sábado, 5 de junho de 2010

[CRITICA] Prince of Persia - The Sands of Time

É bastante dificil para mim falar sobre as desventuras do principe da Pérsia porque Prince of Persia é um jogo bastante caro as minhas memórias. Sabe, durante a minha infancia a mãe foi uma pessoa absurdamente ocupada, pq não era uma tarefa simples nos sustentar depois que o meu pai morreu. E por esse motivo, naturalmente ela tinha muito pouco tempo livre para simplesmente passar comigo. Um desses raros momentos foi quando eu aluguei um jogo para o meu surrado e velho de guerra Bit System (o ultimo presente que o meu pai me deu) cujo nome me fascinou desde o primeiro instante que bati os olhos sobre ele: The Prince of Persia. Naquela época eu sabia apenas que a Persia tinha alguma coisa haver com o deserto.
Naquele fim de semana em particular, por algum motivo que eu não lembro agora minha mãe teve algum raro tempo livre e me assistiu jogar, o que é uma lembrança que eu guardo com muito carinho até hoje.

Prince of Persia tem a história mais simples possível: um terrível vizir feiticeiro usurpou o trono e sequestrou a princesa. Ele a propos em casamento, e se ela não aceitar em 180 minutos será executada. Então o jogo é uma corrida desenfreada pelos corredores do castelo para chegar a torre do vizir antes que o tempo acabe e não sendo as armadilhas, chãos que desmoronam e combates o suficiente, no meio do caminho o Principe cruza um espelho mágico que divide a sua alma em duas, gerando uma sombra maligna de si mesmo que não está ali para outro proposito senão ferrar a sua vida. Tipo quando vc ta correndo que nem um boi brabo pra chegar a tempo o mais rapido possivel e consegue se pendurar na plataforma na ponta dos dedos, vem o tinhoso pra pisar na sua mao e te derrubar. Lembrando disso eu não tenho certeza se devo me orgulhar de ter sido a unica pessoa do mundo a chorar ouvindo a musica tema na sala de cinema.

Mas bem...

Quase vinte anos depois a ubisoft lembrou da franquia e lançou uma versão do jogo para os videogames da época (PS2, XBOX - não o 360). Quando foi anunciado muita gente como eu se sentiu pessoalmente ofendida, já que o que foi anunciado não tinha nada haver com o jogo original - com coisas como correr pelas paredes e toda uma pira voltada com o tempo. Porra, esses caras não tinham jogado o jogo original?
Bem, eles tinham jogado e essa foi a grande sacada da Ubisoft: The Sands of Time era uma adaptação e não um remake. Eles pegaram todos os principais elementos que faziam prince of persia ser prince of persia e fizeram o jogo calcado nisso.

Aqui há a coisa das areias do tempo e de toda trama ser calcada no tempo, mas bem, não era assim no jogo original? Não era tudo sobre tempo?
O Paarkour é a grande atração aqui, com acrobacias que desafiam a capacidade humana (embora criveis) como correr pelas paredes para pular aqui, saltar acola, repicar na parede e subir por um buraquinho quase invisivel. Mas bem, o jogo original não era sobre chegar a tempo abrindo caminho do modo que fosse possível - e eu não posso pensar no que representa isso melhor do que o Parkour.

Em cima disso, a história foi melhor trabalhada, o principe ganhou falas e uma personalidade e foram adicionadas novas personagens, como a temperamental princesa Tamina - que tem uma relação de amor e ódio com o principe, tentando roubar a Adaga do Tempo dele o tempo todo enquanto eles tem que trabalhar juntos.

O filme, que é o assunto aqui, foi absurdamente feliz em pegar esse mesmo espirito que o jogo pegou em relação ao jogo original: não simplesmente recontar a história, mas sim pegar todos os elementos que fazem Prince of Persia ser Prince of Persia e melhora-los.

Por exemplo, o jogo é todo narrado pelo principe que na verdade está contando a história das suas aventuras para a princesa Tamina (inclusive quando vc morre ele diz "Não, não, espera, não foi assim que aconteceu" e a história começa a ser recontada desde o ultimo checkpoint). Isso é inconfundivel com a narrativa no começo do filme, contando como Dastan deixou de ser um moleque de rua para se tornar um Principe.

Varias referencias desse tipo foram feitas e quem jogou o jogo vai se deleitar com pequenos presentes e mimos. Outro exemplo: quando vc chega em um cenário novo o jogo dá um panoramico com cortes de camera muito rapido meio que dizendo "seguinde mameluco, tu tá aqui, tem que chegar la ali, passando por esse tipo de coisa, alguma pergunta? sim? te fode e descobre como". Logo no começo do filme o diretor intencionalmente usa essa mesma tomada de camera para mostrar onde o Principe está, onde ele quer chegar passando pelo que e ele que se vire para dar um jeito de ligar os pontos. Outra referencia que eu posso citar de cabeça sào as visões que o Principe tem quando bebe a agua sagrada, dando uma geral das coisas que ele vai ter que enfrentar a seguir com flashes muito rapidos do futuro. Ora, qual não foi minha surpresa ao perceber que as visões que o assassino tem são EXATAMENTE os mesmos flashes usados no jogo? Não é bom quando as pessoas que fazem um filme baseado num jogo efetivamente jogaram o jogo e até parecem gostar dele?

Bem, mas vamos ao filme: não vou dizer que não lembrei muito de A Mumia, porque é o mesmo tipo de filme: ação fluída e divertida, personagens lembraveis (gostaveis e odiaveis o suficiente como os filmes dos anos 80 sabiam fazer tão bem) e interessantes, piadinhas entrecalando cenas de ação épicas e grandiosas - o que fecha totalmente com o padrão de qualidade da Disney e o próprio espirito de Prince of Persia. O Principe (Jake Gillenhall bombado pra caramba, ainda não acredito que é o mesmo nerdzinho de Donnie Darko) faz o estilo trambiqueiro de bom coração, consagrado pelo lendário Han Solo e a princesa é a mocinha durona honrada - mas originalidade nem é o ponto aqui, afinal cinema é sobre diversão (sim, eu disse isso, PIMBINHAS DE MERDA) e isso os filmes da Disney sabem entregar. A trama é interessante e não imediatamente óbvia e toda parte mistica/religiosa foi tratada com uma elegancia que é de se admirar (Livro de Eli podia aprender alguma coisa com eles...): a coisa toda gira em torno de uma adaga mágica que pode voltar o tempo, mas que sabiamente é utilizada poucas vezes para dar uma credibilidade ao filme.

E apesar de ser o cliche mais velho do mundo, as cenas em que o principe e a princesa ficam se bicando e tentando roubar um do outro são ótimas (alem de fiéis ao jogo, mas isso é detalhe), assim como as cenas dos coadjuvantes e parkour é sempre uma coisa que fica bem num filme

Um filme que lembra as melhores caracteristicas de Indiana Jones e a Mumia com certeza é uma excelente obra bem no estilo Sessão da Tarde - e vindo de mim isso é um dos maiores elogios que se pode ter. E posso dizer que é a melhor adaptação que eu vi até hoje de um jogo - e em mundo que nos deu bombas como Silent Hill, Street Fighter, Mario e Double Dragon - e quebrar uma maldição desse tamanho é realmente algo...

Um comentário:

  1. Estou baixando para conferir. Nunca joguei muito os jogos, mas sempre achei a trama interessante. Descobrir que a adaptação respeita o jogo é uma grata surpresa.

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