domingo, 5 de julho de 2009

[CRÍTICAS E REVIEW] Watchmen - O Filme; Wolverine - Inimigo de Estado; 24 horas - Final da 7ª temporada

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Watchmen - O Filme


E enfim chegou minha hora de assistir a adaptação de uma das HQs que mais aprecio. Depois de meses esperando que saísse uma versão decente do filme, depois de passar esse mesmo tempo frustrado por não tê-lo assistido no cinema, graças ao "pragmatismo" do dono do que tem aqui em Guaxupé, finalmente, aqui estou, uns poucos minutos depois de conferi-lo.

Apesar de toda aquela empolgação que me arrebatava nos meses anteriores ao lançamento do filme ter se dissolvido depois de tanta espera, eu diria que, no final, foi uma boa eu ter assistido Watchmen longe daquela carga de expectativas que rodeavam o filme na época de seu lançamento. Também fiz bem em não chegar perto da versão original da história, apesar de ter comprado, semanas antes do filme sair, a versão encadernada que a Panini lançou (não resisti à tentação de tê-la na minha futura gibiteca). Portanto, assisti o filme como um admirador de sua fonte primeira, mas sem ter lembranças frescas da mesma em minha mente, o que não fez tanta diferença assim, pois já li Watchmen, até onde me lembro, umas três vezes.

Acho que vale a pena explicar aqui que minha relação com Watchmen, os quadrinhos, é um tanto parecida com minha ligação afetiva com De Volta Para o Futuro. Enquanto Watchmen foi a primeira HQ que conseguiu me deixar arrepiado e boqueaberto inumeras vezes enquanto lia aquela preciosidade criativa em 12 edições, a trilogia De Volta Para o Futuro foi a grande responsável por me deixar fascinado por histórias de viajantes no tempo, tanto que até hoje corro atrás de filmes com este tema do mesmo jeito que colecionadores de selos correm atrás dos mais raros. Não faz muito tempo enchi dois DVDs só com filmes do gênero.

Mas, voltemos a Watchmen. Achei-o, de um modo geral, uma ótima adaptação. Faltou um bocado pra atingir a impressionante complexidade da história em quadrinhos em que se baseou, mais pela necessidade de enxugar uma história que se desenvolve ao longo de mais de 40o páginas, cheia de subtramas cuja tarefa de adaptá-las todas para o formato seria impossível dentro de suas limitações.

Sempre falei com meus amigos leitores de quadrinhos que na minha cabeça o formato perfeito pra adaptar Watchmen seria uma mini-série televisiva de alto orçamento em 12 episódios de, no mínimo, uma hora cada. E mesmo assim ainda acabaria ficando alguns detalhes de fora. É um sonho que ainda nutro ver se realizando um dia, mas tenho consciência de que muito provavelmente não passará de um sonho.

Prefiro começar falando do que não gostei no filme. A começar pelo ator que escolheram pra interpretar Ozymandias. Matthew Goode não tem porte físico do original, é até um tanto franzino. Além disto, nos quadrinhos ele transmite um ar de serenidade que não vi no filme, o que contribui para acreditamos na inocência do personagem até a cartada final. Ele não se porta como um alienado com fome de grandeza, como se vê em diversos momentos do filme. Sempre o imaginava, enquanto lia suas falas nas HQs, usando um tom de voz contido, preciso e inalterado, semelhante ao usado pelo intérprete do Dr. Manhattan, este, na minha opinião, perfeitamente adaptado.

A forma como transmitiram para o cinema a "presença" de Manhattan é exemplar. Seu corpo irradiando aquele brilho azulado o tempo todo, o zumbido elétrico constante, seu físico de músculos exageradamente perfeitos e contrastados, como aquelas estátuas de deuses gregos. Merece aplausos a equipe de efeitos especiais.

É Manhattan que protagoniza uma das cenas melhor adaptadas da HQ, que por sua vez é um dos meus seguimentos preferidos da história, aquele em que presenciamos a origem do Dr. Manhattan sendo contada através de sua visão multifacetada do tempo. Confesso que fiquei arrepiado, sentindo um engasgo de choro reprimido na garganta enquanto a assistia, pois, opinião minha, não poderia ter ficado melhor. Se eu fosse o Alan Moore ficaria emocionado com ela. A composição minimalista de Phillip Glass tocando ao fundo... Um momento de genialidade de Zack Snyder, sem dúvida alguma.

Do Rorschach nem vou falar muito, porque já virou praticamente um consenso quão bem interpretado ele foi durante todo o filme por Jackie Earle Haley. Um trabalho brilhante de composição de personagem. A voz rouca, sempre num tom bem baixo? Perfeita!

Outro detalhe que não me agradou no filme, já apontado por muitos críticos, foram as maquiagens de alguns atores simulando envelhecimento. Carla Gugino ficou muito longe de parecer uma idosa de 67 anos. Digamos que o responsável por sua maquiagem foi bonzinho demais a ponto de preservá-la "pegável" mesmo com a idade que alega ter.

Também andei lendo por aí muita gente criticando a máscara que enfiaram em Robert Wisden pra fazê-lo parecer-se com Richard Nixon, com o que não dá pra discordar.

Mas, há muitos aspectos positivos no filme. A trilha sonora é inspirada, conseguindo na maior parte do tempo transmitir o clima de cada década retratada pelos inúmeros flashbacks espalhados pela trama. A recriação dos diversos cenários vistos na HQ, como o centro de Nova York, a oficina do Coruja, o presídio, ficou excelente. Não foi a toa que Dave Gibbons, o desenhista de Watchmen, ficou tão emocionado ao entrar pela primeira vez na Archie, a nave do Coruja, construída para o filme. Deve ter sido uma experiência surreal pisar dentro de sua própria criação.

Desagradou-me um pouco as liberdades tomadas por Snyder ao retratar a força física dos personagens, especialmente na batalha final do Ártico. Eram todos seres humanos normais, pôxa! Não precisava daquele show de saltos impossíveis, e gente quebrando paredes com murros. Mas, fazer o que...

O final... Bem. É como muitos disseram, dentro da lógica adotada pelos roteiristas da adaptação pra construir o plano final do "vilão", funcionou muito bem. Ainda gosto muito do final da HQ, mas o do filme não chegou a comprometer a essência do original (embora ainda acredite que a visão de uma lula gigante em meio aos destroços de Nova York soaria mais impactante que apenas um monte de prédios em pedaços).

Enfim, uma adaptação tão ousada quanto pôde ser num circuito comercial. Violência gráfica e nudez como jamais vistas numa adaptação de quadrinhos pro cinema (fiquei surpreso em ver que o Snyder conseguiu convencer os figurões de seu estúdio de que dava pra mostrar o pinto do Manhattan sem parecer chocante).

Agora é aguardar a versão director's cut, que promete ter 40 minutos a mais, e a inclusão de seguimentos em animação adaptando os famosos Contos do Cargueiro Negro, entre outros detalhes pra fazer os fãs nerds ainda mais felizes. Quando conferi-la voltarei a falar de Watchmen por aqui.


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Wolverine: Inimigo do Estado


E cá estou falando de mais um trabalho de Mark Millar, uma semana depois de escrever minhas impressões sobre sua fase no Quarteto Fantástico. Desta vez a pauta é sua fase como escritor da revista mensal de Wolverine, concluída há pouco menos de 4 anos atrás.

Recentemente, embarcando na onda de atenções voltadas para o personagem graças ao lançamento de seu filme solo, a Panini Comics relançou um encadernado contendo todas as doze edições dos dois arcos escritos por Millar e desenhados por John Romita Jr., todas devidamente apresentadas num formato luxuoso, capa dura, papel brilhante, de boa gramatura. Enfim, aquela frescurada toda que adoramos ter para que a história pareça ainda melhor aos nossos olhos. E que história!

A premissa de toda a fase de Millar em Wolverine é muito simples. O Tentáculo e a Hidra, duas organizações criminosas terroristas do Universo Marvel, armam uma emboscada para o Sr. Logan. Já nas primeiras páginas ele é morto (depois de trucidar algumas dezenas de ninjas mortos-vivos, obviamente), e ressuscitado através da magia negra dominada pelos sacerdotes das sombras do Tentáculo. Com isto, agora eles têm total controle sobre Wolverine, transformando-o numa arma humana a seu serviço.

A primeira metade do encadernado compõe o arco que dá nome à edição. É simplesmente Wolverine enfrentando os maiores figurões da sociedade super-heroística da Marvel Comics, em seqüências de luta e ação que conseguem se tornar a cada hora mais empolgantes. Tudo isto muito bem encenado graças aos desenhos competentes e precisos de John Romita Jr.

E aqui eu aproveito pra abrir um parêntese sobre John Romita Jr. Já faz alguns anos que sou implicado com a opinião de alguns amigos meus a respeito desse veterano dos quadrinhos, cujo traço é bastante subestimado. Seus desenhos são de uma simplicidade mais do que apropriada para a cinética constante exigida pela história. Sem detalhes desnecessários. É um traço solto e estilizado na medida certa, sem chamar tanta atenção para si, estabelecendo um equilíbrio apropriado entre o texto e as imagens. Consegue transmitir tanto a brutalidade das seqüências de pancadaria, com músculos selvagemente contraídos, a fúria exalando de olhos e bocas, como a graciosidade dos movimentos ninja de Elektra, em seu passeio seminua numa noite fria em Nova York, antes de ser emboscada por mais um bando de ninjas do Tentáculo. Falando nela, notem o sutil, quase imperceptível, sorriso de fascínio disfarçado estampado no rosto da ex-assassina ao presenciar Wolverine dando cabo de seis agentes da SHIELD ao mesmo tempo. É por detalhes assim, acrescidos em sua interpretação dos roteiros que lhe encarregaram de adaptar, que John Romita Jr. merece uma menção mais do que honrosa aqui.

O mesmo posso dizer de Klaus Janson, o arte-finalista de seus desenhos, dando o peso adequado às cenas, sem excluir a vibração dos traços de Romita. Seu pincel solto, muitas vezes borrado, inquieto, casa perfeitamente com o estilo do desenhista.

E os desenhos de Romita nunca foram tão bem tratados por um colorista como nestas histórias. Toda a atmosfera subentendida nos cenários e na composição das cenas é trazida à tona na colorização digital de Paul Mounts, cujo trabalho atinge o ápice na seqüência introdutória do segundo arco do encadernado, Agente da SHIELD, quando temos um vislumbre da origem do vilão Gargan, treinando com sua espada em meio a folhas secas de uma floresta em pleno outono. O traço de Romita, a arte-final de Janson, e as cores de Mounts combinam de forma sublime nestas páginas da mesma forma que nas páginas finais da história, cuja melancolia não seria tão bem transmitida sem toda a sensibilidade com a qual trabalhou com as cores digitais.

Mas, o foco principal de Millar é a ação praticamente ininterrupta. A intenção do autor ao longo de toda história é facilmente notável: explorar todo o potencial agressivo de Wolverine das mais variadas formas. Ele sabe muito bem o que fazer com um baixinho invocado dotado de fator de cura, esqueleto e garras de adamantium. Seu Wolverine tem tanto os conflitos psicológicos gerados pelo contraste entre a impulsividade de seus instintos animais e seu lado humano, como a cabeça quente de um ex-assassino que só quer saber de derramar o sangue daqueles que ferraram com a sua vida. E esta sede de vingança chega ao melhor momento de toda a trama, tão memorável e clássico quanto a primeira missão solo de Wolverine nos X-Men (quem é leitor de longa data, ou pelo menos conhecedor das fases mais clássicas do grupo, sabe que estou falando do resgate na mansão do Clube do Inferno, durante a Saga da Fênix), quando, numa seqüência de ação e porradaria de tirar o fôlego, ele invade o covil do Tentáculo montado num Sentinela. Cena pra ficar gravada na memória por muito tempo!

Inimigo de Estado é Mark Millar, mais uma vez, escrevendo um novo roteiro de seus sonhos para um filme de super-heróis que dificilmente será adaptado para o cinema. Toda a história transpira "blockbuster", que se um dia for convertida em filme, certamente proporcionará uns bons "orgasmos nérdicos" neste que vos escreve. Mas, enquanto isto não ocorre, dá pra eu me contentar com o bom e velho Millar atacando como escritor de mais uma história exemplar de super-heróis, entregando o que tanto gostamos de ver em matéria de ação e selvageria mutante, sem restrições orçamentárias.


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24 horas - 7ª temporada


Não poderia deixar de passar minhas impressões a respeito do final da 7ª temporada de 24 horas, que terminou como sendo a melhor desde o início da série, na minha opinião de admirador da mesma.

Jack Bauer nunca buscou tão intensamente redenção como nesta seqüência de episódios. Nunca esteve tão próximo do fim de sua jornada. Nunca soou tão humano. E apenas por isto os roteiristas do seriado já merecem muitos créditos (assim como Kiefer Sutherland).

Mas, não são apenas estes os seus méritos. Mais contidos que nas temporadas anteriores, os responsáveis por mais este dia na vida do ex-agente da UCT, souberam trabalhar muito bem com as reviravoltas na trama, sem jamais soarem forçados (pelo menos não de maneira gritante o suficiente pra eu me lembrar agora), como ocorreu tantas vezes em temporadas anteriores. E mesmo assim conseguiram ousar no nível a que chegaram as muitas ameaças que surgiram no decorrer da temporada.

Kiefer Sutherland continua a cada dia mais a vontade interpretando Bauer, mas desta vez o destaque ficou pra veterana Cherry Jones, que interpretou a primeira presidente dos Estados Unidos, passando todo ar de formalidade exigido pelo papel, sem com isto ignorar o lado humano de uma mulher na posição em que se encontra. Nos episódios finais da temporada, em especial, ela foi brilhante.

Outro que merece elogios é Sean Callery, responsável pela trilha sonora dos episódios. Não me recordo se foi ele o responsável pela trilha das temporadas anteriores, mas nesta as músicas foram um das grandes responsáveis por estabelecer o clima sombrio e tenso que permeou toda a temporada, outro fator que contribuiu pra torná-la tão envolvente.

Por fim, é reconfortante saber que os criadores da série não se esqueceram da trama maior que vinha se desenvolvendo ao longo das últimas temporadas, envolvendo um grupo de figurões americanos conspirando contra o governo. Finalmente resolveram jogar um pouco mais de luz nisto, e tudo indica que este será o foco principal da próxima temporada de 24 horas, que pelo pouco de informações divulgadas a respeito promete ser a última da série, o que eu sinceramente espero que seja verdade. Jack Bauer merece um pouco de paz, e nós, que o acompanhamos há mais de 7 anos, merecemos um final digno para uma série que nos proporcionou tantas horas de taquicardia, unhas roídas, e ansiedade à flor da pele esperando que a semana seguinte chegasse logo pra termos mais uma hora de mais um longo dia na vida de Jack.

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Comentários:

Ha! Finalmente viu Watchmen! Eu tive a sorte de vê-lo na tela grande e também mal posso esperar para a director's cut!

Lucil Jr | Email | 05-07-2009 16:53:07

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