sábado, 30 de agosto de 2003

[TEORIAS] The Matrix Revolutions - O possível fim - 1ª parte

ATENÇÃO: Para aqueles que não querem estragar possíveis surpresas a respeito de Matrix Revolutions, eu sugiro que não leiam esse post, pois ele pode, ou não, conter SPOILERS referentes a passagens do filme, inclusive dos prováveis momentos finais da produção cinematográfica.

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O texto a seguir não tem como intuito afirmar nada a respeito do que irá acontecer no capítulo final da trilogiaMatrix, e sim de apresentar possíveis fatos que irão desencadear a conclusão da saga com base, única e exclusivamente, em suposições que eu e o meu irmão levantamos ao longo dos últimos meses.

É preciso deixar bem claro que não nos baseamos em nenhum dos supostos roteiros do último filme, que certamente andam circulando pela internet, pois, além de não termos lido nenhum deles, particularmente não gostamos de tentar descobrir, por esses meios, o que irá acontecer em uma produção cinematográfica comoMatrix Revolutions.

Achamos bem mais interessante usar nossa imaginação e inteligência, juntando pistas presentes nos dois primeiros filmes, nos Animatrix, no jogo Enter The Matrix, e também em notícias já devidamente confirmadas, e entrevistas com atores e pessoas envolvidas na produção de Matrix Revolutions, a fim de cruzarmos todas essas informações com possíveis elementos que podem, ou não, estar presentes no último filme, tendo como base aqueles já encontrados nos capítulos anteriores, para, assim, criarmos nossa própria"teoria" a respeito do final da saga.

Também é importante dizer que todas as suposições aqui apresentadas são baseadas na já tão"disseminada" possibilidade de a Matrix possuir dois níveis de funcionamento, sendo um deles a Matrixpropriamente dita, ou seja, aquela na qual Neo enfrenta tanto os Agentes, como os programas sob comando do Merovingian, e se encontra com a Oráculo; e o outro aquele que, até agora, fomos levados a crer que era o mundo real, onde Zion foi construída pelos seres humanos "libertados" da Matrix.

Mais detalhes a respeito dessa teoria, e provas que apontam para essa possibilidade podem ser encontrados na análise que fiz de Matrix Reloaded aqui.


Analisando os fatos


Matrix Reloaded deixou, entre outras, uma pergunta no ar, que certamente não sai da cabeça de boa parte dos fãs da trilogia: se a humanidade será realmente libertada do domínio das máquinas, como isso será feito?

Tal dúvida não tem gerado inúmeras teorias sobre o final de Matrix à toa. Pode parecer simples em uma primeira olhada, mas, quando considerados alguns detalhes que já sabemos a respeito do "universo" no qual se passa a saga, sua resposta está longe de ser facilmente encontrada.

Primeiramente temos o fato de Neo ter escolhido, entre os dois caminhos apresentados pelo Arquiteto, a porta da esquerda, que o levaria de volta à Matrix, e que significaria, segundo o próprio criador do mundo virtual, "o fim de sua espécie". Isso porque, optando por aquela porta, o Escolhido não disseminaria ocódigo nele presente dentro da fonte do programa, código esse que o faz ser encarado pela Matrix como uma anomalia que deve ser contida. Caso isso não ocorresse, seu poder de atuação continuaria crescendo, dando origem a um crash de sistema cataclísmico que mataria todos os seres humanos conectados àMatrix.

Ainda temos outro detalhe que, até então, poucas pessoas levaram em consideração: o mundo real, aquele onde todos, sem exceção, estão presos às câmaras de sonho (os contêineres onde ficam os corpos dos seres humanos afim de que as máquinas possam recolher a energia gerada por eles), é inabitável.

Nos episódios A Segunda Renascença - Partes 1 e 2, de Animatrix, é mostrado como os seres humanos envolveram toda a atmosfera da Terra em uma nuvem negra de nanomecanismos (máquinas microscópicas), que impediriam a entrada da luz do Sol, acabando, dessa forma, com a principal fonte de energia das máquinas, e dando origem ao deserto escuro e devastado visto no primeiro filme. Fazendo isso, a maior parte das formas de vida do planeta se extinguiu. E, somado esse ao fato de que o planeta teve boa parte de si arrasada durante a guerra entre a raça humana e as máquinas, a situação de nosso mundo piora ainda mais.

Sabendo desse detalhe, agora pergunto: qual seria a vantagem de Neo libertar todos os seres humanos conectados à Matrix se eles despertassem em um mundo que não daria possibilidades de sobrevivência nem a uma ínfima parte deles?

Alguém pode me dizer que Zion seria o abrigo desses humanos, mas, não podemos também esquecer que:

1) O "último refúgio dos humanos" não passa de uma criação da própria Matrix, em seu segundo nível de funcionamento. Nível esse que se diferencia do verdadeiro mundo real apenas pela presença de Zion, que não existe naquele onde, de fato, toda a humanidade é prisioneira das máquinas (incluindo Neo, Morpheus eTrinity);
2) Muito dificilmente a cidade comportaria toda a raça humana.

Assim vemos que: a descoberta de Zion ser também uma criação da Matrix; de todos estarem conectados a ela, até mesmo Neo; e do verdadeiro mundo real possuir um ambiente inabitável, nos deixa sem a menor esperança de vermos a humanidade livre do domínio das máquinas. Certo?

Não é bem assim.


Voltemos nossas atenções para o que aconteceu com Neo no primeiro filme. Morto pelos Agentes, ele, após alguns instantes, "ressuscita", e finalmente manifesta seus poderes de Escolhido.

Neste momento ele parece mudar de personalidade. Parece se tornar um outro ser, diferente do anterior. Não aparenta apenas ter "ressuscitado", mas também se modificado de alguma forma. Como se o corpo permanecesse o mesmo, mas sua essência fosse outra.

A semelhança entre esse fato e um dos momentos mais marcantes da vida de Jesus Cristo é inegável. Mas, se visto sob uma outra ótica esse mesmo trecho, e especialmente levando em consideração essa "mudança"na personalidade de Neo, também podemos encontrar aí uma certa semelhança com outro processo pelo qual a alma de uma pessoa pode passar: morte e reencarnação. Ou, se preferirem, desencarnação e reencarnação.

A ótica aqui adotada é a do espiritismo, que diz que um espírito, ou alma, para aqueles que preferem assim classificar, é o ser em essência, que tem como missão passar por um processo de depuração, através do qual ele se purifica aos poucos, evoluindo gradativamente a fim de atingir o grau evolutivo mais elevado, onde ele alcança sua perfeição.

Essa purificação é feita através da reencarnação, onde o espírito se vê habitando diferentes corpos através de suas inúmeras existências, inclusive de sexos variados.

Quando o espírito reencarna, ele esquece de tudo o que havia passado em sua vida anterior, fazendo com que, muitas vezes, em sua nova existência, estando em um novo corpo, até mesmo em uma nova posição social, fazendo parte de uma nova raça, e vivendo experiências diferentes daquelas que teve em sua "vida passada", ele se torne, na maioria das vezes, uma pessoa completamente diferente daquela que foi antes de reencarnar.


O que acontece com Neo chega a se assemelhar um pouco ao processo de reencarnação, pois sua atitude e sua forma de agir, mudam drasticamente. Apesar disso, ele continua tendo lembranças de sua vida anterior, mas soma a essas o fato de ter "evoluído" para um estágio superior, que o modificou bastante (essa "morte"de Neo também pode ser interpretada sob uma terceira forma. A qual irei discutir mais adiante).

Também encontramos algo parecido com isso quando analisamos mais atentamente parte do diálogo queNeo tem com Persephone pouco antes de se beijarem, onde ela diz algo como "quando nós [ela eMerovingian] estivemos aqui pela primeira vez, tudo era diferente", dando a entender que a vida de ambos mudou drasticamente desde então.

Vale destacar que Persephone é o nome de uma divindade grega cuja história narra um processo semelhante à reencarnação.

Filha de Zeus e Démether (deusa das colheitas), Koré foi raptada por Hades, que a fez rainha dos Infernos, onde ganhou o nome de Persephone. Seu pai, porém, ordenou que ela ficasse com sua mãe (que vivia na Terra) durante um terço do ano; enquanto no outro ficaria com Hades; e no seguinte iria para o Olimpo.

A temporada que Persephone passava nos Infernos correspondia ao inverno, e sua volta a Terra simbolizava a primavera. Ou, sob uma segunda interpretação, temos aqui sua morte e reencarnação.

Também podemos encontrar muitas referências à morte e reencarnação na figura de Merovingian, que tem muitas chances de ser um dos escolhidos anteriores à Neo (ele consegue manipular o código da Matrix; parece saber do porque de Neo estar atrás do Chaveiro, antes mesmo de ele descobrir; dá a entender que sabia o que aconteceria se o Escolhido chegasse à fonte; e faz menção a encontros anteriores com os antecessores deste último; além de conhecer a Oráculo, e não gostar muito dela, o que pode significar que fora, um dia, manipulado por ela, como aconteceu com Neo).

Considerando essas informações, é perfeitamente possível que, em uma versão anterior da Matrix,Merovingian, após fazer o mesmo que Neo deveria ter feito na fonte, tenha se modificado. Isso pq o código que um Escolhido carrega em si, tendo o próprio Neo como prova disso, altera sua consciência de forma drástica ao se manifestar (o Arquiteto comprova isso quando diz "embora o processo tenha alterado sua consciência, você continua irrevogavelmente humano"). Liberando esse código na fonte, Merovingian pode ter mudado tanto a ponto de prejudicar seu relacionamento com Persephone que, conseqüentemente, também mudou bastante. Suas "vidas passadas" se foram quando a Matrix foi "recarregada".

Mas, aí nos deparamos com outro problema. Se Merovingian é um dos escolhidos anteriores, como ele está vivo até hoje? Mesmo se ele for o antecessor direto de Neo, já se passaram mais de 100 anos desde que ele reiniciou a Matrix, libertou os 23 indivíduos destinados a reconstruir Zion, e retomar a guerra contra as máquinas, que como o próprio Morpheus disse, já dura mais de um século. E, verdade seja dita, ele está bem conservado pra ser um centenário.

De um detalhe nós já sabemos: o próprio Merovingian disse a Neo que havia "sobrevivido a seus antecessores".

Das duas uma: ou ele realmente é um programa, como a própria Oráculo disse, se referindo a Merovingiancomo "um dos antigos", ou o sujeito é mais do que aparenta ser, e encontrou uma forma de viver na Matrixsem a necessidade de envelhecer.

Mas, como isso?! Como ele poderia ser classificado com um programa, pela Oráculo, se ele não é? E o mais importante, como ele sobreviveria por tanto tempo, sem envelhecer, possuindo ainda um corpo de um ser humano normal?

Vocês podem estar se perguntando isso, e eu respondo: é justamente nessas duas últimas perguntas que se escondem partes de suas respostas.

Como eu bem disse, a Oráculo CONSIDERA Merovingian um programa, através de sua ótica, que também é a de um programa.

Dentro da Matrix, um programa pode ser classificado como tudo aquilo que tem existência própria, sem depender de um "elemento externo" que mantenha sua existência dentro do ambiente virtual.

Assim é a Oráculo, os Gêmeos, o Chaveiro, Seraph e os Agentes (excetuando Smith, que faz parte de um caso "especial").

E qual é esse "elemento externo" ao qual me refiro? Um corpo. Como os corpos dos seres humanos, mantidos nas câmaras onde são nutridos, a fim de permanecerem vivos enquanto suas mentes se encontram presas à Matrix.

Nenhum deles, como programas, possuem corpos. Dessa forma, para que Merovingian possa ser classificado como um programa, ele não deve possuir algo que o "prenda" ao mundo real, ao "mundo externo", onde se encontram os corpos dos seres humanos.

Como seria possível isso? Como Merovingian se veria livre de seu corpo, sendo ele um ser vivo que necessita de um para permanecer vivo?

A própria Oráculo nos dá pistas para respondermos isso.

Segundo ela, quando um programa começa a entrar em conflito com as regras que regem a Matrix, esta, primeiramente, tenta assimilá-lo, modificando-o, dando a ele uma nova aparência. Essa assimilação é que dá origem a seres sobrenaturais como vampiros, fantasmas, lobisomens, duendes, entre outros.

Dentro da Matrix, tanto os programas, como os seres humanos, ou melhor, a representação visual da mentede um ser humano, são formados de dados, de dígitos. Assim, ambos tem "elementos formadores" comuns. O que os diferencia é justamente aquilo que acabei de dizer logo acima: a dependência que um deles têm de um "elemento externo" para manterem suas existências na Matrix. Assim, a auto-imagem residual de alguém só pode se manifestar na Matrix se a mente, presente em um corpo localizado nas "câmaras de sonho" domundo real, estiver conectada ao mundo virtual.

Se Merovingian foi um Escolhido, certamente ele era um ser humano, e sem a menor dúvida entra na regra acima. Só que ele não era um simples ser humano, e sim uma pessoa na qual a anomalia se manifestou. Isso alterou seu "eu digital", e possivelmente sua própria consciência, fazendo com que essas mudanças se refletissem em sua mente, que, naquela época ainda estava ligada ao seu corpo. Ainda...

Quando alguém carrega em si o código correspondente à anomalia essa pessoa pode ser classificada comoEscolhido. De certa forma, ela pode ser considerada um programa também, pois, em parte, é formada pelarepresentação digital de sua mente, que é humana, e em parte por algo que só pertence a um ambiente que sempre foi formado de dados, isto é, o código da anomalia.

Cumprindo sua missão, ao retornar à fonte, o Escolhido libera o código que ele carrega, se livrando daquilo que o fazia, em parte, um programa. Mas, e se esse processo, ao contrário, fizer com que o indivíduo se torne um programa? Ou melhor, e se ele fizer com que o Escolhido passe a ter uma existência independentede seu corpo? Se esse seu "retorno à fonte"for uma forma da Matrix "assimilá-lo", como faz com os programas que vão contra suas regras? Assimilar seu "eu digital", desligando sua mente do corpo. Afinal, oEscolhido não deixa de ser "algo" fora do controle da Matrix que ela tenta, sob todas as formas, voltar a controlar.

E aqui voltamos a Neo e à sua morte no final de Matrix.

Como já disse, o fato que deu origem à manifestação da anomalia no Escolhido pode ser interpretado de duas formas. Como "morte e ressurreição", remetendo-nos à história de Jesus Cristo, e como"desencarnação e reencarnação", processo pelo qual um espírito passa de uma existência corpórea para a outra, segundo o Espiritismo. Mas, há uma terceira interpretação, que faz ainda mais sentido dentro do contexto, e a qual também está ligada à Doutrina Espírita: aquela onde a morte é vista como a libertação do espírito.


Continua...

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