quarta-feira, 14 de junho de 2006

[DIÁRIO] O Som das Esferas?!

Ontem ocorreu um fato extremamente peculiar comigo (pra não dizer tremendamente estranho). Tudo começou quando eu estava deitado sobre a cama no meio da tarde sem nada de interessante pra fazer, sem paciência pra assistir a estréia do Brasil na Copa (escrevi este trecho enquanto minha família assistia o primeiro tempo do jogo), e sem inspiração pra escrever qualquer coisa.

Fiquei esperando por alguns minutos o surgimento de alguma idéia para um texto, fosse ele um trecho do meu livro, ou um conto aqui para o blog, mas depois de um certo tempo acabei desistindo. Decidi que era chegada a hora de "apelar".

Abri meu armário de quadrinhos e livros (onde 99% do conteúdo é composto pelo primeiro item), e desenterrei minha edição de "Até mais, e obrigado pelos peixes" (o 4º livro da série "Mochileiro das Galáxias", do genial Douglas Adams) debaixo de meu porta-CDs, pra ler um dos capítulos que eu mais gosto: o 14º. É nele que Arthur Dent liga pro bar da estação de trem onde almoçara com Fenchurchperguntando se alguém havia encontrado o bilhete da rifa que comprou de uma velhinha insistente, atrás do qual a garota havia anotado seu telefone.

Até hoje acho genial a forma como ele escreveu este capítulo, que é praticamente um monólogo da funcionária do bar que atendeu seu telefonema (não ouvimos em nenhum momento o que Arthur fala do outro lado da linha), tanto que vira e mexe eu pego o livro pra reler este trecho.

É realmente uma pena que Douglas Adams tenha morrido tão cedo, deixando tão poucas obras pros seus apreciadores degustarem. Também é lamentável o fato de eu já ter me desviado completamente do assunto principal deste texto.

O que realmente importa é saber que eu estava tentando arrumar alguma boa idéia lendo um texto de um dos meus escritores preferidos. E o mais importante, que fazia isto sentado na beirada da minha cama segurando o livro com ambas as mãos, apoiando os cotovelos sobre os joelhos, ao lado do meu armário de HQs e livros, cujas portas estavam escancaradamente abertas, de modos que era possível ver todas as pilhas de quadrinhos, e a única de livros que se encontram armazenados em seu interior. Foi neste cenário, e nestas circunstâncias que o tal fato aconteceu.

Começou como um chiado muito, mas muuuito baixo, no meu ouvido direito. Era tão ridiculamente baixo que num primeiro instante mal chamou minha atenção. Até aí ainda estava entretido com a leitura. Só alguns segundos depois é que me dei conta de que só ouvia aquele chiadinho do lado direito.

Foi quando eu virei a cabeça um pouco para o lado que o negócio começou a se revelar particularmente estranho. Ao fazer isto o chiado parou por completo, mas foi só voltá-la pra posição anterior que ele estava novamente lá.

Como ainda rolava o jogo da seleção lá na Alemanha, e a cidade estava praticamente parada acompanhando a partida, imaginei que o tal chiado fosse um barulho longínquo de alguma turma exaltada assistindo a disputa na TV. E pensando nisto me levantei, caminhei até a janela do meu quarto, e agucei minha audição o máximo que pude pra identificar de onde vinha o estranho ruído. Resultado: nem sinal dele.

Tá, se o barulho não vinha de fora, e se quando eu me mudava de posição ele simplesmente sumia, de onde diabos ele estava vindo? Como diria qualquer personagem engraçadinho de algum seriado americano (ou o Sílvio Santos), esta é a pergunta de um milhão de dólares, meus caros (ou reais, no caso do Sílvio)!

Mas, até aí, ainda não havia desistido de descobrir a origem do chiado bizarramente baixo, tanto que voltei a me sentar na beirada da cama, cuidando para assumir a exata posição em que me encontrava quando ele surgiu pela primeira vez. Pra minha surpresa, ele ainda estava lá!

Experimentei jogar a cabeça ligeiramente pra frente, coisa de poucos centímetros, e ele mais uma vez sumiu. Voltei com ela pra trás, e o chiadinho retornou.

Daí eu tentei uma estratégia nova. Calculei de que direção ele vinha e fui seguindo-o com o ouvido em linha reta, até onde parecia ser sua fonte. No final da "perseguição" eu me vi com a cabeça quase enfiada dentro do meu armário. Se era de lá que ele vinha? Não. Foi só eu me afastar alguns centímetros do ponto onde ele surgiu que já não era mais possível ouvi-lo.

Cheguei até mesmo a me debruçar no chão do quarto e encostar o ouvido nele pra verificar se vinha de um possível cano que passasse sob o quarto, mas nem sinal.

No final das contas voltei a me sentar na beirada da cama, posicionei minha cabeça no ponto apropriado do espaço, e fui finalmente ouvir com mais atenção o chiado.

Inicialmente não parecia nada mais do que um ruído qualquer, mas depois de um tempo parecia ter alguns padrões no som, como em uma transmissão com algumas interferências de fundo. Em alguns pontos quase dava pra identificar uma melodia no meio daquilo. Mas nem sinal de vozes, pelo menos não do tipo que eu já tenha ouvido.

A impressão que eu tive a respeito da origem daquele som foi de que existia um buraco no tecido do espaço bem dentro do meu quarto que, coincidentemente ou não, surgiu bem ao lado do meu ouvido direito, no exato instante em que eu me sentei na beirada da minha cama pra ler o trecho de um livro de ficção científica, cuja história terminava com os personagens descobrindo a mensagem final de Deus para o universo. Se isto significa alguma coisa, ou se é só viagem da minha cabeça? Não faço a menor idéia.

Só sei que escrevi este texto em duas etapas: a primeira logo depois de ocorrido o que acabei de narrar, e a segunda após eu tomar um banho pra esfriar a cabeça e concluir o que relatei aqui. Assim que eu saí do chuveiro, vesti uma roupa, fiz um lanche e escovei os dentes, experimentei me sentar novamente na beirada da cama, e ficar na mesma posição que eu estava quando o chiado surgiu. Ele não estava mais lá.

O que restou foi a impressão de que eu perdi alguma coisa importante, incapaz de interpretar o que ouvi. De repente a mensagem não era pra mim...

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Comentários:

E aí,blza?Adorei seu blog,muito interessante mesmo,pelo visto tu és uma pessoa muito culta,adoraria trocar com umas idéias contigo.Bjs,João.

João | Email | 23-01-2007 19:37:17
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Nossa! Adorei esse post! XD É interessante que, enquanto eu lia, me vi a mim mesma fazendo o mesmo que você... Apesar do outro ali achar que é esquizofrenia eu acho que é uma coisa realmente interessante. XD Já aconteceu comigo e só me encheu de caraminholas na cabeça... Fiquei em tike! Me perguntando por qual motivo não havia descoberto a origem do som... :D Bem... espero que de uma próxima você já tenha arrumado um Babel Fish para poder nos passar a mensagem interestelar de nossos vizinhos galácticos!!! XD _o/

Alynne | Email | 21-10-2006 22:31:50
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Wolv, isso tem nome. Se chama esquizofrenia.

Cilon | 17-06-2006 01:22:39
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Oo Aaaaaaahhh! Mas isso já aconteceu comigo várias vezes Oo Na última foi de noite, quando ia pra casa, mesmo dia que vi e ouvi muitas coisas que ~...não eram pra ser ouvidas nem vistas Oo Enfim Oo Eu já me acostumei com isso x.x Aleas...o "eu" é a Heluza ¬¬

eu. | 16-06-2006 00:28:47

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