domingo, 16 de agosto de 2009

[RESENHA] FRINGE

O maior desafio para aquele que escreve uma resenha é deixar o leitor instigado para saber mais sobre o que o autor escreve (neste caso, uma série), e ainda tomar cuidado para não revelar nada crucial, que faça o leitor perder seu interesse por já saber o que vai ocorrer. Bom, devo concordar com o Queza, não sou bom nisso, mas espero alcançar algo razoável. Vamos lá então:

Para todos aqueles que estavam se sentindo órfãos desde o fim de Arquivo X, ou para os que curtem uma boa série de ficção e que perderam a vontade de assistir Smallville ou Heroes e tantas outras séries que começam arrebentando mas perdem a mão, Fringe é a solução.

Fringe

onde já vi uma escotilha antes?


Saída da cabeça de J.J. Abrams, que já nos presenteou com Alias e Lost, Fringe começou sua primeira temporada um pouco morna. Parecia somente mais uma série como tantas outras, mas aos poucos foi me prendendo, ao ponto de não conseguir parar de assistir até saber o desfecho. Aliás, como toda série de sucesso (e exigência do capitalismo selvagem) deixa um bom gancho para a próxima temporada (que, pra minha sorte, não demora a sair).

Mas afinal, do que essa série trata? É cópia do aclamado Arquivo X? É original? Bom, não é exatamente original, visto que cai na mesma formula que trouxe sucesso ao “antecessor”: agentes do FBI investigando casos estranhos. Mas, numa época em que praticamente tudo é chupado de outra coisa de sucesso (má má oiii Lombardi...) a genialidade está em pegar velhas fórmulas e tratá-las sob um nova roupagem ou ponto de vista. E nosso caro J.J. consegue fazer isso com maestria.

De começo, somos apresentados à agente Olivia Dunham, que, ao investigar o que parece ser simplesmente um caso de bioterrorismo, acaba sendo envolvida por algo bem maior: o Padrão. WTF??? Segundo explicado na própria série, o Padrão seria constituído por uma série de experiências onde o mundo é o laboratório. Olivia passa então a trabalhar para a divisão fringe, que se dedica a investigar esses casos.

Logo para resolver o primeiro caso, Olivia precisa recorrer à ajuda do cientista louco (eita) Walter Bishop. Conseguir essa ajuda não é fácil no entanto. Ela precisa que o filho de Walter, Capitão Duck, digo, Peter, assuma a custódia do pai para que ele seja liberado da instituição mental em que está confinado. Assim, é formado o grupo de investigação.

Não posso deixar de destacar aqui esses personagens. Walter Bishop é, sem dúvida nenhuma o maior fucking genial cientista da face da Terra. Sim, esqueça Einstein, Stephen Hawking. Se o caso é esquisito e envolve ciência de ponta, pode ter certeza q ele já trabalhou. O que aliás, em minha opinião, fica um pouco forçado. Todo caso apresentado nesta primeira temporada, ou Walter trabalhou com ele no passado, ou tem alguma ligação. O que nos leva a crer que ele fez experimentos por uns 100 anos, pois é impossível alguém se dividir entre tantos projetos e obter resultados rápidos em todos eles. Mas tudo isso é um pequeno detalhe, facilmente ignorado, quando se soma a brilhante interpretação de John Noble (diga-se de passagem, a única digna de nota dentro da série), que sabe dar vida ao personagem de uma forma maravilhosa, intercalando momentos de genialidade com pura abstração e a divertida loucura de Walter Bishop.

Completando o quadro acima, temos Peter Bishop, gênio e trambiqueiro, cínico e cético. Fazendo dupla com seu pai, traduzindo e explicando para os leigos as teorias e divagações do pai. Ainda assim uma criança que cresceu tendo a figura de um pai ausente e desorientado, e que agora tem de aprender a conviver com ele. E, apesar de já passar dos trintas, não posso deixar de notar que o ator Joshua Jackson ainda tem a mesma cara de quando gravou “Nós somos os campeões”. Melhor são as caras que ele faz, quando Walter aparece com suas teorias “absurdas”, mas que no final sempre estão corretas.

Peter e Walter

Vá meu filho, ganhe esta pelos Ducks!!!


Olivia Dunham, a mais apagada de todas as personagens, interessante que ainda sim consegue ser a principal. Uma agente que se pode considerar fora do comum. Ela não perde um único caso em toda a série. Taxa de aproveitamento de impressionantes 100%. Interessante ainda não ter sido promovida pra chefe do FBI. Críticas à parte, ela faz a ligação do cotidiano com o misterioso. Parece estar predestinada à algo importante, mas iremos conferir isto nas próximas temporadas. Interessante que ela possui a postura “I want to believe”, contrapondo-se ao cetecismo de Peter, criando uma relação Mulder-Scully às avessas.

Peter e Olivia

Você viu um careca onipresente passar por aqui?


Agora, o maior paradoxo da série talvez seja Astrid Fansworth, a agente assistente de Olivia. Fera em computação, em lingüística, encriptação... e fica ali, não fazendo nada, somente servindo de mera assistente para as (duvidosas) experiências de Walter. Penso: que agente formado e aspirando uma grande carreira se sujeitaria a isto? Pelo fato de não fazer nada relevante, ainda assim aparecer em TODOS os episódios da série, ela com certeza merece do troféu do Compadre Washingtonismo (Q?).

Astrid Tcham

tchaaam!!!

Outro fator interessante na série (e que não poderia faltar) é a empresa Massive Dynamic. Fazendo o papel de mega corporação evil, realiza um papel dúbio na primeira temporada. Não sabemos se ela é realmente tão má assim, ou se, no fundo, tem boas intenções. Seu fundador, Willian Bell, era companheiro de pesquisas de Walter, e envolvido nas mesmas experiências. Interessante notar que quase todo caso relacionado ao padrão, tem a participação de empresa, de forma direta ou indereta.

Uma série que realmente promete. Somente nesta primeira temporada tivemos (olha o spoiler...), lobisomens, quimeras, viagem no tempo, teletransporte e outras tantas que fazem a alegria de um nerd. Um prato cheio para quem curte boa ficção, embasada na velha e famosa pseudo ciência. Muitos casos bizarros, agentes do FBI investigando... peraí, onde já vi isso? Bom, dessa vez a verdade não está lá fora, mas bem aqui, pertinho, à um deja vu de distância. Como assim? Oras, isso só é respondido no final da temporada, então, confira!

4 comentários:

  1. Ah, vc e o Queza podem parar de se subestimarem! Os reviews de ambos ficaram ótimos!

    Deixam o leitor curioso, não revela muito, mas o essencial, alguns comentários bem humorados, apontando os pontos negativos e positivos. Logo vcs pegam o jeito e se superam. Mas, pra uma estréia, vcs se saíram muito bem!

    Sobre Fringe, é uma série q exige um bocado de paciência até a história "esquentar", mas vale a pena. O lance do Walter ter relação com praticamente todos os casos soa bem forçado mesmo, mas felizmente deixam isto em segundo plano lá pelo meio da temporada.

    Ficarei torcendo pros responsáveis pela série corrigirem estes pequenos problemas e nos entregarem uma 2ª temporada melhor estruturada. O gancho final prometeu muito, espero sinceramente q cumpra, pelo menos em parte.

    ResponderExcluir
  2. Hmm, me senti instigado a fazer uma resenha de Fringe falando exatamente o contrário =P

    ResponderExcluir