sexta-feira, 29 de julho de 2005

[RETALHO CULTURAL] Porque eu gosto do Monty Python

Uns acham esse grupo de comediantes ingleses geniais, por seu humor ácido, e suas tiradas inteligentes, enquanto outros consideram os caras só um bando de sujeitos pretenciosos atirando piadas "cabeça" demais pra serem entendidas, com situações aparentemente absurdas cujo principal objetivo é se tornarem um motivo mais "requintado" de risos.

Na verdade eu mesmo não posso dizer muito a respeito dos caras, já que o único trabalho deles com o qual tive contato até o momento foi o filme "Monty Python - O Sentido da Vida", onde eles tentam explicar justamente o título do filme, com vários capítulos relacionados a alguns dos assuntos essenciais da natureza e da história humana, como nascimento, morte, aprendizagem, guerra, entre outros.

Eu particularmente não acho o filme um "poço de motivos" pra soltar gargalhadas a cada segundo. Pelo menos não cheguei a chorar de rir com nenhuma piada, mas deu pra rir uma hora ou outra.

O que eu acho particularmente interessante no trabalho dos caras é como eles escondem por trás de uma aparente tentativa de fazer as pessoas rirem, uma crítica ácida, inteligente e perspicaz a respeito do ser humano de um modo geral. De suas falhas, de seus defeitos, da forma estúpida com que encara certos problemas, assim como da maneira alienada com que passa pela vida sem dar a devida atenção para os assuntos que realmente importam.

A respeito desse último "defeito humano", acho que o melhor exemplo que eu posso dar é um trecho de "O Sentido da Vida" que se passa em uma reunião de executivos do mais alto escalão de uma megacorporação, onde eles botam algumas pautas em discussão. Eis o trecho abaixo:


Executivo 1: Harry, você teve algumas idéias.

Executivo 2: Tive um grupo trabalhando nisto nas últimas semanas, e chegamos a dois conceitos fundamentais:

Um: As pessoas não estão usando muito chapéu.
Dois: Matéria é energia.

No universo, há muitos campos de energia, os quais normalmente não podemos perceber.

Algumas energias têm uma fonte espiritual, que rege a alma de uma pessoa. Porém, esta alma não existe ab initio, como ensina o cristianismo ortodoxo. Deve ser trazida à existência por um processo de auto-observação monitorada.

Porém, isto raramente é alcançado devido à habilidade do homem, de ignorar questões espirituais com trivialidades cotidianas.

(um longo silêncio...)

Executivo 3: O que você ia dizer dos chapéus?


Se conseguiu rir disso, sinto lhe dizer mas, pra você ainda há um longo caminho pela frente, meu caro... (se não entendeu, também...)

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