sábado, 28 de julho de 2007

[CONTO] Bala de Menta Refrescante

(texto originalmente escrito em 04/08/2006)



Ele só pensava em sexo! Sua mente era povoada de tetas balançando ao som do "choc-choc-choc" de carne contra carne. Fluidos genitais a impregnavam, com suas ejaculações, e membros masculinos sendo esfomeadamente degustados por bocas femininas de carnudos e vermelhos lábios. Penetração simples, dupla, tripla, grupal, animal, tudo valia naquele antro de orgias sem fim.

E aquele "Paraíso Orgástico" não se confinava no espaço limítrofe de sua mente. Quando via um morro arredondado já imaginava seios fartos e salientes. Passava ao lado de uma mulher na rua e ficava imaginando ela totalmente nua. Olhava pra um cabo de vassoura e não demorava pouco pra vir-lhe a imagem de um pênis em rija ereção. Uma nuvem no céu retratava uma posição sexual. Calcinhas no varal da vizinha logo traziam-lhe a imagem da vagina que possivelmente as preenchia. Um sujeito na rua fazendo um simples movimento de "sobe-e-desce" com a mão era o bastante para que se lembrasse de sua última sessão masturbatória de filmes pornô.

Ele simplesmente não conseguia pensar em outra coisa! E precisava fazer algo a respeito.

Mal começava a conversar com uma mulher, e bastava notar qualquer indício de interesse dela por ele, já ficava com o seu membro "animado", o que lhe rendia momentos mais que constrangedores, simplesmente ridículos.

O cúmulo foi o dia em que viu uma garotinha de vestidinho vermelho passeando inocentemente à sua frente na calçada, e sua mente já começou a trabalhar na criação de algum tipo de perversão pedófila suja envolvendo aquele ser cheio de inocência há poucos metros de distância dele.

- Não! Eu não vou fazer isto!! - gritou pra si mesmo dentro de sua mente - Preciso pensar em outra coisa, preciso pensar em outra coisa..!! Já sei!! Um pão francês!

E imaginou um enorme pão francês despencando punitivamente sobre ele (não se importou muito em definir de onde veio). Estava em um mar. Sim, já não se via mais na calçada, agora boiava em um enorme mar de...

- Do que vai ser o mar?! - indagou-se, esquecendo-se do pão francês em plena queda livre - Já sei! Balas de menta!

Não eram puramente balas de menta, mas sim o caramelo mentolado, devidamente colorido por um corante verde, que viria a ser as balas quando solidificado, formando uma densa calda verde e grudenta. Quando engolia sua boca ficava imediatamente refrescante, se entrava nos olhos eles também passavam para o estado de frescor (além de arderem muito, embora ele não soubesse se este era mesmo o efeito de se jogar balas de menta nos olhos).

No mar ainda haviam enormes pães de queijo boiando, e bombas de chocolate igualmente gigantes montadas por garotas completamente pelad...

- Não!! Isto não! Nada disso, nada disso!! Vão ser... porcos!! Porcos grandes e gordos...

... comendo milho. Portanto, eram suculentas bombas de chocolate carregando sobre si alguns simpáticos suínos em plena refeição.

- Você está sendo redundante...

Alguém tem que dar um pouco de coerência a tudo isto, né?

- Tá, tá... Vamos continuar... Aquilo é um cabrito?!

Sim, ele viu um cabrito. O animal boiava desesperadamente sobre o mar de caramelo mentolado, ou não tão desesperadamente assim, pois conseguia se manter concentrado o bastante para mastigar algo ou alguém parecido com...

- Minha irmã?! O que ela está fazendo aqui?! E ela tá...?

Exato, ela estava nua em pêlo (adoro essa expressão!). Foi então que, finalmente, resolveu se lembrar do enorme pão francês que havia caído sobre ele antes de ver tudo isto.

- Peraí! - gritava ele debaixo do pão francês - Se o (gluurrff!)... pão caiu em cima de (grrlaarff!!)... mim antes, como eu não vi tudo isto?! (gaarlf!)

Boa pergunta. Eu é que não vou tentar responder. Afinal, foi você que imaginou tudo assim.

- Tá bom, tá bom... (guuurll!) Então, na hora que ele (grlub!)... tava caindo, pouco antes de (gruuff!)... me soterrar...

Como algo pode te "soterrar" no mar?

- De me afogar, (gluurbb!)... então! Satisfeito?

A imaginação é sua, não minha.

- Eu sou uma criação sua, (grlrub!)... esqueceu?

Isto não importa agora. Fale-me do pão francês.

- Ok, antes de cair sobre mim (gcaaff!)... ele se transformou em um monte de (glurbrl!)... confetes de chocolate!! Ufa!!

... que caíram feito chuva sobre nosso protagonista tarado. Como gostava muito de confetes, acabou comendo alguns, mas para o seu azar, ao chegarem no estômago eles se transformaram em... piranhas!!

As piranhas começaram a devorá-lo de dentro pra fora até não restar mais do que metade de seu torso. Braços e cabeça permaneceram intactos.

De repente começou a chover mais confetes de chocolate, uma verdadeira tempestade composta por eles.

- Não, isto não tá certo!

Por que não?

- Pra chover confetes, primeiro tem que cair pães franceses! Só depois eles se transformam em confetes!

Tudo bem, sigamos essa lógica pervertida... Então começou a chover pães franceses, agora em seu tamanho natural. Enquanto isto, emergiam do mar enormes colunas grossas de chocolate branco, salpicadas de brigadeiros, às quais ele se agarrou como pôde e começou a devorar (apesar de morto!).

- Eu não eshtou morto! - disse ele, com a boca cheia de chocolate branco.

Está sim. As piranhas começaram metade do seu corpo. Não tem nem estômago pra onde ir o que está comendo agora.

- Pôxa, mas eu quero comer os brigadeiros..! Já sei!!

Sem aviso, seu corpo começou a se regenerar. Ossos, órgãos e músculos repentinamente passaram a brotar dos restos de seu abdômen em frangalhos. Logo seu corpo estava inteiro novamente (com roupas, inclusive!).

Como ele conseguiu se curar? Simples, o mar de menta acelerava o processo de cicatrização (falemos sério agora, isto faz algum sentido pra vocês?!). Ou melhor, dotava-o de um fator de cura temporário altamente eficiente (piorou, né? E não me perguntem a respeito das roupas. Aliás, isto me lembra um certo baixinho invocado do qual peguei emprestado parte de meu nickname mais conhecido...).

- Penshei que o protagonishta era eu... - disse o tarado, enquanto se fartava de brigadeiros, ainda agarrado à coluna de chocolate branco.

É, você tem razão. Me empolguei na hora de usar minhas opiniões sobre essa história absurda.

Ah, vocês querem saber como ela termina? Bem, ele acorda e descobre que foi tudo um sonho.

- Não, ishto é muito "Lewish Carroll" pro meu goshto!

E se alguém puxasse o tampão do mar de caramelo mentolado, e tudo fosse embora ralo abaixo?

- Nonsense demaish!

Como se essa história inteira não tivesse sido... Ok, então aparece uma mão enorme no céu, cobre tudo com ela, e amassa uma folha de papel, retirando-a de um caderno no qual tudo isto acontecia sob a forma abstrata de palavras.

- Que plágio maish dishcarado de "Máscara da Ilusão"!!

Se não gostou das idéias, então use uma sua! Afinal, o delírio escapista é seu mesmo.

- Tsc... eu tenho que resolver tudo, né? Tá, segue a minha deixa... - largou os brigadeiros que pretendia comer - Já estou satisfeito - disse ele, com a boca toda lambuzada de chocolate - Agora só preciso beber alguma coisa pra ajudar a descer - e olhou para o mar de esverdeado caramelo - Acho que isto vai servir.

Deixando-se levar pela sede insaciável, não pensou duas vezes antes de começar a beber todo o mar. Foi chupando, chupando e chupando. Passou muito tempo fazendo isto. Anos, décadas, séculos talvez (ou seja lá quanto tempo levaria pra alguém beber um mar inteiro). Enfim, o que importa é que demorou pra caramba, e quando enfim terminou, por incrível que possa lhes parecer, ele não tinha envelhescido um ano que fosse, nem engordado um milímetro sequer (tudo bem, dessa vez não tentarei inventar uma explicação extremamente forçada pra este fenômeno).

- Estou na rua de novo! - disse ele, olhando à sua volta.

A garotinha de vestidinho vermelho já ia virando a esquisa, e apesar de novamente olhá-la com interesse, não tinha mais sua mente cheia de pensamentos vis envolvendo fluidos genitais em orgias pedófilas. Só pensava em:

- Bala de menta refrescante?! (...) Que pensamento mais idiota!!

Caminhou mais um pouco até chegar à videolocadora que costumava freqüentar. Alugou três filmes pornô, comprou um pacotinho de balas de menta, e foi embora pra casa.

(...)

- Sobe-e-desce, sobe-e-desce... (com frescor!)

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Comentários:

Meu Deus, que coisa mais maluca, e mesmo assim, possível..humm, deixa pra lá xD. bjO pra ti meu querido.

Elt | 18-08-2007 16:28:15
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Antes de dizer qualquer coisa, devo admitir que muitas vezes me comportei como esse tarado aí do teu conto. Mas tudo bem! Procure por um anime chamado "Cat Soup". Muitas reviravoltas desconexas que, no fim, fazem sentido! Um abraço, e nunca deixe de escrever. Aélsio.

Aélsio | Email | 29-07-2007 12:08:37
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Vou começar a prestar mais atenção nas nuvens, nunca havia reparado...rs. O problema será se eu me animar...hehehehe. Nada de amassar a folha e jogá-la fora, tá interessante!

Aline | Email | 29-07-2007 00:12:52
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bem viajante o conto, mas o mais interessante é a conversa entre criador e criatura..., por falar nisso, deu vontade de chupar bala de menta...

Lucão | Email | 28-07-2007 21:13:24
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É impressão minha ou o protagonista da história tem o meu sotaque?! =] Conto muito interessante!

Lu | Email | 28-07-2007 16:47:31