terça-feira, 9 de outubro de 2007

[CONTO] Ela e o mar

(texto originalmente escrito em 09/08/2006, com alterações feitas em 09/10/2007)

Vejo-me sentado na areia fina de uma praia deserta. Uso uma camiseta branca bem confortável, e uma bermuda bem larga (não me importo muito com a cor dela). Os pés descalços sentindo o calor aconchegante que a areia absorvera do sol, que mantém seus raios em uma temperatura agradável.

Fico sentado de início, observando as nuvens no céu. Aprecio muito a visão daqueles enormes aglomerados brancos de gotículas d'água desafiando a gravidade e decorando o fundo azul sob o qual deslizam elegantemente. Diante de mim há um mar de ondas suaves, cujo ruído chama minha atenção.

Fico observando as ondulações da água por algum tempo, procurando experimentar o som de cada porção empurrando uma a outra. Estou ficando relaxado com o barulho... O quê?! Sinto uma presença atrás de mim..!

Não olho pra trás, mas ouço seus leves e tranqüilos passos sobre a areia, se aproximando calma e lentamente. Pousou as mãos sobre meus ombros.

- Por que um mar dessa vez? - é a voz dela.
- Até pensei em me imaginar no tradicional gramado, onde costumo ficar deitado observando as nuvens, mas me lembrei que também me acalma o som do mar.
- E por que estou aqui? - ainda permanece de pé atrás de mim.
- Você também me tranquiliza quando está por perto.
- Mesmo que ainda não tenhamos nos encontrado pessoalmente?
- Sim. Ou melhor... não exatamente.
- Como assim? - agachou-se, aproximando seu rosto do meu.
- Eu sempre procuro me encontrar com você, mesmo com a distância que nos separa - viro o meu na direção do rosto dela, que agora o mantém deitado sobre o meu ombro.
- Imaginando nossos encontros, né? - ela sorri como só ela consegue.
- Também. Mas não é só imaginação! Sinto sua presença quando imagino nós dois juntos.
- Pelo nosso vínculo?
- Sim, acho que ele nos ajuda a sentir mais intensamente a presença um do outro. Às vezes tenho até a impressão de que posso tocá-la, bastando que eu estenda minha mão em direção ao vazio ilusório que tenta nos convencer de que nos mantém separados.
- Não seria o oposto? - cruzou seus braços em torno do meu pescoço, em um carinhoso abraço.
- Que oposto?
- A ilusão não seria minha presença?
- Não, você não é uma ilusão! Não se toca uma ilusão! Eu não conseguiria sentir o calor do seu corpo. A textura da pele de sua mão.
- Minha mão? - estendeu seu braço adiante, exibindo sua delicada mão direita aos meus olhos.
- Sim. Já segurei sua mão. Já deslizei a minha sobre o seu rosto. Senti a suavidade dele.
- Mesmo? - ela desliza sua bochecha macia sobre a minha.
- Já senti o cheiro dos seus cabelos. Até ousei tocar seus lábios com os meus! Senti o toque do seu corpo no meu, em um abraço terno, que às vezes desejo que seja eterno.
- Você não parece relaxado agora. Já se esqueceu do mar?

Agora olho aquele imenso horizonte líquido com indiferença.

- Que graça ele tem com você por perto?
- E se a gente mergulhasse juntos? - seu abraço se torna mais forte.
- É, até que assim ele voltaria a ser útil.
- Mas isso não o relaxaria pra você finalmente cair no sono. Não foi por isto que começou a imaginar tudo isto?
- Já estou no sonho que pretendia ter.
- E a frase que tentava recordar quando começou a nos imaginar aqui?
- Uma hora ela reaparece, caso seja realmente importante que eu a passe adiante. Se preciso for, ela encontrará outro instrumento para que se manifeste.
- Tudo bem. - levantou-se e caminhou até ficar de frente pra mim - Vamos? - estendeu suas mãos, com aquele lindo sorriso no rosto.
- Sim, o mar nos espera - agarro as dela com as minhas e, desejando que elas se fundam, corremos até o infinito mar de sonhos a realizar.

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Comentários:

há. já fiz isso, imaginar um lugar bem real. mas não tinha praia, não tinha areia e nem mar. ainda prefiro os meus lugares frios *-* e e e e com muito vento.

heluza. | 04-11-2007 00:54:13

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