sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

[CONTO] A Chama

(texto originalmente escrito em 15/07/2007)

Broken Flame de Thienbao

Fecho-me na caixa do porão do prédio da cidade do estado do país do continente do mundo do sistema estelar da galáxia do universo de mim mesmo. Camada após camada, como os anéis de um carvalho, tentando esconder sua mais íntima origem. Fecho tudo isto sobre a chama. A centelha que clama por criar e participar do fluxo.

Não quero participar disto! Não quero mas não posso. A chama é mais forte. Ela não se apaga por mais que eu queira. Ela pede mais e mais. Ela consome tudo a seu alcance para que se mantenha acesa. Vai-se tudo! Carne, mundo, universo, tudo expira, tudo arde! A chama prevalece. A chama queima. A chama flameja e lambe tudo ao redor. A chama sacia sua fome de consumir-se e jamais esgotar-se.

Não quero a chama, não quero nada, ou melhor, eu o quero. Ele que me consuma, não ela. Mas não há nada. Há o tudo permeado pelas irmãs da chama. Há o grande foco de onde ela veio. O foco não deixa que ela se apague. O foco é eterno. O foco alimenta a chama, e ela se alimenta de mim. Não quero mais ser alimento! Mas, quem sabe se eu abraçá-la... Quem sabe se eu aceitá-la como uma amante, e deixar que meu amor por ela me consuma por completo..? Assim, ela terminará tudo mais rápido. Eu vou-me e a chama sobrevive, satisfeita, saciada. Apenas a chama, e seu brilho de infindável beleza.

Eu te amo, chama, até a última gota de meu ser! Abrace-me, consuma-me! Eternize-me em ti! Ardamos! Saciemos nossa sede de viver puramente..!

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