terça-feira, 11 de julho de 2006

[REFLEXÕES] "Onde o sábios nadam, os loucos se afogam"

Nús subaquáticos de Valery Anzilov

Montagem feita com fotos de Valery Anzilov

Este é um provérbio que já li em duas ocasiões diferentes, respectivamente nas obras de Carl G. Jung (O Eu e o Inconsciente) e Joseph Campbell (O Poder do Mito), dois homens que, por si mesmos, representam a imagem dos sábios modernos: aqueles capazes não de gerar conhecimento, mas de compilar os que já possuímos de maneira fragmentada, provenientes dos mais variados ramos do conhecimento humano, e interpretá-los com base na integração que compuseram.

O que este simples provérbio tem a nos ensinar? Muito!

Ensina a não nos afogarmos em nossas mágoas; a não deixar que nossos problemas nos enterrem vivos; a não guardar muito pra nós mesmos, em uma atitude egoísta perante o mundo de coisas e pessoas que se abre diante de nós, sejam elas bens materiais, morais ou intelectuais. Tudo que nos chega de valioso vêm para compartilharmos com os outros!

"Nadar" não significa simplesmente "se deixar levar" pela correnteza, mas também ensinar outros a nadarem, dentro de suas próprias capacidades.

"Se afogar" é deixar-se dominar por seus problemas, seus medos, sua insegurança, seu egoísmo e orgulho.

Guardar para si conhecimento representa um peso enorme em nossa consciência, pois no nível inconsciente sabemos muito bem que aquele peso não é pra ser carregado por muito tempo, mas passado adiante, não de uma só vez pra uma só pessoa, mas repartido entre muitas. Mais uma vez cabendo a cada uma receber a porção que é capaz de suportar, de assimilar e, claro, de retransmitir.

É assim que o bem se faz! É assim que ele se alastra!

Que é a depressão, se não um peso que afunda nosso ser? Uma carga que devemos entregar a seus muitos destinatários! É o aviso de nossa consciência para quando estamos desperdiçando nossas vidas e nossas potencialidades! Deixando não só de vivê-la, mas de compartilhar nossa energia vital, a luz que ilumina nosso ser, nosso tempo, nossa paciência, nossos conhecimentos!

Que é a dor, se não o cansaço físico e psíquico que se abate sobre nós quando nosso corpo se dá conta de que estamos guardando muito pra nós mesmos, quando deveríamos usar todo o nosso potencial, nossas capacidades, para ajudar outras pessoas a desenvolver as delas? Ajudá-las a caminhar, a nadar, e não se afogar em suas próprias aflições!

Que é a vida, se não a energia que move nossos corpos; que sustenta nossos seres; que fornece as forças de que precisamos para carregar nossos bens físicos, morais, intelectuais, espirituais, até o ponto em que precisamos compartilhá-los?

Que é a intuição, se não aquilo que nos aponta para o caminho certo, ou nos diz se estamos no errado? Que nos dá um vislumbre de um futuro glorioso, ou nos adverte do sombrio que decorrerá de nossa (re)incidência nos erros.

Que é o amor, se não a injeção de ânimo que muitos de nós precisam tomar para aprender a fazer bom uso da vida que nos foi oferecida? A luz da nossa consciência! A idéia da integração de tudo e todos. A interconectividade dos destinos humanos. A ordem que dá sentido ao caos. O preenchimento do vazio. O florescimento de um jardim. O despertar das potencialidades. O nascimento de um sábio. O nadar e não se afogar.

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Comentários:

Virou meu texto de referência.

Aline | Email | 13-07-2006 16:29:50

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