sexta-feira, 31 de julho de 2009

[CONTO] As Árvores da Memória - Capítulo 6


Trees in Snow de Pnewbery


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Voltou seus olhos mais uma vez para a "Árvore das Negações", e começou a refletir sobre o que faria a seguir. Pegaria uma nova folha para sorver mais uma de suas lembranças perdidas? Ali era o melhor ponto de partida para dar início à sua busca por si mesma? Não seria mais adequado pensar cuidadosamente antes de dar o próximo passo?

Decidiu voltar para o degrau onde estava quando quebrou o cubo de vidro. Lembrou-se de que havia arrancado o degrau que viria logo após o seu, o qual largara no abismo branco. Por isto ficou confusa quando notou que o degrau vermelho estava lá novamente, como se jamais houvesse saído do lugar. "Auto-reparo?! Estou começando a gostar daqui!" Prosseguiu a subida.

Esquerdo, direito, esquerdo, direito... Braços abertos. Atenção nos degraus e nos pés. Apreciação da paisagem belamente surreal. "Mas... se os degraus são reparados automaticamente... por que o cubo não se reconstruiu? (...) Isto significa que eu recuperei definitivamente o acesso àquela árvore?" Continuou subindo até um novo cubo chamar-lhe a atenção. Era de vidro negro, o que tornava impossível enxergar seu interior. Em todas as suas faces trazia uma placa vermelha com letras brancas dizendo: "REPRIMIDA"

Sentiu-se novamente invadida por uma impulsividade incontrolável, arrancou o degrau vermelho seguinte, e bateu com ele no cubo negro. Nem sequer tremeu, ao contrário de seus braços. Perdeu ligeiramente o equilíbrio, mas não o bastante para derrubá-la. Aproximou os olhos do ponto onde batera, e não viu nenhum arranhão. "Essa proteção toda deve ter um motivo realmente forte." Olhou mais uma vez para a placa vermelha gritando REPRIMIDA em letras quase ofuscantes, e isto foi o suficiente pra retomar a subida, carregando consigo o degrau arrancado.

Agora subia os degraus com menos pressa, observando atentamente o conteúdo dos cubos de vidro transparente, especialmente o que traziam escritos em seus portais. Ao longo da subida passou por árvores que carregavam MEDOS, DESAFETOS, DORES, FILMES, LIVROS, COMIDAS, TEXTURAS, FRASES, CHEIROS, DECEPÇÕES. Parou em DESEJOS. Arrebentou seu cubo, degraus vermelhos brotaram até a árvore deitada em seu interior, caminhou até ela, arrancou uma folha a esmo, e leu: "Queria que todos estivessem aqui!"


CONTINUA...

Um comentário:

  1. Li tudo até aqui! E o conto está funcionando sim! Cada capítulo termina no momento exato, com um timming perfeito. já estou imerso na história e aguardando a continuação.

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