quinta-feira, 12 de junho de 2003

[ANÁLISE] Matrix Reloaded - Uma pálida análise sobre o filme - Parte 2

AVISO IMPORTANTE: ESTE POST É TERMINANTEMENTE PROIBIDO PARA AQUELES QUE AINDA NÃO ASSISTIRAM MATRIX RELOADED , POIS, ALÉM DE CONTER VÁRIOS (E QUANDO EU DIGO VÁRIOS, SÃO VÁRIOS MEEESMO) SPOILERS, TAMBÉM APRESENTAM ALGUMAS POSSÍVEIS, PORÉM POUCAS, RESOLUÇÕES PARA DETERMINADOS PONTOS DA HISTÓRIA DA TRILOGIA CINEMATOGRÁFICA!!!! (depois não digam que eu não avisei)


O Escolhido: O que é? Como surgiu? E qual sua função?


Antes de entendermos o q é um Escolhido (sim, pq antes de Neo existiram mais cinco), precisamos saber o q ele NÃO É.

Muito se tem especulado sobre a verdadeira natureza daqueles q, ao longo da história da Matrix, conseguiram o dom de "driblar", de maneira inigualável, as leis q a regem. Alguns, depois de verem o diálogo entre Neo e o Arquiteto, passaram a contar com a possibilidade do Escolhido ser, na verdade, mais um programa da própria Matrix. Já outros continuam defendendo q este "ser iluminado" continua sendo humano.

Cheguei a considerar ambas as possibilidades em momentos distintos, quando ainda não tinha obtido uma visão mais ampla da história. Tb passei a levar em consideração a hipótese do Escolhido ser uma "fusão"entre um ser humano e um programa. Mas, atualmente, analisando melhor as atuações de Neo dentro daMatrix, e seu diálogo com o Arquiteto, acabei voltando ao q todos acreditamos, inicialmente, ser a verdade: oEscolhido É humano.

Para q fique bem clara essa afirmação, devemos primeiramente ver sob quais circunstâncias um Escolhidosurge na Matrix.


Muito bem, o q sabemos até agora é q a "Matrix Utópica", como sem sido chamada a primeira versão daMatrix, destinada a ser um mundo perfeito onde a humanidade teria suas mentes aprisionadas, foi um fracasso, devido à imperfeição mental humana, q resultava em seu despertar daquele "sonho" no qual se encontravam. Já a segunda versão, gerada com base na mente imperfeita do ser humano, e sua história, era mais fiel ao mundo ao qual estava acostumado. Mas tb fracassou, pois faltava um elemento importante para o processo de aprisionamento ser um sucesso: livre-arbítrio para a humanidade.

O Arquiteto, com o auxílio da Oráculo, um programa intuitivo destinado a entender a mente humana, descobriu q, sendo o "Deus" da Matrix, tendo em vista q era seu criador, ele deveria desempenhar seu papel de forma semelhante ao Deus q a maior parte da humanidade venera, o qual deu à raça humana o "poder da escolha", ou livre-arbítrio.

Ciente da melhor solução para o problema de aceitação dos seres humanos à Matrix, o Arquiteto criou a 3ª versão da Matrix, onde dava à humanidade duas possibildades: viverem em uma simulação do mundo real, como este o era em uma época anterior ao desenvolvimento avançado da IA (Inteligência Artificial), e, desta forma, antes mesmo dos seres humanos preverem q teriam problemas com suas criações; ou rejeitar este mundo, e "despertar" em uma segunda simulação, porém, esta sendo a reprodução fiel do q era o mundo real APÓS a guerra entre os seres humanos e as máquinas.

Dessa forma, o Arquiteto dava à Matrix controle pleno tanto dos 99,9% dos seres humanos q aceitavam a primeira simulação, ou seja, o "nível Matrix" do programa, quanto aos 0,1% daqueles q não a aceitavam, e eram automaticamente "jogados" para o "nível mundo real", onde iniciavam a resistência humana contra as máquinas.

Isso tudo é indiretamente explicado pelo Arquiteto neste trecho de seu diálogo com Neo: "Como eu dizia, ela[a Oráculo] se deparou por acaso com uma solução por meio da qual quase 99,9% de todas as cobaias aceitavam o programa, contanto que lhes fosse dada uma escolha, mesmo que só estivessem cientes dela em um nível quase inconsciente."

E assim, chegamos a um dos pontos-chave deste importante diálogo, q explica o surgimento de uma"anomalia" dentro da Matrix. Essa anomalia provém dos 0,1% dos seres humanos q rejeitavam o primeiro nível da realidade virtual, o "nível Matrix". Dentre esses humanos, existia a possibilidade de surgir um q, ao contrário dos demais, não possuísse apenas uma "intuição" quanto à "ilusão", ou "sonho", no qual sua mente estava presa. Isto é, havia a chance de q essa "intuição" evoluísse para algo q geraria muitos problemas para a Matrix.

Ao invés de apenas "achar" q sua mente estava sendo enganada, ele poderia desmascarar a tal farsa. Enxergar o q se escondia por trás dos panos, por trás da ilusão. Ver a estrutura q sustentava aquele sonho do qual era prisioneiro. E isso era apenas o começo, como diz o Arquiteto no seguinte trecho: "Embora esta resposta funcionasse [dar o poder de escolha para a humanidade], ela era óbvia e fundamentalmente defeituosa, criando, assim, a anomalia sistêmica contraditória, a qual, sem vigilância, poderia ameaçar o próprio sistema. Por conseguinte, aqueles que recusavam o programa, ainda que uma minoria, se não vigiados, constituiriam uma probabilidade crescente de catástrofe."

Assim sendo, o Escolhido não deixa de ser um humano, e sim um indivíduo capaz de não só enxergar a"base de sustentação" daquela falsa realidade, como tb de entender o seu funcionamento, a tal ponto q, em um determinado momento, seu conhecimento se torna tão vasto q o permite modificar a estrutura daquele mundo falso, alterando as regras q o regem a seu favor.

O Arquiteto deixa bem clara a "humanidade" e, conseqüentemente, a imperfeição inerente à raça doEscolhido quando diz q: "embora o processo tenha alterado sua consciência, você continua irrevogavelmente humano. Assim sendo, algumas de minhas respostas você entenderá, e outras não."

Então, qual foi a forma q o Arquiteto encontrou de lidar com um ser capaz de botar tudo a perder, já q possuía o dom de manipular sua própria criação? A resposta é, ao mesmo tempo, simples e complexa:Zion.

Para "manter ocupada" a mente dos "potenciais", ou seja, daqueles seres humanos q tinham mais chances de serem os próximos nos quais a anomalia poderia se manifestar, o Arquiteto deu continuidade à guerra entre a humanidade e as máquinas no "nível mundo real" da Matrix, q obrigou os seres humanos a criaremZion, o útimo refúgio da raça humana, de onde surgiria a resistência contra o controle delas sobre o restante de sua raça, presa no "nível Matrix" do programa, embora eles não soubessem desse fato.

Deu aos seres humanos q vivem no "nível mundo real" mais "liberdade" do q aqueles q vivem no "nível Matrix". Isso explica o pq de os Agentes não saberem os códigos de acesso à Zion.

Porém, Zion tb se tornou uma das formas q o Arquiteto encontrou de lidar com a anomalia, ou seja, oEscolhido. Era uma das formas q o criador da Matrix encontrou de ter um certo "controle" sobre as ações deNeo, por exemplo, q atualmente é o ser humano no qual a anomalia se manifestou.

Mas Zion é, digamos, o último recurso q o Arquiteto usa para controlar o Escolhido. É importante tb lembrar q, antes de Neo chegar à Fonte, ou núcleo, da Matrix, ele teve q percorrer um determinado caminho, e no decorrer deste, vários fatos o conduziram até seu encontro com o criador daquele mundo.

Assim, voltamos nossas atenções para uma frase q Neo pronúncia durante o tão esclarecedor encontro:"Escolha. O problema é a escolha." Isso mesmo! Durante todo o caminho pelo qual percorreu até chegar àquele ponto de sua existência na Matrix, o Escolhido se deparou com várioas decisões a serem tomadas: escolher entre a pílula azul e a vermelha; acreditar ou não q ele era o Escolhido; decidir por qual porta entraria dentro da Fonte.

O poder de escolha, ou livre-arbítrio, q Neo possui, assim como todos os seres humanos presos na Matrix, ironicamente, tb funciona como uma forma de controlá-lo, de guiar seus passos, conduzindo-os para seumomento-chave como o Escolhido.

O Arquiteto deixa claro q todos os Escolhidos, ou anomalias, anteriores, foram, sem exceção, levados aquele instante crucial, ao mostrar nos monitores de sua sala as reações e respostas q cada um deles teve, e deu, em determinados momentos do diálogo q tiveram com o criador da Matrix.

E todos anteriores a Neo, tinham uma afinidade e preocupação maior com o destino de sua raça. Por isso q a ameaça à existência de Zion sempre foi a forma q o Arquiteto encontrou de forçar seu encontro com oEscolhido, pois, segundo a profecia, apenas quando o mesmo chegasse à Fonte da Matrix ele conseguiria libertar os humanos, e acabar com o domínio das máquinas, e terminado esse domínio, ele salvaria tantoZion, como toda a humanidade, como é deixado bem claro pelo Arquieto quando este diz: "Você está aqui, porque Zion está prestes a ser destruída. Cada um de seus habitantes será exterminado, sua inteira existência erradicada." E tb quando fala q: "Seus cinco predecessores eram, por conta de seu projeto, baseados em uma mesma premissa, uma afirmação contingente responsável por criar um profundo vínculo com o resto de sua espécie, facilitando a função do Predestinado."

Apesar de todos os Predestinados, ou Escolhidos, chegarem à Fonte, Zion sempre era destruída, como dito no seguinte trecho: "Todavia, não tenha dúvida, esta será a sexta vez que a destruiremos, e estamos nos tornando extremamente eficientes nesta tarefa."

E, dessa forma, chegamos finalmente à resposta para a pergunta: qual a função do Escolhido?

Apesar dos vastos poderes q um Escolhido, como Neo, possui, ele jamais desempenhou a função prevista pela Oráculo. Isso pq ela não passava de um dos meios pelos quais o Arquiteto forçava a anomalia manifesta a chegar até ele. Assim, a profecia, segundo a qual o Escolhido, chegando à Fonte da Matrix, libertaria a humanidade da mesma, era um embuste, uma farsa criada pela Oráculo para q ele se deparasse com o dilema apresentado pelo criador do mundo virtual: voltar à Matrix, com a certeza de q não conseguiria jamais libertar a humanidade daquela realidade; ou retornar à fonte de tudo, onde espalharia o código presente em si (q era a representação de todas as suas experiências, desde seu nascimento, passando pela manifestação da anomalia em si, até sua chegada à Fonte), afim de carregar a Matrix com as informações necessárias para q ela se preparasse devidamente, em sua versão seguinte, para lidar com o próximo Escolhido, ou seja, a próxima ocorrência da anomalia.

Feito isso, o Escolhido condenava Zion à destruição, onde todos os seres humanos livres do "nível Matrix"morreriam, eliminando, por hora, as ameaças quanto ao controle da Matrix sobre o restante da humanidade.

A destruição de Zion marca tb o fim de uma versão da Matrix, q logo em seguida seria reiniciada, ourecarregada, dando início a uma nova versão. É neste instante q o Escolhido desempenha sua última função: selecionar, dentre todos aqueles humanos presos ao "nível Matrix", 23 deles, sendo 16 mulheres, e 7 homens, os quais seriam "libertados", indo, automaticamente, para o "nível mundo real", onde recomeçariam a história daquele mundo, com a reconstrução de Zion, e o reinício da resistência humana contra as máquinas, reiniciando, igualmente, o ciclo.

Tudo isso pode ser encontrado ao analisar este trecho do diálogo entre Neo e o Arquiteto, onde este diz: "A função do Predestinado agora é retornar à fonte, permitindo uma temporária disseminação do código que você carrega, reinserindo o programa principal. Em seguida, você receberá a incumbência de escolher 23 indivíduos - 16 mulheres e 7 homens - da Matrix a fim de reconstruir Zion."

Mas, além da frustração q teria ao escolher a porta da esquerda, retornando à Matrix com a certeza de q não conseguiria libertar a humanidade do controle das máquinas, o q mais aconteceria?

Bom, como disse o Arquiteto, a vida de Neo, assim como a dos outros Predestinados anteriores "é a soma do saldo de uma equação desequilibrada inerente à programação da Matrix", além disso, a anomalia representa "uma probabilidade crescente de catástrofe". Isto é, a anomalia se torna mais influente dentro daMatrix, pois ela "é sistêmica, criando flutuações até mesmo nas equações mais simples". Caso Neoentrasse na Fonte do programa, como os Escolhidos anteriores, ele interromperia a evolução da anomalia. Porém, caso não o fizesse isso, e voltasse para a Matrix, escolhendo a porta da direita, a anomalia continuaria evoluindo, crescendo, igualmente, o poder de atuação da mesma sobre a estrutura daquele mundo virtual, condenando sua integridade, q em um dado momento seria completamente abalada, destruindo-o e, com isso, levando consigo a vida de todos os seres humanos presos àquele nível da Matrix.

Como a escolha da porta da esquerda tb impediria o recarregamento do programa, isso levaria à continuidade do ataque dos Sentinelas a Zion, q acarretaria na morte de todos os seres humanos presentes no "nível mundo real". Dessa forma, a raça humana alcançaria sua extinção.

E, novamente, voltamos nossas atenções para o Arquiteto, q resume isso tudo ao dizer: "Em caso de discordância deste processo [o Escolhido optar pela porta da direita], o resultado será um crash de sistema cataclísmico, matando todos aqueles conectados com a Matrix, o que, somado ao extermínio de Zion, em última análise, acarretará a extinção da raça humana."

Isso praticamente obriga Neo a escolher a porta da direita, porém, vendo Trinity prestes a morrer, ele opta pela opção oposta, pois, segundo o Arquiteto "enquanto os outros [Escolhidos] experimentaram isto [a escolha] de maneira genérica, sua experiência é bem mais especial. Vis-à-vis, amor."

A inevitabilidade da destruição da Matrix é confirmada, nas duas últimas frases do diálogo, transcritas abaixo:

Neo - No seu lugar, eu torceria para que nós não nos encontremos de novo.

O Arquiteto - Nós não nos encontraremos.


Aqui, claramente o Arquiteto admite sua derrota perante o atual, e último, Escolhido, onde o "filho"demonstra ser mais poderoso q o próprio "pai".


Não esqueçamos q Neo, em sua "encarnação" anterior, se chamava Thomas Anderson, onde "Ander" é igual a "Homem", e "son" significa "filho". Isto é "filho do Homem", ou "filho de Deus". E sob o ponto de vista da Matrix, o Arquiteto é o Deus daquele mundo, enquanto a anomalia, manifesta em Neo, funcionaria como um "filho" q nasceu, ou surgiu, na Matrix, mesmo q em conseqüência de um erro cometido por seu criador.

E, sendo ele o "filho do Homem", nada impede q um "milagre" aconteça capítulo final da trilogia, o qual poderá ocasionar na, agora, tão distante salvação da humanidade.


Aqui me desanexo...

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Comentários:

Muito boa análise. Vou ler a parte 3.

Leo Spy | 17-06-2003 16:56:50
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Sabe quando a superexposição de informações leva ao crash da máquina... Rebootei! E como diria [Lu]Cypher: ... eu acho que a ignorância é uma benção.. A parte do Ander-Son foi bem sacada... cada coisa (nomes, locais, objetos de cena) são cuidadosamente planejados e tudo tem uma utilidade, mesmo caindo no cichê. :O)

Jar_el | Email | 16-06-2003 16:51:32
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e dá-lhe wolv. fez uma super análise(só acho que a parte do "Ander son" não tem muito a ver com o problema da matrix não)

Tony | 12-06-2003 10:23:14

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