quinta-feira, 16 de julho de 2009

[CONTO] As Árvores da Memória - Capítulo 5

"Warm Embrace" de Alifsu17

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Tontura. Repuxo. Piscada. Roger. Olhar triste e apaixonado. Noite fria de vento cortante. Rua vazia. Céu com nuvens. Lua minguante. Calçada ao lado de um Monza cinza. Silêncio incômodo.

- Você não pode fazer isto comigo, Paula! Eu ainda te amo! - Roger e seus cabelos castanhos encaracolados, seus olhos azuis-cinzentos, sua pele queimada, sua costumeira camisa de mangas curtas laranja desabotoada por cima de outra branca, calça jeans desbotada e tênis brancos surrados.
- A maioria dos namoros termina assim, Roger. Raramente os dois deixam de amar ao mesmo tempo.
- Mas eu não quero deixar de te amar! Será que não entende?
- Claro que eu entendo! Também não queria parar de amar você, mas aconteceu! Não podemos controlar um sentimento tão além de nós feito o amor! Ele vem quando quer e parte quando esgota.
- Não, isto não é verdade! O amor depende de nós pra existir! Depende de nossa vontade para que persista!
- Não depende, Roger. Infelizmente não. Por mais que eu não queira te magoar, em consideração a quem você foi pra mim, é inevitável. Alguém sempre sofre nessas horas. Eu sofro, não tanto quanto você, mas sofro, como a amiga que quero...
- Não, NÃO!! Por favor, não termina essa frase, tá? (...) Deus, como eu detesto estar vivendo um clichê agora..!
- Não é só um "clichê", Roger, é uma das alternativas que temos, uma que eu não quero desperdiçar.
- Paula, será que é tão difícil entender que... (ó Deus da Criatividade, que me perdoe por dizer isto) a pior coisa que pode acontecer entre nós é continuarmos como amigos?!
- Não, a pior coisa é começarmos a nos odiar, e da minha parte eu desejo sincera e profundamente que isto não aconteça. Não quero alimentar qualquer tipo de sentimento negativo por você.
- E eu sou a última pessoa desse... universo (!) que desejaria esse fim pra nós dois, Paula! Mas não sei se conseguiria evitar que isto acontecesse se você for adiante com isto.
- Roger... (...) "Fim" é uma questão de escolha. Se você realmente acha que o melhor a fazer é terminarmos definitivamente, sem qualquer possibilidade de prosseguirmos nosso relacionamento em outro nível, o da amizade, tudo bem... Eu aceito, muito relutantemente, mas aceito. Se for mesmo o melhor pra você, eu faço esse sacrifício. Só não quero te magoar mais do que já está.
(...)
- Eu... - luz da lua minguante refletindo dolorosamente em seus chorosos olhos - Não sei mais o que te dizer... - nariz começando a escorrer - pra te convencer de não desistir de mim...
- Eu não estou desistindo de você... - os braços dela envolvem-no carinhosa e compassivamente - Só estou te libertando de um relacionamento que não tem mais um futuro da forma como está. Meu amor por você se foi. Eu não te amo mais, Roger! Mas isto não significa que rejeito o que você ainda sente por mim. Eu não posso controlar isto - lágrimas quentes pingam em seus ombros - Não posso tirar esse amor daí de dentro do seu coração. Só posso rezar para que ele não te consuma, não te machuque tanto quanto estou te machucando agora. Eu não conseguiria viver em paz se soubesse que fui responsável por sua ruína.
- Então não seja... - ele finalmente retribui o abraço, apertando-a forte e docemente.
- Isto não é algo que eu posso fazer sozinha. Depende de você também... Especialmente de você! Eu sei que você é forte! Sei que tem condições de lidar com isto, e terminar como um vencedor. Sei porque foi esta força que você tem um dos motivos por eu ter começado a gostar de você. Mas também sei que no começo é difícil nos lembrarmos dessa força que temos em nós, ter acesso a ela e usá-la pra nos fortalecer. Mas passado o choque, você vai encontrar um caminho pra chegar até ela.

Vento frio. Um leve tremor parte dela.

- Eu adoraria continuar te amando, mas... - sente em seu peito o coração de Roger palpitando, bombeando sangue e amor por ele todo, fornecendo o calor que agora usava pra aquecer ambos, protegendo-se do ar gelado daquela triste noite de lua minguante.

Uma lágrima escorre de seu olho direito. Estava quente, deslizando por seu rosto, terminando pendurada no lado direito do queixo. Despencou. Veio o piscar do mundo, a tontura, o repuxo, e o retorno ao degrau vermelho.

Desta vez ainda segurava a folha em sua mão. Sentiu seus olhos molhados: "As lágrimas foram reais... (como se todo o resto não tivesse sido...)"

Observou novamente a folha arrancada, mas não leu a frase. Por mera curiosidade virou-a ao contrário, e para a sua surpresa encontrou isto escrito em seu verso:

13 de dezembro de 2005, com 22 anos, 3 meses, 2 dias, 22 horas, 17 minutos, 55 segundos

Olhou para o alto onde ainda pairava o aglomerado flutuante de árvores contidas em seus respectivos cubos de vidro. "Em que ano estou?! E que lugar é este?!"

[CONTINUA...]

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Comentários:

É. Agora a personagem começou a realmente se perguntar onde está.

Aélsio Viégas | Email | 17-07-2009 23:09:53

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