quinta-feira, 28 de outubro de 2004

[IMPRESSÕES] A Massa do Sonho

Eu detesto aquele período, que sempre parece muito longo, e às vezes realmente é, entre a hora em que a gente deita pra dormir, e aquela em que finalmente conseguimos alcançar o que buscávamos ao deitar.

Na verdade não é sempre assim. Falo mais das noites em que a gente vira de um lado para o outro, afunda a cabeça no travesseiro, fecha os olhos com força, e tenta todas as posições possíveis para se deitar na cama, seja esticado, seja encolhido, seja de bruços ou de barriga pra cima, seja com metade do corpo descoberto, ou com ele inteiro coberto pelo lençol, e nada disso funciona para que o sono venha.

Chega um ponto em que eu começo a passar mal. O estômago dói, a cabeça lateja, o corpo já começou a se desligar, mas o cérebro ainda funciona, e se encontra desperto.

Eu sinto o sonho chegando, mas ele não encontra campo pra ser "plantado" e florescer, justamente porque você está acordado. E o sonho lá, esperando pra vir.

Nessa "hora de espera", o sonho se parece com a massa de um pão ou torta. Não uma massa lisinha, bonitinha e homogênea, mas uma massa disforme, enrugada, sem a menor divisão. Me vem agora, estranhamente, a imagem do "céu-da-boca". Se bem que não chega a ser tão estranho assim, porque é justamente essa a imagem que eu tenho da "massa do sonho".

E aquela imagem fica na minha mente naqueles instantes entre o "mundo dos despertos" e o "mundo do sonhar": um sonho sem forma, sem consistência, sem nada pra ser "experimentado".

Uma massa esperando pra entrar no forno, e se transformar em algo. Seja dar forma a um mundo, trazer a este mundo pessoas, e com estas pessoas você passar por experiências, sejam elas fantásticas ou não.

Uma massa esperando pra ser um pão, ou um bolo, ou uma torta, para que eu possa saboreá-la em sua forma final.

E a visão dessa massa fica incrustada na minha mente, como uma assombração me lembrando que eu preciso dar a ela uma forma, moldá-la e transformá-la em algo que sacie a fome de meu corpo por um período de descanso, e a fome da minha mente por um pouco mais de liberdade, separando esta daquele.

Porque eu preciso disso. Preciso deixar minha mente criar, quando não dou a ela esse privilégio enquanto desperto. E ironicamente, agora que não tenho mais tempo pra escrever com uma freqüência maior, é justamente o período em que mais sonho. Tenho vários durante uma só noite, e dos mais variados possíveis.

Engraçado como há um equilíbrio entre os mundos. Assim, a falta de liberdade pra criar neste é compensada no outro, onde tenho sonhos dos mais diversos, em que minha liberdade criativa é explorada ao máximo. Uma pena que não me é permitida a transposição do que foi criado lá para o lado de cá.

Fazer o quê? O equilíbrio entre os mundos deve continuar.

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Comentários:

*putaquilamerda* eu preciso que você participe do Pesadelo com alguns textos como este!! não faz idéia do quanto foi inspirador.

Alex D. | Email | Homepage | 04-11-2004 02:13:22
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mundo dos despertos ou mundo dos sonhos? escolha qual deles é o real, o que mais o agrada.

- | Email | 31-10-2004 20:15:12
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Oi Wolv, Ultimamente tenho passado por isso, demoro a dormir, estou doente com uma tosse q me acaba, mas é assim mesmo, procuro não pensar... []'s CAROL

CAROL | 29-10-2004 11:09:36

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