sexta-feira, 14 de agosto de 2009

[CONTO] As Árvores da Memória - Capítulo 7


Blocks de Jennifer Davis


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Viu-se em uma ampla varanda, toda cercada de vidro. Havia muitas plantas espalhadas por ela. Samambaias de três tipos, um coqueirinho, duas orquídeas, dezenas de violetas roxas, rosadas e brancas. Ao seu lado uma garotinha, que aparentava uns sete anos, brincava sentada no chão com bloquinhos de madeira que imitavam tijolos. Havia dezenas deles espalhados à frente de suas pernas abertas em arco. Sentada no piso, construía um castelo. Uma boneca de plástico estava sentada, recostada na parede de frente pra menina.

- Só mais um pouquinho e eu termino, princesinha! - tinha os cabelos castanhos, ondulados, pele rosada. Usava um vestido bege, e um par de sandálias azuis com fivelas.
- Tô com saudades da Lúcia... - sua voz era de menina. Devia ter seus nove anos, a julgar pelo tamanho das mãos, que repousavam sobre o encosto da varanda, cuja parede subia até cerca de um metro e meio. Estava ajoelhada sobre uma cadeira de madeira azul. Olhava os carros passando pela rua, a árvore que fazia sombra na varanda, e o movimento do supermercado na esquina que formava uma diagonal com a de sua casa. Não conseguia decidir onde fixar seus olhos - Essa casa é tão grande! Tem o balanço no quintal, e o banheiro escondido dentro do guarda-roupas. Ia ser muito legal mostrar esses lugares pra Lúcia. E pra Marcinha! Sinto falta dela também.
- É, ia ser divertido se elas viessem pra cá. - terminou de montar a torre central.
- Se não fosse tão difícil pra elas viajarem...
- É... - botou o segundo bloco da ponte dupla.
- Nosso quarto é tão grande! Dava pra brincar muito lá dentro.
- A tampa de privada de vidro com a borboleta dentro é tão bonita! Elas iam gostar de ver. - começou a construir o muro da biblioteca.
- É. E também é legal olhar a rua pela janela do banheiro enquanto a gente toma banho.
- Uhum! O Felipe também ia gostar bastante do balanço - estava na metade do muro.
- E o Fábio e o Douglas iam adorar o fliperama lá da praça!
- O Sílvio e o Leo também! - terminou o muro.
- Aham! E a Gisele ia gostar muito do jardim lá do centro, principalmente dos arcos de flores!
- E acho que todo mundo ia querer andar de pedalinho lá na lagoa. - começou a torre direita.
- É, todo mundo ia querer... - três garotinhas passavam na calçada do outro lado da rua. Riam muito, cochichando entre elas. Uma abraçava uma boneca de pano, outra carregava um caderno rosa cheio de adesivos brilhantes, e a terceira levava uma bolsinha branca com detalhes azuis nas costas. - Queria que todos estivessem aqui!

Piscou, e no momento seguinte estava de volta ao degrau vermelho. Virou a folha e leu em seu verso:


18 de setembro, com 9 anos, 1 semana, 10 horas, 13 minutos, 26 segundos


"A Cidade Ideal..." Um sorriso triste e contido formou-se. "Apesar de tudo, era bom..."

Esqueceu-se da folha, e soltou-a no abismo branco sem dar muita bola. Vagou com os olhos por poucos segundos sobre o aglomerado de folhas brancas à sua frente, e parou com eles sobre o portal vermelho do qual saía a árvore. Notou que ela prosseguia longamente pra dentro dele. "O que será que existe do outro lado?"


CONTINUA...

3 comentários:

  1. Eu brincava com esses blocos de madeira.

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  2. Minha mae nao comprava esses bloquinhos pra mim porque eu engolia eles !

    Ta beeim legal ! =DD

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  3. O que aprendemos hoje? Não coloque imagens nos textos, as pessoas tem a capacidade de foco do Homer Simpson e vão esquecer o que vc escreveu pela coisa colorida

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