definitivamente, a melhor sensação da sua vida até aquele momento.

Após alguns instantes para se recuperar do choque, instantes esses em que ela ficou toda mole e semi-consciente, olhou ao redor e entendeu o que havia acontecido: seu pequeno mamilo rosado e enrijecido havia tocado o seu rato amarelado, e aquela pequena corrente elétrica que seu corpo produzia havia causado aquela sensação... indescritível.

Larissa não pensou por um momento sequer em tentar entender o que estava acontecendo, ou o que ela estava fazendo, ou mesmo porque estava fazendo, apenas sabia que precisava de mais daquilo. Seguindo cegamente seus instintos, apenas arrancou a saia justa do jeito que pôde (e sem saber direito como conseguiu tirar sem rasgá-la, apenas a tirou e a atirou para o lado). Não fazia a menor idéia do que fazer agora, nunca havia feito nada parecido e naturalmente nunca tinha tido esse tipo de conversa com sua mãe (ou qualquer outro tipo de conversa na verdade, mas esse pensamento só a fez agir logo para parar de pensar). Apenas desceu a mão lentamente pelo ventre macio e alvo, coberto apenas e tão somente por uma minúscula e praticamente invisível penugem tipicamente infantil. Chegou com a ponta dos dedos até a parte onde a pele se fendia na região do púbis e dava acesso a parte interna do seu corpo com o receio de que estava fazendo uma grande e ousada, para não dizer inédita exploração, como se aquela parte não andasse para cima e para baixo com ela desde o dia que nasceu.
Ao tocá-la, puxou o rato contra o seu peito e a soma do toque com a eletricidade em seus seios nus a fez ver tudo em tons de branco novamente por alguns segundos. Sua respiração acelerada estava tão entrecortada e ofegante que quase não era suficiente. Larissa agora não fazia mais idéia realmente do que fazer ou de como fazer, por um momento lhe ocorreu a idéia louca de procurar no Google mas definitivamente a idéia quase foi engraçada pq nada no mundo de forma alguma a faria parar o que estava fazendo.

Apenas conseguia pensar que precisava de um homem como o do filme, nesse exato momento, agora. Aprofundou um pouco o dedo que estava entre suas pernas, e apenas a sensação de calor de umidade que sentiu em sua falange já seria suficiente para fazer com que ela gritasse novamente, mas dessa vez ela apenas mordeu o lábio com severa força. Ah, o que ela não faria por um pênis como aquele agora... não, qualquer um seria suficiente, qualquer um MESMO.
E ao pensar nisso abriu os olhos e encarou o sorriso torto e doentio que a encarava de volta na cabeça do seu rato amarelado. A idéia foi tão gritantemente louca e tão doente que mesmo naquela condição zumbificada semi-orgasmica ela se obrigou a arregalar os olhos e pensar “o que diabos eu estou cogitando?!?”

Mas não havia muito que cogitar, o animal era castrado de qualquer forma e nunca, nunca mesmo que ela iria tira-lo do contato (e pequena corrente elétrica que fazia passar) de seus mamilos. Ela não queria ficar sem aquela sensação, de jeito nenhum, de forma nenhuma MESMO... a menos... hmm... a menos que...

Ela deslizou o dedo pelo que agora já era a parede interna da sua vagina e soltou um “hmmfpf” abafado por mordia os lábios para não gritar. Observou novamente a criatura e constatou com espanto que ela possuía uma cauda longa e ondulada... realmente longa, com certeza pelo menos uns bons 30 centímetros. Hm, ao pensar nesse número lembrou-se da cena que vira (e que devia estar rodando ainda, o notebook fora simplesmente jogado de lado), no quanto a essa altura ela precisava de um homem com aquele dote todo dentro dela (“o que diabos estou pensando!?!” seu ultimo suspiro de consciência protestou). Não tinha, é claro, um homem como aquele com ela e desconfiava que não teria dentro dos próximos minutos. Mas tinha, por outro lado, um rato. Um rato tão bem dotado quanto, embora de outra forma... mas teria que servir, não?

Quando Jonh Steinbeck comparou ratos e homens definitivamente não era isso que ele tinha em mente...

Moveu a ponta dos dedos da mão esquerda e tocou a ponta da cauda do rato, que respondeu com uma pequena corrente elétrica como todo o resto do corpo fazia. Era o incentivo que faltava para fazer o que não acreditava que estava prestes a fazer. Mas já era tarde demais para voltar atrás, tarde demais para descobrir que homem algum poderia competir com a sensação de uma cauda em forma raiada oprimida contra sua feminilidade...

E então ela o fez.

Seis meses se passaram.

Nesses meses em diante a sexta-feira especial de Larissa finalmente teve um significado especial como ela queria originalmente, embora não fosse nada do que ela (ou qualquer um na verdade) poderia esperar. De uma certa forma estranha e doentia, Larissa acabou encontrando algo especial para seu momento especial em seu dia especial “dela” e essa história poderia terminar aqui, apenas como uma aventura louca adolescente. Entretanto não termina. As coisas não são tão simples assim. O nosso mundo é um pouco mais doente do que isso...

Depois de alguns meses, Larissa começou a se sentir um pouco estranha. No começo foi apenas dor de cabeça, que rapidamente evoluiu para febre e calafrios que passaram como sendo um resfriado a principio e com isso ela podia lidar. Entretanto eventualmente seus olhos tomaram uma tonalidade amarelada e mesmo aos 16 anos uma pessoa sabe que isso não é um bom sinal. Mas o que ela podia fazer? Não podia pedir ajuda sem explicar o que estava fazendo, já que parecia bem obvio que havia uma ligação entre seus estranhos sintomas e suas atividades extracurriculares.

A isto juntaram-se os problemas respiratórios, dor abdominal e diarréia, aos quais ela tentou disfarçar bravamente entretanto quando vieram os desmaios, bem, isso foi algo um pouquinho alem da liga dela e contra isso não pode evitar. E mesmo seus pais, sempre tão ausentes quanto antes, não podem deixar de perceber quando a sua filha desmaia de cara na sopa (bem, a maioria deles pelo menos)

O que aconteceu, e isso Larissa veio a descobrir só quando acordou zonza já nua no hospital, coberta apenas por um fino avental que deixava sua bunda descoberta, é que ela havia contraído uma rara doença bacteriana transmitida por roedores que causara danos nos rins, falha nos rins e problemas respiratórios e inflamação na membrana ao redor do cérebro e cordão espinhal. Este ultimo, lhe informaram com pesar, complicava em muito o tratamento.

A principio porque o médico e seus pais fizeram aquela cara, o que “complicar o tratamento” significava. Entretanto quando entendeu a explicação, seu coração já fragilizado quase parou de vez. Infelizmente ela não teve tanta sorte. Acontecia era que os danos cerebrais impediam que ela tomasse anestesia sem ter um colapso cardiorrespiratório irreversível, o que não seria um problema tão grande assim não fosse o único tratamento disponível: a bactéria disseminada pelo organismo podia ser tratada com antibióticos leves, mas o mesmo não poderia ser feito no foco da infecção. Antibióticos leves não resolveriam a tempo e antibióticos pesados a matariam. Quando assimilou essas informações, Larissa simplesmente vomitou o pouco que conseguiu, o que seria feito com ela era, era...

Basicamente, o médico explicou, a única solução seria remover cirurgicamente as áreas mais afetadas pela bactéria, o que no caso dela se resumia ao clitóris e boa parte da parede vaginal. Sem anestesia. Larissa novamente quase vomitou, exceto que dessa vez não havia mais nada para por para fora senão a própria bile. Era demais para ela, tão horrível, mas tão horrível MESMO numa situação dessas, vergonha não chegou nem perto de ocupar seus pensamentos. Se a vergonha quisesse um lugar dentro da cabeça dela, teria que pegar uma senha e esperar o pavor, o pânico e o desespero brincarem até cansar.

Mas não havia alternativa. Alias, havia: morrer. Mas seus pais jamais permitiram isso.
Seus pais jamais fariam essa escolha, jamais escolheriam a dor e o sofrimento (alem das responsabilidades criminais) deles por alguém que eles mal conheciam. Larissa teria de ser mutilada, destituída da sua feminilidade em sua carne, pois era o caminho mais confortável para todos, exceto para ela. E sem anestesia.

Se tiver sorte”, ela pensou “talvez eu desmaie ou mesmo morra antes de ficar realmente ruim”.
Infelizmente para ela, a essa altura Larissa já devia ter aprendido que ela não era uma menina de sorte.
15 horas depois, não podia se dizer sequer que ela era uma menina. Ela esteve consciente o tempo todo.

Ninguém da equipe do hospital jamais esqueceu os gritos que ouviram naquele dia.