quinta-feira, 29 de outubro de 2009

[Quick Post] Mais sobre Distrito 9

Tiveram a cara de pau de dizer que o que eu chamei de furo de roteiro, na verdade foi deixado no ar de proposito pelo diretor...
...
jura? Então pela logica, furos de roteiros não existem! O que existe são coisas que o diretor resolveu deixar no ar pra vc pensar! LOGICO!


...manocu!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

[Review] Conto do Dia Das Bruxas (Trick'r Treat)

Então... ta la você andando pela parte de DVD's da Americanas vendo os preços e tal, e aparece um filme chamado "Conto do Dia Das Bruxas"... ai você pega a capa, lê a sinopse e pensa "WTF? Anna Paquin? Apresentado por Bryan Singer? E que porra é essa na capa?"


"Oi, sou um prototipo de filme ruim!"

Ok, ignorando o pensamento de filmes que comprei sem saber nada sobre, como "Torturados", e que não consegui nem chegar na metade da projeção sem jogar uma cadeira na TV, comprei "Conto do Dia Das Bruxas"... e putamerda, o filme é foda! A melhor coisa é quando você não espera NADA do filme, e ele te surpreende de tal forma, que você fica "Ei, isso não deveria acontecer (segundo os roteiros normais)!".

Bem, basicamente o filme é sobre as tradições do Halloween. Todos os ensinamentos sobre respeitar os mortos e conferir antes de comer os doces recebidos são abordados de formas... interessantes. O filme é composto de varias tramas separadas, que se juntam por meio de detalhes entre as historias, já que a maioria passa ao mesmo tempo que outra.

Prepara pra sinopse:
Tudo ocorre numa cidadezinha em Ohio. Emma resolve apagar uma vela de dentro de uma abobora na frente de casa, mesmo com seu marido dizendo que não era certo e que ia contra a tradição do Halloween. Logo, eles recebem uma visita que esta la para lhes dar uma violenta lição. Bem antes, vemos uma garota virgem (Anna Paquin, há) que esta com sua irmã e duas amigas comprando fantasias (a dela de Chapeuzinho Vermelho) e logo partem a procura de homens e uma boa festa para ir. Enquanto isso, um garoto gordinho e babaca vai descendo a rua destruindo todas as aboboras (Jack-o-lantern) que ve pelos muros, quando resolve pedir doce na casa do Diretor da escola que frequenta, apenas para descobrir o quanto o diretor respeita os mortos e os costumes da festa. Ao mesmo tempo, um grupo de crianças que passaram de casa em casa pedindo por aboboras, convidam uma garota lesada local para irem a um local abandonado onde um acidente tragico envolvendo um onibus escolar e crianças ocorreu. Lá, as crianças resolvem pregar uma peça na garota, mas ao apagarem a ultima vela, elas se veem numa situação na qual só a garota podera ajuda-los. Após isso, Anna Paquin esta toda serelepe indo pra festa, quando percebe que está sendo seguida. Logo ela é atacada e tem sua "iniciação". Antes disso, durante a historia do gordinha babaca, um velho e seu cão recebem a visita de um ser bizarro que resolve puni-lo por não comemorar o Halloween.
"oi/"

Ok, o que faz essas historias serem TÃO legais a ponto de rolar um Review? Resposta: As viradas do roteiro e as ligações, as vezes sutis, entre as histórias.
Sim, o roteiro tem algumas falhas! Sim, algumas atuações são sofriveis! Mas sabe quando a historia ainda assim consegue prender a atenção e te deixar de boca aberta? Poisé, foi isso que aconteceu comigo (coisa que pode não acontecer com você haha)

END

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

[Quick Post] Olho grande humano

Unbelivacreditavel! Foi só postar na internet uma foto absurda que tirei com meu celular e o mesmo começa a dar defeito! Você aperta o botão de disparo e o celular te manda o dedo do meio e da uma risada -__- E nada de foto...

sábado, 24 de outubro de 2009

[RESENHA] Flashforward s01e05 - "Gimme Some Truth"

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Janis como você nunca viu

Semana passada, em "Black Swan", tivemos uma dica do tom que "Gimme Some Truth" adoraria neste novo episódio de Flashforward: Mark termina disposto a fazer o que fosse preciso pra ir a fundo em sua busca pela verdade por trás do apagão, a ponto de usar as habilidades de um hacker para invadir o sistema da CIA sem a autorização de sua chefia imediata.

Para um personagem certinho, foi um passo ousado. Mas não foi nada se comparado às revelações e reviravoltas que tivemos na trama neste "Gimme Some Truth".

Adotando o já manjado truque narrativo de nos apresentar o final da história antes de revelarem os fatos que conduziram a ele, o episódio já abre com um grupo de supostos terroristas chineses tentando matar Mark e o agente Vreede num ataque explosivo dentro da garagem do Senado. O que me fez pensar: "Pô, já vão começar a culpar os chineses? Essa é velha!"

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Eat this!

De onde surgiram os chinas, e por quê? É o que (talvez) descobriremos mais adiante.

Voltamos 34 horas no tempo pra ver Mark, Vreede, Demetri e Stanford se preparando para uma série de audiências no Senado, que decidirá qual agência do FBI ganhará mais verba pra dar continuidade às suas investigações sobre a origem dos flashforwards.

Antes que a história fique mais tensa, vemos Stanford jogando descontraidamente uma partida de basquete com um tal de Dave, que parece ser um conhecido de longa data, da época em que morava em Washington, pra quem não deixa de transparecer sua preocupação em perder a chance de prosseguir com o Caso Mosaico, graças a joguinhos políticos. Seu amigo o acalma, diz pra não se preocupar, e emenda com a frase mais estilosa do episódio:

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"É só o Congresso se masturbando com o som de sua própria voz."

Corta pra cenas visando enriquecer o background da agente Janis, que depois de dar uma amostra grátis de quão foda é no tae-kwon-do, acaba sendo convidada pelo looser que levou um couro dela pra assistir Operação Dragão (raciocínio do looser: Ela adora artes marciais + Ela fica ainda mais gostosa dando porrada = Deve curtir filmes do Bruce Lee. Certo? ERRADO!).

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"Desculpaí, mas eu não costumo sair
com fracotes que PERDEM de mim!"

O sujeito leva um fora (com razão), mas só descobrirmos exatamente porque mais tarde (além do fato de ser tosco a ponto de perder uma luta contra a mulher mais HOT de Flashforward), quando surge Maya, que só faltou virar pra câmera e me dizer "Morra de inveja seu HETERO!". Sim, meus caros, a mulher mais deliciosa de Fringe é lésbica (e bem que deram a dica em "137 Sekunden", a qual eu fiz questão de ignorar, porque simplesmente não me conformaria com isto). Mas, que seja, ela continua uma delícia de se ver, e teremos que nos contentar com isto. Sorte da Maya... (ou não, como veremos mais adiante)

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Beijo lésbico em série de horário nobre?
Os americanos estão ficando mais ousados

A surpresa seguinte vem quando somos apresentados formalmente ao presidente dos Estados Unidos, e descobrimos que é o Dave de agora há pouco. Um repórter espertinho pergunta porque ele não contou pra nação sobre o que viu em seu flashforward, que prontamente dá a desculpa esfarrapada de sempre, botando a culpa na "questão de segurança nacional", mas, claro, nós descobrimos a resposta: foi acordado no meio da noite por um segurança dizendo a frase que todo bom segurança da Casa Branca fatalmente dirá um dia quando tudo der em merda: "Presidente, temos um problema." (FUDEU! seria mais apropriado, mas, é uma série de horário nobre (com um beijo lésbico, mas ainda assim...))

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A vida dura de um coadjuvante: De Secretário da Segurança Nacional (em 24 horas)
foi rebaixado a Secretário de Imprensa do Presidente

Logo em seguida temos mais uma "conversa de gabinete" entre o Presidente Dave e Stanford, que recebe uma proposta: tornar-se Diretor de Segurança Nacional. Pensei na hora: "Não importa que escolhas fizer, meu caro, no final vai terminar cagando no banheiro do FBI de Los Angeles."

E partimos para as audiências. Um diretor de outra agência apresenta a idéia batida de intervenção alienígena como causa do apagão, história que já estavam demorando pra tentarem nos vender. Outro joga a culpa nos chineses, sustentando sua teoria com o fato de que na hora em que o evento ocorreu a maioria da população chinesa estava dormindo confortavelmente em suas camas, sofrendo poucas perdas humanas e estruturais se comparados aos sofridos pelos States, que foram pegos desprevenidos em plena hora do rush. E apesar de fazer algum sentido, não deixou de ser frustrante ver Flashforward se tornando mais uma série que faz coro com tantas outras que entraram na modinha de transformar os chineses nos grandes vilões da história.

Mas, calma lá, que tudo pode se mostrar mais do que parece.

Antes disto Stanford teve uma conversa nada amigável com a mal-comida Senadora Clemente (cujo nome logo descobrimos ser uma ironia da parte dos roteiristas), que faz questão de implicar com qualquer detalhe relativo ao sistema de investigação adotado no Caso Mosaico.

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- Daqui a 6 meses serei Vice-Presidente dos Estados Unidos! E você?
- Er... Vamos mudar de assunto.

Achei uma boa idéia terem deixado explícito o motivo das visões de Mark serem tão confusas graças ao efeito do álcool sobre seu organismo. Se bem que, com isto, os roteiristas se livraram da obrigação de explicarem qualquer incoerência que surgir mais adiante na história quando formos comparar as visões dele do início da série com as pistas que ele encontrar mais adiante na história. Nada como um "o cara tava chapado e trocou as bolas" pra facilitar suas vidas. Resta-nos torcer pra que não usem esta desculpa como muleta pra tocarem a história de maneira desleixada daqui pra frente.

Pra minha alegria tivemos mais um pouco de Janis. Primeiro analisando os arquivos dos satélites de monitoramento sobre Ganwar durante o apagão de 1991, o que acaba levando-a à descoberta de que uma torre misteriosa foi construída nas redondezas no meio de lugar nenhum.

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Transmitindo o futuro a 165 mHz!

Mais tarde, ela se encontra novamente com Maya, que descobre sobre sua gravidez e mela tudo dizendo uma daquelas frases que você, como boa amante lésbica de uma agente do FBI gostosa, que adora dar porrada em folgados loosers, NÃO deve dizer: "Acho que você será uma ótima mãe." Isto a abala, faz com que ela saia sem rumo pelas ruas de Los Angeles, apenas para ser... Bom, já chegaremos lá. Por hora voltemos ao Stanford.

Quando a coisa apertou pro lado dele, vimos finalmente uma nova faceta do personagem vindo à tona. É aí que Flashforward começou a achar que podia ser um pouco mais "24 horas". Stanford chantageia o Presidente Dave, falando que vai contar pra todo mundo que ele andou comendo uma morena gostosa, e tendo um filho com ela, sem o conhecimento da primeira dama (obviamente), o que faz ele dar um jeitinho do Caso Mosaico ganhar a disputa pela verba.

E como se já não fosse 24 horas o bastante, o presidente não deixa por menos, faz uma ligação, e diz pra alguém "resolver um problema" pra ele.

Antes que a coisa desande de vez, dá tempo de Demetri e Dresde encherem a cara e fazerem dupla no karaokê local, enquanto o Mark fica todo "odeio karaokê" e "odeio caras que bebem na minha frente pouco se fudendo por eu freqüentar o AA". Enfim, o velho Mark sendo o chato, certinho, e amargurado de sempre.

Stanford volta do bate-papo com o presidente se achando o tal, por ter conseguido a verba pra tocar o projeto adiante, rola uma discussão entre ele e Mark, que finalmente revela que tava chapado durante seu flashforward, o que deixa Stan com essa cara de bunda aí de baixo:

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Ou seja, apostou sua carta mais forte numa investigação baseada nas visões nada confiáveis de um agente que estará afogado na manguaça em pouco menos de 6 meses.

Se tem como ficar pior que isto? Claro!

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É então que voltamos à cena que abre o episódio, assistimos tudo dentro de um contexto e... O som ambiente do tiroteio entre os "treta" do FBI e os "mano china" é substituído por "Like a rolling stone", que soou um tanto súbita, e outro tanto inapropriada aos meus ouvidos, pra uma cena que pedia um pouco mais de tensão. Isto, claro, até eu ver a Janis definhando no chão da rua, após ser baleada, e pensar: "Ah, vão todos pra PUTA QUE OS PARIU se vocês acabaram mesmo de matar a MELHOR PERSONAGEM de Flashforward!"

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Oremos por ela.
Janis merece um final mais digno.

Mas, a presença dos chineses levaram-me a conjeturar: seriam eles uma outra facção dentro da história? Seriam aliados de Simon e/ou D. Gibbins? Ou será que aquilo foi uma queima de arquivo do Presidente Dave, procurando se livrar da ameaça que representava Stanford?

Ok, isto está me soando cada vez mais como 24 horas... O que não deixou de transformar "Gimme Some Truth" no episódio mais eletrizante de Flashforward.

Na próxima semana: "Scary Monsters and Super Creeps"

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

[Quick Post] Quando seu nick vira seu nome...

Sério, e a surpresa ao escrever "Quezacolt" no google e aparecer uma foto minha? Isso que da usar o mesmo nick por mais de 8 anos HAHAHAHAHA >_>

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

[CONTO] Lá adiante, onde não há

(originalmente publicado em 24/12/2004, reeditado nesta versão)

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"Lá adiante, onde não há" por Aélsio Viégas
(clique sobre ela para uma versão maior)

Cavalgo sobre o rio de fogo em meu cavalo de ouro com olhos de diamante, sentindo a chuva cortante e sua dor resultante de lâminas venenosas. O céu coberto de nuvens, espessas, avermelhadas, a atmosfera carregada, e seus raios que ecoam por todo o vale escuro, adiante.

Ali está o fim de minha jornada. Ali o solo ferve, o ar crepita, ossos viram pasta. Dali nem dragões ousam se aproximar.

Aquele é o ponto onde o tudo torna-ne o nada, onde as patas do meu cavalo de ouro derreter-se-ão, e eu perderei o único companheiro que me resta dessa exaustiva e laboriosa cavalgada rumo ao vazio de minha alma atormentada. É o ponto focal da destruição profetizada. É o final dessa viagem sem volta, feita por um homem que escolheu morrer sozinho, sendo consumido por si, deixando o mundo pra trás, pois aqui ele encontra-se com seu próprio limite.

Aqui não há mais realidade, há apenas um homem e seu cavalo de ouro. Há a escuridão que não dá espaço ao brilho do passado, nem à luz, não mais refletida por seus olhos diamantinos em meus olhos vazios, em meus cabelos sem trato, em minha pele sem cor, em minha alma, que não é mais sol, mas uma pedra escura vagando pelo vácuo espacial.

Escolho descer de meu bom companheiro dourado pouco antes de transpôr os limites derradeiros. Ele não merece sacrificar-se por mim. Peço a ele que volte ao mundo que ficou lá atrás, que volte àquele mundo ainda disposto a oferecer-lhe o brilho único que possui, o qual tornei-me incapaz de refletir diante dos que lá vivem, e que tanto valorizam essa luz que uns poucos emitem por suas próprias naturezas.

Pura ostentação! É isso que eu digo nessa altura de minha vida! Pura ostentação!!

Triste, porém com uma ponta de alívio, e até mesmo um pouco de satisfação, vejo meu companheiro, hesitante, partir em sua caminhada de volta ao mundo que deixei. Olho para o céu acima e vejo que daqui nem sequer aquelas nuvens avermelhadas de há pouco, tão ameaçadoras, sequer ousam se aproximar. No fim, são raros aqueles corajosos o bastante pra enfrentarem o próprio fim. O mesmo parece valer para as nuvens...

Daqui, vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar, penso que talvez elas sejam as mais corajosas, pois aqui elas prevalecem. Aqui elas espalham-se pelo chão, como num tipo de convite rústico para que eu siga em frente.

Não sinto medo, assim como elas, e talvez seja justamente por minha alma agora assemelhar-se a estes pequenos corpos brutos de matéria inerte, que não têm para onde ir. Não têm um motivo forte para seguirem em frente. Esperam, algumas por toda uma eternidade, que chegue alguém para chutá-las, ou que ao menos algum abalo sísmico ocorra, mudando todas elas de lugar, para variar um pouco suas existências vazias.

No final, muitas delas terminam aqui, adornando o cenário do próprio fim. Do fim de tudo.

Engraçado como às vezes temos curiosidade em saber como será nossa chegada aqui. Mas, conforme nos aproximamos, a curiosidade dissipa-se, e o medo vem, seguido da vontade de voltar atrás, quando já não há mais volta.

Meu companheiro dourado teve uma escolha, e mesmo hesitando no último instante, ele sabia que era uma decisão inevitável. Desde o início estava ciente que terminaríamos separados um do outro. Não, minto, não desde o começo, mas a partir de um certo ponto. Acho que foi naquele dia, quando voltou-me um olhar triste, o primeiro dos muitos que seguiriam desde então. Fazia o possível para disfarçar, mas não conseguia encobrir seus pesares profundos. Admirava-o por sua transparência.

Mas, agora isso tudo não importa mais. Eis o fim ali adiante. Não pretendo olhar pra trás, mesmo porque não verei mais nada deste ponto onde já me encontro.

Fecho os olhos, jogo-me no nada infindável.

É confortável... É silencioso... Minha alma cala-se... Meus pensamentos dissolvem-se...

É o fim... Apenas o fim...

[Resenha] FRINGE S02E05 – Dream Logic

Atrasado, mas antes tarde do que nunca, vamos comentar um pouco sobre mais este episódio de Fringe.

Bom, podemos dizer que este episódio é do tipo “morno”, não empolga muito por sua trama, nem tem uma relação direta ou percebível com a trama principal. Somente isso já seria motivo para desanimar, mas ainda sim teve seus méritos, e dele falaremos.

De começo temos um executivo, parecendo um tanto quanto perturbado. Ele está vendo monstros nos rostos de seus colegas de trabalho e um capetão como chefe. Não pensa duas vezes e o arrebenta com usa valise. Interessante analisarmos neste ponto que até o momento, Fringe não apresentou nada de sobrenatural. Todas as façanhas ocorridas encontra sua explicação científica, ainda que seja uma ciência mais forçada ou hipotética. Então se nosso executivo alucinado está vendo demônios, devemos racionalizar. De início imaginei que ele também teria o poder de enxergar os infiltrados da outra dimensão. Mas isto não se mostrou verdadeiro. Era apenas um sonho, que o indivíduo não conseguia diferenciar da realidade. Após cacetar o chefe, um close é dado no indivíduo, onde vemos seus olhos se movendo rapidamente. Uma amostra de REM (rapid eyes movement), que é uma das fases do sono característica pela presença de sonhos.


capetão

Mas que chifres são esses chefe? Por onde anda sua esposa?

Não demora e nossa equipe é chamada a investigar o caso, e assim partem para Seattle. Interessante notarmos a boa interpretação de John Noble. Walter fica realmente incomodado com o lugar. Tanto o ar úmido do local, quanto o hospital. Ele se lembra do tempo em que passou internado, e isso o deixa irriquieto. Nota 10 para o ator, que nos trás de forma tão boa a mistura de drama e comédia dessa personagem.

Olívia segue com seu tratamento para se curar dos efeitos da mudança de dimensões. Nisso é indicada a pegar o cartão de visitas de todos as pessoas que usarem uma peça de roupa vermelha. Ficamos intrigados com o fato, mas o exercício acabou de uma forma bobinha. Podiam ter implementado mais nessa.

Outras pessoas começam a ter pesadelos acordadas, e somos levados à uma clínica que trata distúrbios de sono em que todas elas receberam tratamento. A primeira suspeita: isso é coisa do médico responsável pelo tratamento. Mas somos levados a pensar que os roteiristas são mais inteligentes que isso e fugiríamos do óbvio. Então quem é o vilão? O principal ajudante e braço direito do médico? Diria que esta é uma boa suposição.


vi

Quem será o vilão misterioso? E pq a touca ridícula?

A grande aposta é que os microchips implantados nas pessoas para controlar o sono, sirvam como dispositivos de controle mental. E assim seguimos nossa trama. Quando somos apresentados ao desfecho, nos deparamos com uma solução nada original, mas que foi usada de forma interessante e bem aplicada ao caso: a velha história do médico e o monstro.

Sim, o vilão era mesmo o médico prestativo e colaborador, mas de forma inconsciente. Como eu disse, um conceito nada novo. Mas que serviu para dar uma reviravolta interessante ao caso. Agora também tivemos uma idéia original. O chip usado para controle do sono, transmitia os sonhos das pessoas para o médico, através de uma touquinha de Eletro encefalograma. Muito interessante esta parte, pois o rapaz realmente “viajava” com os sonhos, que, parecem ter o efeito de um potente alucinógeno, além de tê-lo deixado viciado a ponto de fazer seus pacientes passarem por experiências extremas, os levando à morte, somente para ter um “barato” maior.


questão piloto

E o Questão arrumou um emprego de meio período como piloto...

Bom, trama resolvida, alguma coisa original, mas nada que realmente empolgue muito. Apenas mais um episódio comum. Somente no final temos alguma coisa importante para a trama principal. Peter sonha com momentos que passou quando ainda era criança. Estava dormindo, acorda assustado, encontra seu pai e parece ser levado repentinamente. Na parede do quarto está uma referência à missão espacial Challenger 11, com data de 28 de junho de 1984. Depois de pesquisar na wiki, descobri que a décima missão da Challenger (que acabou em desastre) somente aconteceu em 28 de janeiro de 1986. Será que presenciamos o momento em que foi tirado da outra dimensão e trazido para esta? É no que acredito.


challenger

Findamos então mais um episódio, já aguardando o próximo, e torcendo para que a série volte a ter o ritmo do primeiro episódio desta temporada.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

[EPISÓDIOS COMENTADOS] Jaspion ep 03

Baudeleando por aí? Episódio comentado de Jaspion neles, então!


domingo, 18 de outubro de 2009

[LINKING] Opus Trigger, Sugarock, Reblogado e LOL, HEHEHE

Em Linking você encontrará o que a maioria dos blogs sucessos de audiência usam como objetivo maior de suas existências: disseminar links interessantes, criativos, engraçados e/ou totalmente inúteis, que contribuirão, ou não, pra tornar sua vida na internet mais prazerosa.

Pra inauguração eu selecionei quatro sites:


Opus Trigger

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O que é: Uma galeria, ainda em construção, com trabalhos do nosso colaborador Aélsio Viegas. Vocês já tiveram a chance de conferir alguns deles aqui, ilustrando a série Pokémon Sickness, e na interpretação visual da música "A Terceira Lâmina", de Zé Ramalho.
Porque vale a pena: É um artista em desenvolvimento, que tem grandes chances de crescer, e que nos oferece a oportunidade de acompanhar seu crescimento de perto. Seus desenhos já são datados de personalidade, e logo devem ser empregados numa obra maior. Enquanto isto não acontece, há a promessa de novos trabalhos em cima de músicas, e pequenos contos ilustrados.


Sugarock

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O que é: Flickr da fotógrafa Elena Kalis, cujo trabalho consiste em fotos de modelos tiradas de baixo d'água.
Porque vale a pena: O resultado final é belo, lúdico, inusitado. Os cenários são compostos apenas pela fluidez de roupas, cabelos, e objetos "flutuando", e a luz do sol filtrada pela água. A criatividade com que todos estes elementos são usados é o grande diferencial de seu trabalho. Com destaque para toda a galeria baseada no universo de Alice no País das Maravilhas.


Reblogado

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O que é: um blog de variedades sem conteúdo próprio. Ele apenas repassa links interessantes distribuídos em categorias como Arte, Ciência, Idéias, Imagens, Tecnologia, entre outras
Porque vale a pena: apesar de ser apenas um distribuidor de conteúdo alheio, o blog é bem organizado, e suas dicas, em sua maioria, são boas, numa seleção de bom gosto (opinião minha, que fique claro).


LOL, HEHEHE

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O que é: outro blog de variedades.
Porque vale a pena: todo conteúdo é mais voltado pro humor. A seleção de imagens, vídeos e links é anárquica, amoral, muitas vezes de conteúdo explícito (e algumas vezes indigesto). Se você gosta de humor negro, ácido, sem noção, e sem restrições, este é o blog certo pra você.


Por enquanto é só. Deixarei o espaço de comentários aberto para sugestões. Deixem o link e digam porque vale a pena uma visita.

[REVIEW] Planetary #27


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Clique na imagem para ver uma versão maior
(vale a pena!)

Uma das melhores séries em quadrinhos já concebidas chega ao fim, e apesar de eu ter escrito quase nada sobre Planetary aqui no blog, não podia perder a oportunidade de falar um pouco dela, agora que a jornada está completa.

Não pretendo fazer uma análise detalhada da obra, nem exaltar o verdadeiro caldeirão de referências à cultura pop, e teorias científicas "de vanguarda", porque falar disto quando se escreve sobre a série já virou lugar comum. Quero me concentrar na edição em questão.

Começando pela capa, que se mostra um dos melhores trabalhos de diagramação de John Cassaday em toda a sua passagem por Planetary. Cassaday é um artista versátil, com um traço competente, e desenha de um jeito que faz tudo parecer muito fácil, muito claro, e compõe cada cena de uma forma sóbria, sem maneirismos estilísticos, e rebuscamentos desnecessários.

A capa desta edição é um excepcional trabalho de condensação de todos os principais fatos ocorridos na complexa trama de toda a série. Ainda traz praticamente todos os personagens que tiveram alguma importância em algum momento dentro da mitologia criada por Warren Ellis. Tudo numa harmonia hipnótica que nos convida a observar cada detalhe. Além disto, serve como um inteligente recurso de recapitulação da trama até aqui. Mais um motivo pra ficarmos de olho nos próximos trabalhos de Cassaday.

A história em si é mais um epílogo do que uma conclusão. O grande clímax da série ocorreu na edição 26, com onde foram amarradas praticamente todas as pontas soltas espalhadas no decorrer da série. Nesta a história se concentrou no resgate de Ambrose Chase, o membro perdido da Organização Planetary, dado como morto anos atrás.

Antes disto, temos uma visão geral do mundo pós-derrota dos Quatro, onde o Planetary começou a empregar todos os conhecimentos acumulados por seus adversários ao longo dos anos em aplicações científicas que visam o progresso da humanidade (o exato oposto do que o grupo de vilões pretendia com os resultados de suas pesquisas). É o Ellis voltando à idéia de super-heróis influenciando na política, ciência e filosofia da humanidade, já muito bem explorada em Authority, uma de suas melhores criações.

Não há grandes confrontos nesta história, nem revelações bombásticas, e todo palavreado científico esconde apenas uma história sobre um grupo de amigos tentando salvar a vida de outro, que eles recusam acreditar que merecia morrer.

Há, sim, uma ótima idéia sobre viagens no tempo, e os efeitos colaterais que ocorreriam ao acionar a primeira máquina que as tornasse possível. Mas no final, uma história que deveria soar como uma despedida aos leitores, termina com um "bem vindo de volta" a um personagem que durante toda a série se encontrou perdido, como nós, em busca de respostas para os mistérios do mundo de Planetary (e também do nosso).

Agora com todas as principais respostas em mãos, podemos olhar pra todas as geniais 27 edições concebidas por Warren Ellis e John Cassaday, largar mouses, teclados e páginas de celulose, nos pôr de pé, e aplaudir o trabalho destes dois excelentes criadores, que por 11 anos nos ofereceu algumas das melhores histórias em quadrinhos já produzidas.

Que Elijah Snow, Jakita Wagner, o Baterista, e todo o vasto elenco de Planetary tome seus lugares mais do que merecidos no imaginário coletivo, onde vez ou outra voltaremos a revisitá-los por nós, ávidos por relembrar sua jornada épica por um mundo estranho.

Nos vemos na próxima faceta do "floco de neve", Ellis e Cassaday!

[EPISÓDIOS COMENTADOS] Flashforward - ep01

00:30 - Vamos lá, começamos o episódio com uma cena de ... LOST? Whaddafuck man, eu sei que os fãs de Lost não são nada exigentes, mas alguem acha mesmo que pode simplesmente dar um CTRL +C CTRL+V na cena do avião na praia e sair de boa com essa?
Não, espera, acho que pode sim...

00:48 - Um homem rodopiando em chamas gritando devido a uma dor que não pode ser medida em palavras senão por "ijhdisjlcfklddddddddddddd". Toda série devia ter um momento assim.

00:56 - Economizaram na abertura, que chinelagem...

01:00 - Mais um dia começa brilhante em cudojudascity. O clima da cidade lembra bastante Jericho antes de alguem apertar o fucking red button

02:00 - Todas as tentativas de transmitir carisma dos personagens falharam miseravelmente até aqui, o que volta o Dejavu de estar assistindo Lost...

02:20 - Ok, melhorou um pouco: mexicanos roubam o lixo do cara enquanto a guria assiste Castores Pirados

03:00 - O filho do Tom Cruise com o Selton Mello caminha no caís da cena final de Um Dia de Fúria. Aposto vintão que não vai acontecer nada.

04:00 - Mazzah galo véio, to louco se eu não conheço televisão então. Agora temos uma cena bizarra de um cara cuja filha foi destroçada no Afeganistão. Bem, fuck that, manda a filha pra porra do Afeganistão e reclama quando recebe de volta só pedaços violados sexualmente? Queria o que diabo? Esse povo de hoje em dia, vou te contar viu... Não é a toa que o cara ta numa reunião do AA, mandou a filha pro Afeganistão...

05:00 - Impressionante como todos os personagens falharam miseravelmente em transmitir qualquer empatia. É mesmo a porra de um episódio de Lost, to te dizendo. A essa altura quero que o tal cataclisma aconteça logo e todos eles percam o saco. TODOS. Oh god, e agora tem a Megan Fox trepando enquanto devia ser baba. Oh, que sexy, que ousado, que... bosta.

06:00 - Levando em conta que estaremos realmente bêbados. Não reclamaria porque estamos namorando e isso faz parte. Mas os amigos dela estarão lá, a família, não sei dançar,Islands in the stream. Não superarei a humilhação.
"Você não liga para nada disso, liga?"
Aee, agora eles estão lendo a minha mente.

07:00 - Ok, agora tentaram emplacar a classica "policial malandrão" que era sucesso nos anos 90 antes da emboiolização do mundo. Claro, como tudo mais nessa série que tenta passar carisma apenas nos faz torcer mais ainda pelo tal cataclisma que me prometeram. E aí começa uma cena genérica de perseguição... oh god, why...

08:00 - Alguém viu onde eu coloquei minhas pantufas? E... hey, olha, parece que vai acontecer alguma coisa!

09:00 - E não é que eles finalmente acertaram alguma coisa? Essa cena de flash do futuro deve ser com o proposito de não fazer sentido mesmo... e não fez! Ae, em menos de dez minutos já acertaram pelo menos uma, já ta melhor que Lost heim!

10:00 - Falando em Lost... destaque para a participação do padre voador. E pq diabos a Megan Fox transa de sutiã?

11:00 - A turbina do avião explode, Jack perdeu seu parceiro que estava do lado dele no carro (o que o faz sair andando aleatóriamente pra procurar, muito bom Jack), efeitos chumbregas de fireball, Mas pra não dizer que não falei de flores, a cena da cidade em ruinas é bacana. Osama teve um terrorgasmo agora.

12:00 - Sério, alguem me explica qual é a daquele helicoptero? Porra, se já faz um minuto que o cara apagou ou a porra ja devia ter caido ou o piloto ja devia ter acordado e não batido num prédio. Pff...

13:00 - O médico que ia se matar (gordo e suicida só se fode na TV, impressionante isso) vai salvar os surfistas que não sabem nadar. E ai descobrimos que a Megan Fox transa não só de sutiã como de shortinho também. O que quer dizer que ela devia estar dando pro irmão perdido da Lince Negra. Tentativa fracassada de terror com crianças, lixo, lixo por todos os lados que eu vejo. Eu mereço vai, eu mereço...

14:00 - Jack, mostrando que sempre dá pra ficar mais idiota do que já se é diz que é pra pegar leve com uma suspeita de terrorismo pq ela é branca e limpinha. Ok Jack, a gente sabe que tu vai acabar comendo ela eventualmente, mas o FBI podia escolher melhor seus agentes né...

15:00 - Ok, saca só: o japinha tava fazendo o trabalho de puliça federal pra variar um pouco (já que o Jack só ta no emprego pq tem pistolão, só pode) e mandando ver na terrorista e panz. Só que ai ele diz que tentou falar com a Olivia e o Popeye. FUCK! Tentou porra nenhuma! Eu tava de olho nele caralho! Qualé gente, qualéeee, eu realmente tenho tanta cara assim de fã de Lost que vai engolir qualquer erro de cena e inventar uma desculpa pra vcs nos foruns semana que bem? NO WAY JOSE!

16:00 - Recaptulando: o Jack abaixa a cabeça quando passa o helicoptero, japones de cueca com uma criança nos braços no meio da rua e um ... CANGURU? OK, THAT'S IT! É o ultimo aviso: a proxima chupinhação de Lost eu to fora, beleza? Strike 2, o próximo vc está fora!

17:00 - Blablablabla...

18:00 - Sabemos agora que o apagão durou 2:17. O que torna todas as cenas de carros desgovernados e helicopteros caindo e blablabla mais idiotas ainda. Ah sim, e temos o momento "oh deus, temos que salvar nossas criancinhas! ALguem pense nas criancinhas!"

19:00 - Essa com certeza foi a pior e mais mal feita cena de operação que eu já vi na minha vida.
Foi absurdamente tosca e tem tanta coisa errada ali que eu nem saberia por onde começar combinada com uma atuação tão canastrona que EU senti vergonha alheia. Ou seja, COOL, foi o primeiro minuto realmente legal nessa porcaria de episódio =D

20:00 - Depois que o Jack falou, todo mundo subitamente "lembrou" que teve uma alucinação realista perturbadora. *suspiro*. Alguem foi pago pra escrever esse roteiro? Sério? O lado bom? chegamos a metade da tortura, digo, do episódio

21:00 - Um agente do FBI, adulto, acha mais provavel que o que ele teve foi "uma visão do futuro" do que um sonho. O fato dele não ter sido expulso da sala a pontapés demonstra duas coisas: ele é sobrinho do dono do FBI e os roteiristas estão tentando superar Lost custe o que custar no quesito PREGUIÇA FENOMENAL!!! Ah sim, e convenientemente todos tiveram visões que envolviam calendários e relógios.

22:00 - Sério, não sério mesmo, alguem me explica pq a terrorista tá se debatendo na mão do japa dentro do prédio do FBI? quer dizer, ela passou os ultimos 20 minutos fazendo isso? ela espera se soltar dele e fugir do prédio? (se bem que o FBI tem caras como o Jack, não é totalmente impossivel). Não, sério, o diretor dessa vergonha nunca viu ninguem sendo preso?

23:00 - Quando finalmente parece que agora a coisa vai, um personagem que não é um completo retardado tem uma idéia coerente pra confirmar o tal flashforward, me aparece um cara falando MERDA na TV

24:00 - Tem tanta merda sendo dita sobre a memória nessa cena que eu vou apenas ali chorar e já volto

25:00 - Se tudo mais falhar (como falhou até agora), nada que um pouco de humor sobre merda não resolva.

26:00 - Deixa eu ver se eu entendi: ela quer criar um site para as pessoas postarem suas visões? Tipo, site... na internet? A nossa internet? ELA FAZ ALGUMA IDÉIA DO QUÃO DEMENTE É ESSA IDÉIA E DO QUÃO INUTIL ISSO VAI SER? Novamente, tem tanta coisa retardada nessa cena que eu nem saberia por onde começar...

27:00 - Senti pena do japinha. Ele é o único personagem vagamente coerente nessa bagaça no meio de um bando de loucos surreais, aposto que o ator teve que reescrever as suas falas sozinho... eu realmente to largando mão de procurar sentido nisso, mas vai lá: pq saber se vai acontecer denovo é MENOS importante de saber pq aconteceu? Alguem? Por favor?

28:00 - Paradoxo temporal, eis o teu reino. Então o Jack vai usar como base da investigação do apagão informações de um futuro em que... ah, deixa pra lá...

29:00 - Jack mandou a secretária listar todas as pessoas que podem ter uma determinada tatuagem. Pq eu ainda to assistindo isso mesmo?

30:00 - A Megan Fox vira uma religious freak. Por favor atirem em mim antes que mais algum sonho se quebre irremediavelmente!

31:00 - More religious crap...

32:00 - Jack, cuja visão demorou 4h e 79min, entra num momento "mimimi, pobre de mim do que eu vou me tornar". O fato do outro cara não ter dado uma bifa nele ao invés de vir com MAIS religious crap consegue me fazer perder MAIS ainda o respeito por essa série. Nem sei como isso é possível

33:00 - Por algum motivo, o cara parece realmente perturbado pq a filha dele que devia estar morta esta viva. Boo-hoo, tadinho.

34:00 - Ocupado batendo a cabeça na parede, nem vi

35:00 - Encheção de linguiça pra encerrar o episódio... ainda faltando 7 minutos.

36:00 - Personagens toscos desenvolvidos toscamente, a receita do sucessos.

37:00 - "Tu vai ser corno! Era tudo intenso, eu tinha sentimentos por ele e o pau dele era o dobro do seu!" hahahah, euri

38:00 - Jack se demonstra um corno manso. O fato de não ter dentes dessa mulher espalhados pelos próximos 8 quarteirões consegue fazer com que eu diminua ainda mais o respeito por essa série. Ao invés disso ele vai lá pra fora chorar enquanto stalkeia sua mulherzinha amada.
Sério, como eles conseguem isso? Será o poço sem fundo?

39:00 - Momento cliche pai e filha e oh, o terrivel futuro malvadão ta vindo pra estuprar nossas mulheres e roubar o requeijão de nossos lanches. Eu acho que talvez eles consiguissem achar uma tematica dramatica mais horrivel pra essa série, mas não seria tarefa facil

40:00 - Só recaptulando, essa putaria de drama todo é sobre algo que VAI acontecer e que ele tem TOTAL controle. Esse é o "draminha" da série. Sério. Vou sair daqui e ir direto pra churrascaria, só o prazer de comer um animal que outrora foi vivo e poderoso, mas agora esta morto por minha causa, pode fechar a ferida que essa série PODRE abriu.

41:00 - Sério, eu não vou comentar sobre esse minuto. simplesmente não existem palavrões suficientes no mundo para tal.

42:00 - ACABOU! ACABOU! UFA!!! Aleluia irmãos, estou livre desse lixo! LIVRE!
Mas heim? Querem saber o que eu achei? Bem, se fazem realmente questão direi o que eu achei dessa série:

Flashforward? Flash-fucking piece of dog shit. This series is diarrhea coming out of my dick. This series is as appealing as a fucking ooze-infested dirty shiting sewer rat shit. I've had more fun playing with dog turds. Flash my ass and Forward my balls. This series is an inside-outasshole regurgitating, putrid, anal fecal matter. I'd rather sucking yank all the hairs out of my scrotum. I'd rather drink diarrhea vomited out of a buffalo's anus with a straw. It sucking fuck, it fucking sucks, it fucking blows, it's a piece of shit.
And I don't like it.

[RESENHA] Flashforward s01e04 - "Black Swan"

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Quando eu disser "já", todo mundo cai no sono.
JÁ!!!

E a série continua acertando a mão! "Black Swan" começa com a melhor cena de abertura de todos os episódios até o momento. Poesia, ironia e tragédia embaladas por "It's, Oh, So Quiet", da cantora Björk. Aliás, é a primeira vez que mostram o momento exato em que todos apagaram, e felizmente compuseram a seqüência muito bem, numa combinação segura de edição, trilha sonora e ritmo narrativo.

Falando na música, vale a pena dar uma olhada em seu clipe oficial aqui: http://www.youtube.com/watch?v=F5ndoBdm0yY (não deu pra incorporá-lo por falta de permissão do autor).

Logo em seguida somos apresentados a um dos personagens mais carismáticos da série até então. Ned, o branquelo que ficará negão daqui a 6 meses, e que acha tudo isto o máximo. Sua entrada no hospital inicialmente soa como uma piada absurda, mas logo seu estado de saúde se complica, o que acaba gerando um conflito entre Olivia e Bryce. Ela procurando ignorar tudo que se refira ao flashforward do paciente, e defendendo a idéia de que qualquer dado referente ao futuro não pode ser usado em diagnósticos feitos no presente, e ele acreditando que a história de Ned pode ser uma pista importante para a aplicação do tratamento adequado ao seu caso.

Claro que Olivia se mantém cética com relação aos flashforwards porque não quer que o seu se realize, e neste episódio ela continua evitando o máximo se cruzar com Lloyd, o sujeito que será seu amante dentro de alguns meses. Mas, o destino continua teimoso e insistente, e tudo que ela faz pra afastá-lo acaba sendo desfeito logo.

No final Olivia engole seu orgulho e ceticismo, quando conclui que Bryce estava certo, o que rende a melhor fala do episódio:

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"O futuro me salvou."

Outro conflito de interesses é o de Mark com Demetri. O primeiro seguindo sua busca por respostas, baseado nas pistas que enxergou em seu flashforward, e o segundo tentando a todo custo encontrar uma forma de mudar seu futuro.

Demetri retoma as investigações sobre Alda Hertzog, a loira suspeita de envolvimento com terroristas, vista no primeiro episódio, ainda acreditando que ela tem alguma relação com a causa do apagão. Enquanto Mark quer seguir a pista encontrada no episódio anterior, e saber o que diabos aconteceu em Ganwar.

A dica de Alda não os leva a lugar nenhum, mas rende uma conversa interessante entre ela e Mark, sobre a origem da metáfora do cisne negro (que remete tanto à trama principal quanto ao caso de Ned visto no início), e sobre homens dispostos a se sacrificar por uma causa. O que leva Mark a dar um passo mais ousado no final do episódio, assumindo uma postura mais pró-ativa.

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Se quer ir a fundo nesta história,
vai ter que sujar um pouco as mãos.

E quando já estávamos quase nos esquecendo de Nicole, a babá de Charlie que dava uns amassos no namorado durante o apagão, a personagem volta com mais uma peça do "mosaico". Descobrimos que aquela aflição toda que a acometeu no primeiro episódio foi graças ao futuro em que se viu sendo afogada por um homem. Ela diz que se sentia merecedora daquilo, e que fez algo ruim.

Meu palpite: ela terá alguma culpa no caso do possível "seqüestro" de Charlie e Dylan por D. Gibbins. Mas, estou apenas sustentando uma teoria com outra minha, da qual falei na resenha do 2º episódio.

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Lloyd e sua cara sempre assustada

E já que mencionei um dos possíveis responsáveis pelo apagão, voltemos a Lloyd, que finalmente revelou o conteúdo de seu flashforward. Curioso que, apesar de estar na mesma ocasião em que ocorre o de Olivia, em nenhum momento ele chegou a olhar pra ela de fato, tão concentrado estava na ligação que recebeu. E apesar de não ter revelado o autor da mesma, pelo menos pra mim ficou bem claro que se trata de Simon, visto mais adiante no episódio, que é introduzido na história como mais um dos muitos personagens misteriosos de Flashforward, e confirma uma das minhas suspeitas.

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Pois é, agora o lance é causar flashforwards.
Cansei de morrer nos do Desmond.

Com mais um dos responsáveis pelo evento vindo à tona, Flashforward toma novo fôlego, e continua mantendo o interesse da audiência.

De negativo neste episódio eu destaco aquele que se tornou o "vício narrativo" dos diretores da série, que insistem em recapitular os flashforwards de Mark, Olivia, e todos os demais personagens que ganharam maior destaque dentro da trama, toda vez que são citados na história. É um detalhe que já está irritando e soando redundante demais.

Outro é que a história está começando a soar um tanto forçada por jogar todos os personagens-chave da trama principal no círculo de relações de Olivia e Mark. Tudo bem que ele é o principal responsável pela investigação do Mosaico, mas em 4 episódios já nos demos conta de que várias peças já estão muito próximas dele. Fica a expectativa de que nos episódios seguintes tudo se torne mais desafiador, e menos "entregue de bandeja", como vem ocorrendo até então.

Mas, apesar disto, Flashforward ainda se mantém como uma série instigante, quem vem sabendo se renovar a cada episódio, num bom equilíbrio entre os dramas pessoais de cada personagem, e a história maior, cheia de mistérios, e ainda com muitas peças pra serem descobertas.

Na próxima semana "Gimme Some Truth" (título muito sugestivo, por sinal).

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

[QUICK PREVIEW] Predators

Sério mesmo que o "vilão" do filme vai se chamar "Black Super Predator"? Só eu achei isso ruim? :S hahaha

[REVIEW] Distrito 9 (COM SPOILERS!)

Ok, eu sei... faz tempo que nao posto nada aqui e ja venho fazer review repetida... mas é que senti a necessidade de mostrar o outro lado da historia... (momento bom pra lembrar que tudo isso não passa de opinião pessoal de alguem que foi ver o filme e não gostou de TODOS alguns momentos do mesmo)...

Sim, Distrito 9 foi o pior filme que eu vi esse ano... acho que foi o pior em dois anos... E olha que quando eu fui ver, fui com toda boa vontade, pois achei o trailer a coisa mais foda ever! Mas não deu... O roteiro tem mais buracos que os corpos desovados no campus da UFRJ (segundo dizem =X)...

O roteiro passa a primeira metade do filme contando o background, caracterizando os (pessimos) personagens, montando as situações... ai joga tudo no lixo e vai comer um pastel... enfim, os motivos pelos quais EU (frisando o EU) não gostei serão mostrador nos topicos a seguir (e fora da ordem de importancia)!

1- O filme não se decide.
Ele não sabe o que quer ser. Não sabe se quer ser um documentario ou um filme de ação. Ele atira (literalmente) para todos os lados e não diz a quem vem. A proposta dele não era pra ser um "documentario" sobre distinção racial, apartheid e etc? Mostrar a realidade do tal distrito? Ok, na segunda metade do filme o diretor sul africano decide que não quer mais mostrar nada, e sim explodir os figurantes...

2- O combustivel.
Essa parte me irritou profundamente...
Vamos seguir a logica com o tio: Você levou 20 anos para conseguir refinar um liquido e colocar num frasquinho para fazer a nave que vc esconde embaixo do seu barraco voltar pra nave mãe. Ai você olha pra camera e diz "Finalmente temos a quantidade suficiente para poder voltar"... Ai um humano escroto faz uma batida na sua casa, encontra o frasco e acidentalmente derrama o conteudo em si (fazendo com que ele se transforme em um alienigena pq o roteiro precisa que o protagonista se transforme em um... nao precisa fazer sentido... NOT)... Logo, não temos mais combustivel e teremos que gastar pelo menos mais uns 20 anos correndo atras de sucata... ou nao, pq o pouco de combustivel que sobrou no frasquinho, serviu pra fazer a nave levantar, dar uma voada, chamar a nave mae e detonar um monte de coisas ao redor (exagero)...

3- Chamando a nave mãe.
Sério? Tipo, a nave mãe tinha um raio trator que poderia ser ligado remotamente? Com o minimo de combustivel possivel (ja que ele foi usado pra fazer a nave menor beber, cair e levantar)? E só o camarão minusculo pensou nisso?

4- Armas.
O governo americano tira os camarões da nave mãe... repetindo: O GOVERNO AMERICANO TIRA OS CAMAROES DA NAVE MÃE... ok, após frisarmos BEM esse detalhe, explica pra mim COMO os camarões desceram com TANTAS armas e TANTA tecnologia (tinham até um robo)? Pois, 20 anos depois, eles ainda tinham armamento de sobra para trocar por comida de gato... e não parecia que eles ainda estavam criandos as proprias armas... E se estivessem? Bem, leia o proximo topico...

5- Violencia nas redondezas.
No inicio do filme (na parte que ele decide ser documentario), diz que a população que mora em volta do Distrito 9 estava boladinha, pq eles são violentos... roubos, assassinatos, furtos...
Ok... Vamos partir dos principios que são inteligentes o suficiente para criar o proprio armamento pesado na terra (ja que eu acho que seria impossivel eles terem descido com tudo aquilo que eles ofereciam para os nigerianos... ah, e frise o PESADO em armamento)... então isso quer dizer que, independente de como eles consegue as armas, eles tem em seu poder bazucas, mini nukes, explosivos, robos assassinos... e... não se impõe para cima dos nigerianos que... bem, possuem metralhadoras? Sendo que, um pouco do armamento deles foi mais do q o suficiente para invadir um predio militar? Destruir paredes e matar varios soldados mais protegidos? Jura que os camarões nunca entraram em conflito ou tentaram se impor usando aquelas armas? Pouco provavel... uma coisa é vc ter facões e lanças a sua disposição contra baionetas e pistolas... outra é vc ter as armas de ultima geração, explosivos capazes de estragos ABSURDOS, e abaixar a cabeça para pistolas e metralhadoras... Pouquissimo provavel... Pra mim o erro é que os camarões são retratados como espertos E completamente imbecis, tudo dependendo de como o roteiro precisa que eles se portem...


6- Predio do governo e a cidade em geral.
Sério... não sabia que era tão facil entrar e sair de um predio do governo como o protagonista nos mostrou. Quando ele foge do laboratorio, ele simplesmente sai do predio por uma saida adjacente... oi? Ah, ele tambem mostra que, independente do racismo e de todo o ódio, um humano e um camarão podem andar carregando armas pesadas nas costas sem serem notados e ficarem parados na porta de um predio do governo que abriga um laboratorio secreto sem que ninguem da segurança fale "WTF?"...

e por fim, 7- Um dos melhores filmes de Ficção
Isso me tira do sério... gosto é gosto, respeito isso... mas dizer que um filme é sensacional e que é um dos melhores e que os proximos filmes de ficção devem se esmeirar nele é o fim da picada... Achei super legal o lance do filme tentar demonstrar a segregação, mostrar os aliens como uma minoria que ninguem gosta e ninguem quer por perto, toda a coisa do desrespeito ao proximo e de como podem tratar outros seres como lixo... mas de boas intenções o inferno está cheio! O filme (pelo menos a primeira metade dele) conseguiu passar essas ideias muito bem... mas se é pra ter somente essas ideias eu leio um livro, e não vou a um cinema esperando ser entretido e ter uma historia completa. Pra mim o filme foi apenas isso: Um boa ideia. A execução foi pessimamente planejada e os plot twists foram sofriveis. Quem foi comigo, por coincidencia talvez, compartilhou a mesma sensação de "O que diabos acabou de acontecer?" ao final do filme, por acharmos que o mesmo não fez o MENOR sentido, e por ter visto umas garotas na fileira do lado quase que batendo palmas e falando "espetacular!"...


e sim, isso foi um desabafo de quem saiu correndo de uma aula seco pra ver essa porcaria no ultimo dia do festival do rio... e sim, saiu atrasada por falta de tempo haha :P

terça-feira, 13 de outubro de 2009

[POKÉMON SICKNESS] - #393 - Piplup

Baseado em uma história real.


Farham, Inglaterra em 5 de agosto de 1914

Minha amada Rosely,
Escrevo-lhe esta carta pela última vez em meu escritório antes de partir para aquela que será, com certeza, não só a maior aventura de minha vida, como a última grande aventura sobre a face da Terra. Sei que a idéia de que um grupo de destemidos homens tentará cruzar o Antártico de uma ponta a outra parece loucura a uma dama tão delicada quanto bela, mas lhe digo, meu amor, que um homem deve fazer o que um homem tem que fazer.
Partiremos esta tarde a bordo do Endurance, nesta empresa que deve durar pouco mais de um ano. Como sentirei falta deste escritório, deste cheiro tão particular de tabaco que meu saudoso pai levou anos para construir, de como o Sol bate sobre os móveis ao entardecer, e podem-se ver minúsculas partículas de pó!
Mas isso não é nada, claro, comparado ao tanto que sentirei falta de meu amado anjo nesta Terra, que certamente tomou longas noites de planejamento do Senhor para que tão perfeito ser fosse formado nesta terra! Linda, é assim que minha Princesa é, como se fosse pintada qual por pincel em tela fina! Amo ouvir sua voz pura cheia de ternura, amo seu riso, o leve som de seu beijo em meu rosto, flor de esperança. Amor perfeito, que céu pode escurecer com seu sorriso? Seu sorriso angelical, o som de uma doce flauta, é como o brilho do pôr-do-sol a nascer. Ah! Se pudéssemos guardar em uma caixinha esses risos mágicos e eternos... Amo seus olhos quando, ouvindo uma história, se enchem de mistério, o brilho de teus olhos.. O teu sorrir de criança! É a essência da minha vida.
Estou bastante ansioso, minha amada Rosely, essa expedição, além de aventura e conhecimento, me trará fama e dinheiro o suficiente para que possa me estabelecer, e finalmente nos casarmos como tantas vezes juntos sonhamos. Em pouco mais de um ano, será a respeitável esposa de um dos últimos bravos desbravadores deste mundo.
Sinceramente seu, John.

Plymouth, Inglaterra em 6 de agosto de 1914

Oh minha amada Rosely,
Escrevo-lhe a presente epístola ainda entornado em profunda emoção, pois agora tenho a certeza de que esta empresa será a maior aventura da história das grandes aventuras, e que assim está predestinada pelo desígnio divino. Bem, acho melhor explicar-lhe os eventos desta tarde.
Com grande cobertura da imprensa, a serviço de vossa majestade, o mundialmente famoso capitão Shackleton fez zarpar o Endurance em direção a Geórgia do Sul, onde encontraremos o navio de reabastecimento vindo da Nova Zelândia. Essa expedição será grande, todos ali sabiam disto, e pude sentir o olhar de inveja recaindo sobre mim, como único e exclusivo repórter da coroa britânica nesta missão. Shackleton é um veterano dos mares e heróico sobrevivente, tenho certeza de que não há nada a temer nesta jornada. É verdade que o norueguês Ronald Amundsen foi o primeiro a chegar ao Pólo Sul, mas com certeza esta jornada retomará a glória e a conquista para os braços da mãe de toda civilização: a coroa britânica.
Prova irrefutável disso foi que, algumas poucas horas após zarparmos, o Endurance foi abordado pela marinha real britânica. Não se preocupe, minha amada, não havia nada equivocado sobre a nossa embarcação, acontece que, como deve ter conhecimento, na noite de 4 de agosto de 1914, o governo britânico, sob o primeiro-ministro Henry Asquith, declarou guerra ao Império Alemão. Ora, guerras vêm e vão, e tenho certeza de que esta será breve, e não trará maiores conseqüências ao curso da história, e de mesma forma assim enxergou o sábio almirantado Britânico, que liberou o Endurance da convocação obrigatória de estado de guerra, e assim podemos finalmente partir em nossa aventura.
Como vê, a sabedoria dos homens e a providencia divina estão ao nosso lado, não há o que temer.
Com amor, John.

Recife, Brasil em 22 de outubro de 1914

Em triste estrada seguimos o mar
Em tristes dias triste tempo triste agonia
Em tristes solidões, tristes pensamentos
Me fazem falta seus alegres momentos
Sua alegria eterna, sua felicidade invejável
Seu sorriso angelical em meio ao mar maleável
Em meio às dores da vida, em meio às coisas ardidas
Seu sorriso me dava alegria
Como eu sinto saudade e queria ver
Nem que fosse só por um dia
Esse sorriso angelical que me trazia paz e harmonia...
Como me faz falta
Seu sorriso angelical...

Montevidéu, Uruguai em 14 de Novembro de 1914

Minha amada Rosely,
Percebo, quase acidentalmente, que já são quase três meses no mar, e pouca coisa realmente interessante há para relatar em águas conhecidas, a não ser minha saudade por ti. O que um não-marujo pode dizer sobre uma estadia de três meses ao mar que não possa ser emulado pela melhor das literaturas?
Temos 26 tripulantes além de Shackleton, compostos por cientistas, médicos, marinheiros profissionais, navegadores, ex-militares da Marinha Real Inglesa, além de mim, 69 cães mestiços para puxar trenós (os quais já conheço todos pelo nome a esta altura de viagem), dois porcos e um gato, que apesar do nome Madame Chippy, é macho. Nada particularmente incomum aconteceu até então, senão o fato de que adicionamos um clandestino à tripulação.
Conversei bastante com ele, seu nome é Perce Blackborow, e seu navio afundou. Ele e seu amigo Willian Bakewell estavam procurando emprego no porto, e o capitão contratou Bakewell, mas não Blackborow, devido à pouca idade e inexperiência. 17 anos e já tem um naufrágio nas costas, pode acreditar nisso Rosely?
Bakewell no entanto ajudou o amigo a embarcar clandestinamente, e ele permaneceu escondido no armário por três dias, enquanto o navio ancorava. Eu o descobri acidentalmente devido a Madame Chippy, e ele me implorou para que mantivesse o segredo até estarmos em alto mar, onde o capitão não teria muita escolha senão utilizar mais um par de mãos hábeis. Assim o fiz, e este será o nosso segredo.
O capitão Shackleton, entretanto, não pareceu nada contente com a adição, e a cena foi deveras memorável: desconfiado que os números de suprimentos não estavam fechando, reuniu toda tripulação no deck para um memorável sermão, que faria o mais tarimbado e antigo dos estivadores se encolher de medo. O carisma do capitão Shackleton é realmente apavorante: imagino que nada menos do que o necessário para sobreviver ao Antártico. Bakewell cedeu à pressão e, terrificado, confessou a verdade, apresentando seu companheiro ao capitão.
Shackleton terminou sua performance se aproximando de Blackborow e, a menos de um palmo do seu rosto, gritou “Sabe que nessas expedições nós freqüentemente ficamos famintos e, se há um clandestino a bordo, ele é o primeiro a ser comido?” com uma entonação suficiente para fazer qualquer homem adulto simplesmente se encolher e chorar, mas o garoto Blackborow apenas olhou o físico avantajado do capitão e respondeu “Eles teriam mais sorte tentando o senhor primeiro, senhor.”
Shackleton escondeu um sorriso satisfeito e o entregou para Frank Wild, com as ordens de “apresentá-lo ao cozinheiro primeiro”. Blackborow acabou se provando um valioso instrumento na tripulação, e todos achamos que no fim tudo acabou bem.
Dentro de 20 dias devemos chegar à Geórgia do Sul, e então a expedição realmente começará.
Com amor, John.

Ponto Rei Eduardo, Geórgia do Sul em 5 de dezembro de 1914

Minha amada Rosely,
Esta será a última carta que receberá em algum tempo, mas peço que não se preocupe, pois o motivo de tal é o melhor possível: estamos partindo hoje da Geórgia do Sul em direção ao outro lado do continente Antártico, de modo que não terei mais como enviar cartas. A civilização ficará para trás, e apenas a aventura nos aguarda. Naturalmente continuarei escrevendo como uma forma de registro, mas as epistolas daqui por diante muito provavelmente lhe serão entregues por minhas mãos, tal qual meu infinito amor e dedicação. Ore por mim, minha amada. Estaremos juntos em breve, não falta tanto agora.
Eternamente seu, John.

Ilhas Visokoi , Arquipélago Sanduíche do Sul em 24 de dezembro de 1914

Oh Rosely, oh Rosely!
Você deveria estar aqui para ver o que eu tenho visto nestes dias cada vez mais frios. Mas o frio, bem, o frio é um pequeno preço a se pagar por esta visão da criação em toda sua magnitude, que poucos homens tiveram e terão o privilégio de ver até o fim dos dias. É exatamente como se descrito pelo velho marinheiro: à nossa esquerda então o sol se levanta, do mar se eleva; em um claro esplendor... depois vai se pôr à direita no mar.
É uma visão única e impressionante.
Os icebergs que rompem a linha da água são colossos titânicos e impressionantes. Maiores que as mais altas construções que já vimos em Londres, e o capitão disse que estes são pequenos, pois degelaram bastante em seu caminho até aqui. Para qualquer lado que se olhe, não se vê a mão do homem, como se jamais houvesse existido neste mundo. Vimos, no entanto, alguns animais interessantes: baleias que são como ilhas explodindo em gêiseres no meio do oceano, cardumes de peixes e, próximo às ilhas, um tipo particularmente estranho de pingüim. São pequenos, andam desengonçadamente, e possuem marcas no peito como se usassem um casaco de inverno, os marinheiros os chamam de “piplups” devido ao piado agudo que eles emitem antes de mergulharem no oceano gelado (Piiiii.... *plup*)
Acho que você realmente ia gostar de ter um desses. Uma coisa estranha aconteceu, no entanto: perguntei brincando ao marinheiro Blackborow se eu poderia levar um desses de recordação, e ele me respondeu, muito sério, que esses animais são criaturas de mau agouro, e que se deve manter tanta distância deles quanto for possível. O que me surpreendeu nisso é que Blackborow não é o típico marinheiro supersticioso, já tive longas conversas interessantíssimas com ele, e o rapaz fala três idiomas, é realmente estranho que acredite nesse tipo de superstição. Mas bem, com superstição ou sem, prometo que vou levar ao menos algumas fotos para você desta fantástica viagem.
Feliz Natal, meu amor, que o Nosso Senhor abençoe os seus dias, como tem abençoado os meus.
Sinceramente seu, John.

Círculo Polar Antártico em 15 de janeiro de 1915

Rosely, meu amor,
Tivemos hoje o primeiro real contratempo neste empreendimento. Acordei ao som dos cães ladrando e dos homens trabalhando ruidosamente do lado de fora do navio, pensei por um momento que havíamos chegado ao nosso destino, mas o cronograma não fecharia. O navio praticamente não balança mais e, antes que eu pudesse me vestir e sair da minha cabine, ouvi a madeira estalando ruidosamente. Foi um grande susto que tomei, mas não tão grande quanto o que tomei ao chegar ao convés, e perceber que não havia água ao redor do barco! Logo encontrei o capitão, e ele rapidamente me pôs a par da situação: durante a madrugada um bloco de gelo escorregou por baixo do Endurance e, ao emergir, levantou o navio no alto de uma pequena plaforma. Agora os homens estão cavando uma rampa para devolver o navio ao oceano, mas deve levar algumas semanas na melhor das hipóteses. Do contrário a outra opção é esperar o bloco de gelo nos levar por algum lugar.
De qualquer forma, parece ser só um contratempo, o capitão não parece preocupado.
Sinceramente seu, John.


Círculo Polar Antártico em 02 de fevereiro de 1915

Rosely, minha amada,
Temo que minha estadia aqui vá demorar um pouco mais do que o esperado. O capitão Shackleton está cancelando o processo de escavação do gelo por vários motivos: o primeiro, e mais importante, é que os homens e os animais estão cada vez mais famintos com o trabalho duro e, neste ritmo, as provisões vão acabar antes que consigamos algum resultado. Houve um deslizamento e alguns cães morreram, além dos marinheiros Bolts e Kinglesthorn ficarem feridos. Nada grave, não se preocupe.
O capitão disse que o melhor a fazer nessa condição é esperar o bloco de gelo no qual estamos presos nos levar próximo ao continente, ou a uma das ilhas, e de lá seguir em um pequeno bote para conseguir ajuda de um rebocador. Até lá estaremos à deriva, mas não se preocupe: temos suprimentos suficientes, e o cozinheiro me disse que, por via das duúidas, não iria enterrar os cachorros mortos. Achei que fosse brincadeira, mas ele me pareceu bastante sério. Seja como for, não se preocupe. Logo estarei em casa.
Com amor, John.

Círculo Polar Antártico em 9 de abril de 1915

A branda brisa arfava, a espuma alva voava,
E o sulco solto a esfriar...
Jamais humana voz soara antes de nós
Naquele mudo mar.
E o vento cede, as velas cedem... Quem iria
Tristeza mais triste encontrar?
E nós falávamos tão-só para romper
O silêncio do mar!

Rosely, minha amada Rosely, a cada dia que passa os dias vão ficando cada vez mais curtos, e as noites cada vez mais longas. Tive uma longa conversa com Blackborow e ele disse que, conforme a sua experiência, a menos que o bloco de gelo bata em outro, dificilmente vamos sair daqui antes de terminar o inverno.
Ore por mim, minha querida.

Círculo Polar Antártico em 19 de junho de 1915


Santelmo urdia à noite um coriscar de açoite,
Turbilhão e tropel;
A água - um óleo de bruxa - verde, azul e branca
Ardia sob o céu.
E alguns em sonhos garantiam ver o Espírito
Que atormentar nos deve;
Nove braças ao fundo, havia nos seguido
Do lar de névoa e neve.

Está fazendo mais frio a cada dia. Os dias estão ficando cada vez menores e, com eles, a disposição e o humor dos homens. Estamos morando há mais de seis meses neste bloco de gelo, navegando sem rumo ao sabor do oceano. As provisões estão diminuindo perigosamente, e não é mais incomum ocorrerem brigas devido ao cansaço, a fome, o frio ou uma combinação sinistra de ambos. Alguns homens já falam em sacrificar os cães, outros em sair para caçar alguns piplups, mas, de qualquer forma, está muito frio para fazer qualquer coisa. Mesmo escrever tem sido extremamente penoso, o inverno aqui é cruel como jamais pode ser imaginado, e temo que meus dedos acabem quebrando como pedaços de cera se eu forçá-los demais. Continue rezando por mim.
John.

Círculo Polar Antártico em 9 de julho de 1915

Eu não posso ir para casa
Eu não posso dormir
Eu não posso dar
Eu não posso receber
Quero ir para longe deste baile de soldados abatidos
Para casa, você ainda se lembra de mim?
Eu não tenho palavras melhores do que "obrigado por seu amor "
Eu não quero morrer aqui.

Círculo Polar Antártico em 13 de agosto de 1915

Depois de meses de aluguel atrasado, finalmente o cruel inverno antártico cobrou seu preço. O bloco de gelo onde o Endurance está se partiu, e o navio afundou numa fossa. Estamos esvaziando o navio e montando acampamento ao céu aberto, é só questão de tempo até a força descomunal do gelo esmagar completamente o Endurance. Perdemos alguns homens no deslizamento, assim como alguns cães, o que ironicamente aumenta um pouco nossas chances, devido a racionalização dos suprimentos. Passamos o dia inteiro com fome e com frio, mas ninguém fala senão o extremamente necessário. A dor no corpo devido ao frio é tanta que mal conseguimos dormir, isso quando não somos acordados pelos estalos ruidosos do Endurance sendo lentamente mastigado pelo gelo.

Círculo Polar Antártico em 31 de agosto de 1915

Após nove meses entalado, esta noite o Endurance finalmente sucumbiu à pressão do Antártico e é desmantelado pelo gelo, e seus restos são tragados pelo oceano. Vimos com melancolia e impotência o nosso lar nos últimos 12 meses sumir entre as prístinas água salgadas do oceano.
Restaram agora 20 homens, 14 cães, um acampamento, um bote salva-vidas, e mantimentos que não serão suficientes para todos.

Círculo Polar Antártico em 13 de setembro de 1915

Nosso suprimento de alimentos está quase acabando, de modo que mesmo o mais supersticioso dos homens está disposto a caçar alguns piplups, e qualquer outra coisa viva que se possa encontrar nessa região. Além do mais, como nossa sorte pode ficar pior do que já está? Os ventos gelados do inverno, e as tempestades de neve, provaram que a escolha do material usado em algumas das roupas mais leves foi um erro enorme. Elas encharcam constantemente, e a água dentro das botas causa sérios problemas de circulação do sangue. Cinco tripulantes estão com tuberculose, e outros quatro com gangrena nos pés, inclusive eu próprio, e meu amigo Blackborow. Fica cada vez mais claro que não resistiremos a outro inverno, e que temos que nos preparar para zarpar assim que o verão chegar.

Círculo Polar Antártico em 23 de setembro de 1915

Ainda escrevo apenas para ter algo com que manter a sanidade. Jamais mostrarei tão horríveis relatos a Rosely. Caçar os pingüins tem realmente se mostrado uma tarefa infernal, nós perdemos três homens em bolsões de gelo fino, e um atacado por um leão marinho. Imagino que realmente essas criaturas devem realmente ser amaldiçoadas, e a superstição dos marinheiros, da qual zombei do alto de meu conhecimento acadêmico, estava correta. Neste lugar, de que valia possuir um diploma ou um doutorado? A morte, o frio e a insanidade não pedem credenciais, ao contrário do que gostamos de nos iludir enquanto estamos quentes e protegidos em nossas cidades. Essa é a grande verdade da vida e ao mesmo tempo a piada da existência humana.
Falando em piada, durante o dia, e a noite toda, ouvimos o piado irritante daquelas criaturas, e me pergunto se não seria melhor simplesmente furar os tímpanos do que continuar com essa tortura. Em face da dificuldade e do risco em conseguir carne de pingüim, vamos sacrificar os cães que restam nos próximos dias, embora só de olhar pode-se ver que não há muita carne a ser tirada deles.

Círculo Polar Antártico em 7 de outubro de 1915

Apesar da chegada da primavera, o caminho para o mar parece não vir tão cedo, mas na primeira chance o capitão e os poucos homens ainda capazes se lançarão ao mar tentando chegar à ilha Elefante. Desistimos de caçar piplups devido à complexidade e ao risco da tarefa, não fosse o bastante esse bloco de gelo ser instável como areia, os bichinhos ainda têm a capacidade de cuspir água com força, e tudo que você não quer aqui é ficar molhado. Foi assim que minha gangrena piorou. Esta semana mais três homens pioraram da pneumonia, tuberculose ou qualquer coisa assim, e Blackborow teve os pés amputados por causa da gangrena. Amanhã será a minha vez.
Inferno na Terra esquecida por Deus em 10 de outubro de 1915

O capitão partiu no bote salva-vidas acompanhado de 3 homens, mas eu nem percebi. Ontem meus pés foram cerrados devido à gangrena, utilizando uma faca de cozinha quase cega, e sem nenhum tipo de anestésico, bebida ou atenuante, senão praguejar e gritar. Meus pés foram cerrados. Lentamente.


Círculo Polar Antártico em 27 de outubro de 1915

Hoje sacrificamos Boris, o último dos cães que embarcaram conosco. Amputado, há mais de meses comendo apenas gordura de foca, carne de cachorro, e eventualmente um biscoito integral (eles estavam sendo racionados, mas mesmo assim terminaram semana passada), nada me resta senão ouvir aqueles malditos pingüins do inferno zombando de mim dia e noite. Eu não me importo mais em comê-los, apenas queria esganar um por um daqueles demoniozinhos azuis, para que eles fechem sua maldita matraca do inferno.

Círculo Polar Antártico em 15 de novembro de 1915

Estou com febre, possivelmente uma infecção devido à amputação. Passo o dia oscilando entre delírios, sonhos, fome e frio. Lembro de uma velha canção que costumávamos ouvir juntos, lembra disso?
Viaje para a Lua
Você está dormindo, resolvendo um sonho
enquanto a luz da estrela deserta puxa as cordas do fantoche
Eu me esqueci de sorrir para poder ser forte
Tenho certeza de que se estivermos juntos, eu posso consegui-la de volta
Note que
Eu estou aqui esperando por você
Mesmo se o futuro for diferente de agora
Estou aqui esperando por você
Gritando
Certamente o meu coração está dobrando no fio que nos conecta
Não era preciso chorar
para me acordar naquela época
E por Deus, o que é preciso para tirar o piado agudo desses pingüins da minha cabeça? Por que eles não param? POR QUÊ? CALEM A BOCA SEUS MALDITOS MONSTROS DO GELO!

Círculo Polar Antártico em 21 de novembro de 1915

Formigas vivem em formigueiros. Ursos vivem em cavernas. Pessoas vivem em CASAS... não no gelo. Pessoas não são cobertas com pele, e nossos corpos não se dão bem com frio, chuva ou vento. Nosso pé dói se pisamos numa simples pedrinha afiada. O frio congela nosso sangue, e os malditos pingüins não calam a boca, não consigo dormir. Estamos absolutamente sem comida há três dias, não sinto nada da cintura pra baixo, e as malditas criaturas piam noite e dia. Bem, se houvessem noites e dias aqui... Acho que deu para entender.
Não temos nenhuma noticia do capitão ainda, possivelmente ele está morto, e nenhuma ajuda virá.

Círculo Polar Antártico em 28 de novembro de 1915

Décimo dia sem comida, nós chegamos ao nosso limite. Eu sei o que acontece agora. Ouvi os homens falando enquanto eu fingia delirar de febre. Ou eu realmente delirava de febre? Acho que é inútil conjecturar a esta algura. O suprimento de carne acabou, mas existe onde conseguir mais sem ter que correr atrás dos malditos pingüins do inferno que só nos levam à ruína. Olhei ao redor. Parece que eles planejavam levar as palavras do capitão ao pé da letra. O clandestino seria o primeiro a ser...
Preciso fugir daqui, preciso ir embora, preciso sair desse inferno com o pouco de humanidade que me resta. Prefiro morrer no gelo fora do acampamento, talvez eu consiga ainda esganar um ou dois malditos pingüins antes que eu morra. Sim, é o que farei: vou rastejar para fora daqui enquanto todos tiverem dormindo. Morrerei, certamente, mas morrerei ao menos como um cidadão britânico. Ao menos isso.

Anotação final em 29 de novembro de 1915

Minha amada Rosely,
Nestes dias cruéis, invernais e infernais, perdi tudo que era mais importante para mim antes desta fatídica viagem. Perdi minha fé em Deus (apenas quem nunca esteve neste inferno gelado pode acreditar que tal ser realmente existe, e se existe é ridículo acreditar que ele se importa, ou tem algum bom sentimento no coração), perdi meus pés e, honestamente, perdi minhas memórias de você. Não lembro como é o seu rosto ou a cor de seus olhos, e todas as lembranças boas que remanescem parece que aconteceram com outra pessoa... em outra vida.
Não sei se ainda te amo. Será que sinto algo por você? Eu ainda sinto algo?
Choro às vezes, querendo lembrar. Minhas lembranças se foram.
Como você era? Que tipo de pessoa você era? Que tipo de pessoa eu era antes disso tudo?
Não sei se ainda te amo.
Não sei se o meu coração ainda reagiria à tua voz. Não acho que meu coração reagiria a mais nada.
Ou se meu corpo ainda reagiria ao teu toque. Não acredito mais que preciso do teu olhar para viver.
Tua presença já não me faz falta, pois nada mais me faz falta: estou acabado.
Nossa música é apenas uma canção antiga. Teu perfume é só um cheiro que consegui guardar em minha mente. Tua foto no álbum só representa um conhecido de alguns anos atrás... Não sou mais humano o suficiente para ter sentimentos tão profundos.
Acho que não consegui fugir a tempo, minha humanidade se foi.

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John era exatamente o que você via: um farrapo humano delirando entre a fome, o frio, a febre (causada pela infecção da amputação nada cirúrgica) e a falta de sono. Nesta época do ano os piplups escolhem os parceiros para o próximo inverno, e por esse motivo os machos da espécie cortejam as fêmeas disponíveis. Acontece, entretanto, que os piplups possuem uma proporção natural de 87,5% de machos para 12,5% de fêmeas, de modo que a disputa por uma fêmea é bastante acirrada, e é freqüente se ouvir por dias a fio os cantos de cortejo dos piplups, o que para humanos soa apenas como meros pios.
Além de tudo, John estava convencido de que seria canibalizado por seus colegas de desastre assim que estes devorassem o seu amigo Blackborow primeiro, e que precisava fugir dali antes que a última desumanidade se abatesse sobre ele. Devido aos delírios, e devido também à forte cena do discurso do capitão, que ficou gravada impressionantemente em sua mente, John não compreendeu perfeitamente o que acontecia entre os homens naquele momento: eles realmente discutiram se deveriam antropofagisar o marinheiro Blackborow, mas isso devido ao fato de que ele havia falecido há poucas horas, fato esse que John nunca veio a tomar ciência, e pensava que se tratava de comer uma pessoa até então viva. Se você pensar no assunto, as duas possibilidades são realmente horríveis, mas a que John vislumbrava conseguia ser pior devido a uma boa margem de votos.

Enquanto todos dormiam, John se arrastou pela neve, engatinhando, agarrando-se com unhas e dentes a qualquer saliência que pudesse usar para avançar e sair na direção do acampamento, praticamente uma escalada. Sua cabeça doía, seus olhos lacrimejavam de fome, e arrastar os cotocos feridos que outrora foram seus pés na neve não parecia igualmente menos doloroso.
Mas ele sabia onde ir, em seu delírio e loucura não havia espaço para dúvida. Seguiu o incessante piado até a beirada do bloco de gelo, onde alguns piplups estavam reunidos, mas mergulharam assim que o avistaram. Tomado por uma loucura animal, por um ódio contido e guardado contra tudo que havia lhe acontecido até então, uma última tentativa desesperada de tirar do peito tudo que não mais lhe cabia, ou então apenas a mera chance única de descontar em alguém antes do fim, se jogou como uma lince ensandecida sobre o bando de piplups à beira do bloco de gelo, e todos pularam na água, exceto por um, que John conseguiu agarrar firmemente entre seus dedos.
Como já foi dito, era um farrapo humano, sim, uma sombra patética do que já fora um dia enquanto pessoa, sim, e agora, a um passo de ter sua insana vingança, brilhava em seu olhar um brilho de loucura e insanidade, que conseguiam deixar suas feições mais profanas e perturbadas do já era até então. Com efeito, John começou a rir. Rir alto e insanamente, rir como um doente demente.
Por um momento esqueceu a dor, o frio, a fome e a desesperança onipresente do Antártico, e apenas sentiu a criatura, o filhote, não, mais do que isso, a VIDA pulsando, se debatendo em suas mãos. Então disse ele ao filhote entre seus dedos, com um carinho e ternura impares, como se esta fosse a criatura mais amada em toda história da criação até este ponto. Suas mãos, portando a pequena ave, tremiam. Seu queixo batia comulsivamente, seu nariz estava congelado e seus joelhos simplesmente queimavam sobre o gelo. Ainda sim, ele disse com todo carinho e cuidados humanamente possíveis:

“E tudo que eu sinto é este momento
E tudo que eu respiro é sua vida
Porque mais cedo ou mais tarde isso acabará
E eu não quero sentir sua falta essa noite

E eu não quero que o mundo me veja
Porque não creio que entenderiam
Quando tudo estiver destruído
Eu só quero que você saiba quem eu sou
E eu desistiria da eternidade para toca-lá
Pois sei que você me sente de alguma forma
Você é o mais próximo do paraíso que eu chegarei
E eu quero ir para casa agora .”

Dito isso, abocanhou com uma mordida só a cabeça do pinguinzinho, o que foi uma cena particularmente dantesca, tendo em vista que ele efetivamente arrancou a cabeça do animal em troca de alguns dentes e pedaços da sua gengiva. John começou então a chorar compulsivamente, infantilmente, de forma aberta e abrupta, como homem algum deve jamais chorará em momento nenhum.
Como tudo mais na vida, esse ataque insano de insanidade não pôde deixar de ter conseqüências, e efetivamente as teve: de imediato outros piplups surgiram para defender o da sua espécie. Como não havia mais o que defender, pois o filhote já havia sido decaptado, restava a boa e velha dose de ultraviolência e vingança pessoal. Os pingüins bicaram o que conseguiam alcançar de John, o que incluía (mas não limitava a) seus olhos, sua gengiva, suas amputações nos pés, e seus dedos congelados que quebravam como velas de cera. A dor inenarrável, velha companheira de toda desventura humana. Os nervos sensoriais registrando cada célula de sua língua sendo arrancada por bicos inclementes, suas iris sendo atravessadas e coisas de menor calão.

Mais ou menos na altura em que os pingüins estavam mordendo sua língua, como se fosse um pinto pegando uma minhoca (e, com efeito, arrancando-a) John sentiu vagamente alguém o arrastando dali, puxando-o pelo que restara de suas pernas.
Sem poder enxergar (pois as bicadas levaram seus olhos) ou falar (assim como sua língua), John pôde ouvir perfeitamente a voz do capitão Shackelton, que havia acabado de retornar com uma traineira para tirá-los dali e levá-los para casa. Ah, se ele ao menos tivesse chegado dois minutos antes...