"Take a Shower" de Stefanie Greuel
Fim de um longo e cansativo dia de trabalho. Você chega em casa e não vê a hora de ir pro banheiro, se livrar daquelas roupas sujas e suadas, abrir o chuveiro com a água quentinha (quando no inverno), ou gelada (no verão), e se entregar àquela chuva instantânea e particular.
Deseja que cada gota não caia em vão, mas com o único e nobre objetivo de acariciar sua pele cansada e endurecida pelo dia corrido. Relaxá-lo, a fim de que tenha uma tranqüila e prazerosa noite de descanso, que contraste com o novo amanhã que o espera, cheio de atividades a serem feitas.
Mesmo durando apenas alguns minutos, aquele mergulho em gotas tão gentis, dedicadas em seu esforço de nos dar alguns instantes de desligamento total, nos transporta para um mundo distante daquele que abandonamos quando nos despimos de nossa armadura de batalha, e nos livramos de nossas máscaras de atuação. Um mundo a um passo de distância, acessível por meio do simples ato de adentrar o box do chuveiro, e permitir que a água caia sobre nós.
A água é nosso feixe de teletransporte, a porta de entrada para um mundo particular, onde por poucos mas infinitos minutos podemos ser tudo, pensar em tudo, criar tudo, ou simplesmente não ser, nem pensar, e tão pouco criar, mas meramente tirar férias instantâneas de nós mesmos, de nossos problemas, dos outros, e dos problemas deles.
Tiramos férias do mundo naquele simples feixe de água massageadora, férias de tudo, e aproveitamos um nada que nos restaura as energias. Um nada que não nos consome. Mas também corremos o risco de entrar em contato com um tudo que pode vir em turbilhões, ou em pequenos e bem organizados pacotes.
Mundos povoados por seres da imaginação. Idéias que guardam outras idéias. Caminhos ocultos que só se permitem ser enxergados quando nos esquecemos de todos os outros, de tudo e de todos.
E quando desligamos o feixe aquático de transporte dimensional instantâneo, com um simples girar de torneira, e voltamos para o mundo da ação, podemos até trazer conosco muita coisa. Muitas idéias, muitos caminhos, muitos mundos e seres, muitos "eus" e "outros", e até mesmo muitos "nós".
Mas também há a opção de não trazer nada. De nos contentar apenas com o breve cochilo que tiramos durante toda a viagem.
Podemos não apreciar a paisagem, voltando pra casa satisfeitos com mais um raro momento de descanso, de não-agir, neste mundo que nos força a seguir seu fluxo, ou simplesmente nadar até a margem e ficar lá deitado, esperando o rio terminar seu fluir eterno.
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Comentários:
Em que sentido? E, quem é você? A mesma "A" do comentário abaixo?! Wolv | 16-05-2006 22:45:21 ___________________________________________ | |
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Vocês dois (irmãos) são interessantes! No entanto prefiro a ti, apesar dele sempre elencar afinidades, identifico-me mais contigo... grande abraço! A | Email | 13-05-2006 12:16:26 | |
"É bom,ás vezes se perder, sem ter porquê, sem ter razão, É um dom, saber envaidecer, Por si, saber mudar de TOM" Maria | 07-05-2006 13:07:11 | |
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