quinta-feira, 1 de abril de 2004

[REFLEXÕES] Um princípio

"Oi! Meu nome é Rodrigo."

Viram? Perceberam? Notaram a simplicidade da frase? A clareza com q isto começou?

E a partir daí, o q temos?

O nascimento de uma amizade? O primeira passo de uma paixão? O início de um novo amor?

Desse ponto em diante o leque se abre, apresentando inúmeras possibilidades. E a partir destas, outras tantas se formam, tornando duas frases a causa primeira de algo q se tornou maior.

Um ponto no meio do nada. Uma semente jogada na terra. Um pé tocando na bola. Uma palavra mal empregada. Uma borboleta batendo suas asas.

Um casulo, se rompendo de dentro pra fora...

Uma lagarta, indo dormir pela última vez como tal...


A simplicidade do princípio é algo espantoso, fantástico, muitas vezes inexplicável, por mais explicável q seja.

Nascemos neutros, e nossas mentes são como livros vazios, tendo suas páginas brancas, demonstrando a pureza daquele ser q acabou de nascer.

Um HD totalmente formatado, pronto para ser preenchido.

No útero permanecemos com os olhos fechados, pois é impossível enxergar aquilo q existe ao nosso redor. Ou será q não?

Não seria essa uma vontade inata e inconsciente de não querer conhecer o q há lá fora? Um desejo inabalável de não querer abandonar o maior conforto q um ser pode conseguir em vida?

É realmente tudo tão simples lá dentro. Tudo tão limitado. Tudo tão fácil de ser conseguido.

Mas não. Não podemos ficar lá. E não somos nós q decidimos isso. É aquele mundo lá fora. Aquela realidade q nos aguarda. Aquele ambiente externo para o qual temos medo de abrir os olhos. Mas somos forçados a isso.

Nossas mães abrem suas pernas, depositando no mundo um novo ser, q pelo simples fato de existir aqui fora, já começa a ser bombardeado por informações q irão moldá-lo. Transformá-lo. Destruir sua pureza.

As páginas brancas começam a ser preenchidas. O HD passa a ser ocupado por informações vindas dos mais diversos meios e das mais variadas formas. Assim começamos a existir nesse mundo formado de matéria.

Nos sentimos pesados, e muitas vezes pressionados diante de tamanha quantidade de informações. E não é a toa q muitos bebês demoram tanto pra abrir os olhos, mesmo passado um bom tempo depois de nascerem.

São seres incapazes de processar tamanha quantidade de informações q o mundo lhes oferece. É preciso um preparo inicial. E isso fica por conta da apuração dos outros sentidos. O tato seria o primeiro deles.

Lembram do tapa q o médico deu em seus traseiros? Provavelmente não. Mas isso é tido como prova inicial de q aquele pequeno ser não só está vivo, como tem noção de q existe um mundo ao seu redor. Uma realidade q está além de si.

Aos poucos percebemos q o corpo é nosso limite. É onde nós terminamos e o mundo começa. Embora tais conceitos possam vir a ser questionados com o tempo.


Mas, esta é a idéia do princípio. A idéia do simples.

Porém, o q é o homem senão um ser insatisfeito?

Ele não se contenta em apenas ver o q se apresenta aos seus olhos. Não quer apenas ser um espectador, e tampouco o ator q contracena com os demais atores, ele tb quer ter acesso ao roteiro da peça. Entender o pq de aquilo tudo ser daquela forma.

O mundo nada mais é do q a maior fonte de sua insatisfação.

O homem começa a se perguntar como as coisas funcionam. Como toda aquela beleza se tornou bela. Como todo aquele movimento começou. Como aquilo q existe passou a existir.

Ele estava deslumbrado. Impressionado com o q via. Tanto q se esqueceu de si, e voltou seus olhares para o"lado de fora". O mundo "ali adiante". Tão próximo para ser visto, mas tão distante para ser compreendido.

E isso gerou o desejo. Surgiu a vontade q fez do homem um ser em busca da explicação q lhe satisfizesse.

Tal busca deu ao homem acesso a um verdadeiro mundo de informações. Dados novos. Conhecimentos os quais ele nem sequer imaginou q teria quando iniciou sua busca pelos tais.

O homem descobriu um mundo quase tão vasto quanto aquele q ele procurava interpretar.

Um mundo de perguntas, q eram respondidas, mas q davam origem a novas indagações.

E assim o conhecimento humano foi se tornando vasto. A simples vontade de compreender o mundo no qual vivia deu origem a um complexo conjunto de dados referentes a ele.

A simplicidade se tornou complexa, e o homem passou a ser espectador, ator e leitor do roteiro ao qual tanto queria ter acesso.

Não observava mais, nem se contentava em fazer parte daquilo q via. Ele queria entender o q tornava tudo da forma como lhe era apresentado.

Pq o céu era azul. Pq as folhas eram verdes. Pq a água era molhada, e a terra era seca.

Pqs q geravam outros pqs.

Um ramo q dava origem a dois, q se ramificavam em quatro, e assim por diante.

O homem passou a acumular uma quantidade enorme de conhecimentos a respeito do mundo q o cercava, mas, parecia lhe faltar algo.

Ele descobriu q só poderia ler aos poucos o roteiro q tanto desejava ter em mãos. E q deveria encontrar por si só as páginas q faltavam

Lá fora estava o mundo, quase q pedindo para ser desvendado por ele, mas, o q acontecia com aquilo q não podia ser visto, mas apenas sentido?

O q acontecia com o "lado de dentro"?

E quanto a si, o q podia ser feito?

E assim, o homem passou a se preocupar consigo. Passou a se voltar para si, a fim de tb tentar se compreender. E da mesma forma q conseguiu grandes avanços buscando respostas relativas ao mundo no qual vivia, ele tb pensava ser possível responder perguntas ligadas a si próprio.

Mas, quando ele finalmente começou a se preocupar em desvendar a si próprio, o homem encontrou um ser completamente diferente daquele q um dia foi.

Ele não era mais simples. Não era apenas um observador do mundo, mas um ser q já havia solucionado vários mistérios acerca do ambiente q lhe cercava.

Seu conhecimento se tornara mais vasto. Sua mente era a de um ser ciente de diversos mecanismos q, em conjunto, permitiam q o mundo "funcionasse" da forma como ele se mostrava.

E o ser humano se deu conta de q, naquele ponto onde se encontrava, qualquer tentativa de entender a si mesmo daria início a uma nova bateria de perguntas intermináveis. De mistérios a serem resolvidos. De questões q gerariam outras ao serem solucionadas.

E a complexidade na qual se encontrava se tornaria ainda mais complexa. E o homem, q se tornara complexo em sua busca pelas verdades q moviam o mundo ao seu redor, se viu diante de um cenário aterrador: sua busca por conhecimento havia se tornado um caminho sem volta.

Jamais ele poderia começar do zero. Jamais ele se tornaria capaz de analisar a si próprio sob a ótica de um simples observador. E jamais ele encontraria um ser simples, q poderia ser facilmente compreendido.

Sua mente se tornou tão complexa, q só a complexidade poderia explicar tudo.

Assim, o início se tornou algo impossível de ser simples.

Nada poderia ser gerado a partir de um ponto. Uma planta não poderia nascer apenas do fato de uma semente ser jogada na terra. Um pé tocando uma bola não era a única explicação q poderíamos adotar como aquela q demonstraria o pq de ela se mover depois do chute. E a borboleta não voa apenas por bater suas asas.

O simples se tornou complexo. A criação se tornou um dos maiores motivos pelos quais o homem achou q só através de uma teoria complexa ele poderia explicar o princípio de tudo.

Como o início de tudo pôde ter sido tão simples se isso deu origem ao tudo q existe hoje?

Se o mundo, e o ser humano são complexos, pq ambos deveriam ter princípios tão simples, como um ponto do qual se originou tudo, ou um espermatozóide penetrando um óvulo? Não fazia sentido.

Mas, não foi o homem a causa de sua própria complexidade?

Não foi ele q, através de sua vontade de compreender o mundo q o cercava, aquele q tornou si mesmo um ser complexo, q insiste em criar teorias igualmente complexas para explicar a origem do universo, ou a dele próprio?


Éramos tão felizes quando crianças. Tudo parecia tão simples.

Brincar com os amigos. Ganhar uma bala. Tomar um sorvete. Ser abraçado pela mãe.

Tudo isso nos fazia feliz.

Tudo isso era mais do q suficiente para vivermos em constante felicidade.

Nos contentávamos somente com isso.


Mas, o mundo é cruel quando se vê diante de "páginas vazias", e logo dá um jeito de preenchê-las.

Logo, as experiências se acumulam, conhecimentos são obtidos, informações entram em conflito, personalidades são formadas, a visão do mundo exterior se particulariza, e nos individualizamos cada vez mais.

Não demora muito para os problemas psicológicos surgirem.

O ser começa a temer o mundo e as pessoas q nele vivem. Pessoas como ele, q tb guardam sentimentos em si. Seres q tb pensam, q tb enxergam o mundo à sua maneira, e q o interpretam da forma q lhes convém.

Tais fatos tornam essa pessoa alguém q se encontra em constante indagação. Uma pessoa q vive pensando o q as outras pessoas pensam dela. Ou ainda, o q elas pensam do mundo e de suas próprias existências.

E essa pessoa começa a ter medo do q pode descobrir caso faça tais perguntas. Essa pessoa teme entrar em conflito com os pensamentos das outras. Tem medo de ir contra aquilo q elas pensam de si próprias e dela.

Essa pessoa se torna um ser complexado, tamanha é a variedade de perguntas q passam por sua cabeça durante um dia de sua vida. Uma hora, um minuto...

Essa pessoa se fecha para o mundo, com medo de enfrentar aquilo q tanto tenta desvendar, a fim de encontrar alguma segurança para agir, mas nunca consegue...

Essa pessoa cria um casulo psicológico ao seu redor, e jamais se expõe da forma q realmente é para aqueles com os quais convive.

Nesse casulo existe uma fenda, a partir da qual ela "espia" o mundo lá fora, e através da qual ela consegue se expressar e se expôr algumas vezes. Não através de gestos, ou de palavras ditas, mas através de letras q se associam. Através de textos q dizem mais de si do q ela própria consegue dizer usando de meios mais"simples" como a fala, por exemplo.

Essa pessoa só consegue exteriorizar parte de si através de uma ponte imaterial. Por meio de um canal"não-físico". Uma rede formada por informações. Por impulsos elétricos.

Essa pessoa pensa q a fonte da infelicidade humana é o conhecimento q a humanidade acumulou durante sua existência, assim como a origem da nossa infelicidade como indivíduos são as experiências q nos moldam.

Ela pensa q, quanto mais o homem conhece a respeito do mundo e de si próprio, mais ele se afasta da felicidade. Se afasta do caminho a ser seguido rumo a ela.

Essa pessoa acredita q, para ser feliz, não é preciso se perguntar como o mundo funciona, como tudo começou, ou o q as pessoas pensam ao seu respeito. Ela pensa q a felicidade é algo simples de ser obtido, mas q o homem se tornou um ser complexo demais pra notar isso. Ou ainda, q o homem compreende q a simplicidade é o caminho para atingir a felicidade, mas q se tornar simples, para um ser tão complexo, é algo praticamente impossível.

Essa pessoa escreve textos q buscam tentar explicar tais idéias. Textos q procuram explicar a si própria, e a forma como ela enxerga o mundo no qual vive, e a maneira como o homem se encontra ainda tão distante de encontrar aquilo q lhe falta. Aquilo q o tornará completo, e q acabará com toda a sua insatisfação.

O retorno ao simples é o q essa pessoa deseja. O retorno à época em q a felicidade era algo tão palpável, tão próximo de ser alcançado, mas q agora se mostra tão distante.

Essa pessoa sou eu, e aqui ela encerra esse texto...

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Comentários:

nao li nao entendi nao nao e nao entendeu?

leila | Email | Homepage | 05-08-2006 16:36:45
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Não sei pq a seção de comentarios do seu blog me lembra aquele texto "sermão aos peixes"... interessante seria se as pessoas realmente soubessem escrever sem usar o termo EU como mote principal. Mas enfim, namida amida butsu...

Ceres | Email | 03-04-2004 05:08:43
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"Olha eu aqui de novo também, sumi, mas estou aqui firme e forte!" Dessa vez você demorou pra voltar!!!!!!!!!!!! que coisa heim? Sabe descobri faz umas semanas o que vc deveria estudar! Antropologia! Na moral...

Tabi | Email | Homepage | 03-04-2004 03:11:32
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Não li sua post, mas vc está de volta... E eu fui embora...

Mudoh Belial | 01-04-2004 09:14:05

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