Ontem, dia 8 de dezembro de 2003, fez exatamente um ano desde que eu voltei a morar em Guaxupé. Só Deus sabe o quanto eu torci, nos nove anos anteriores a este, pra conseguir realizar esse que, durante muito tempo, parecia ser um sonho, não só meu, mas de boa parte da minha família.
Foi um dia para se comemorar. Passou-se um ano no qual ocorreram muitos fatos importantes pra minha vida. Muitas mudanças que se operaram nela, como diria uma amiga minha.
Um dos pontos positivos foram as viagens que fiz durante 2003. Viajei mais vezes esse ano do que no decorrer dos nove que se passaram enquanto morava em Caratinga (também em Minas Gerais, pra quem não sabe).
Fui pra Ribeirão Preto duas vezes. A primeira viagem foi a mais importante, pois, além de conhecer a cidade, também foi a primeira vez que fui em um shopping. E não fui em apenas um, mas sim três em um só dia. Cortesia do meu primo, o André, que é super legal, e fez questão de levar eu e o meu irmão em todos.
Comi pela primeira vez um Big Mac (que achei um lixo, apesar de ter valido como experiência), comida japonesa (idem para o caso do Big Mac), e um milkshake de chocolate no Bobs, que foi uma das melhores coisas que eu já tomei em toda a minha vida.
De quebra, ainda assistimos As Duas Torres, que foi o primeiro filme que eu assisti em um cinema de verdade, ou seja, um com uma baita tela, imagem em alta resolução, e som de primeira qualidade. Todos os outros "cinemas" nos quais tive a chance de ir antes desse não merecem tal nome.
A segunda vez que fui pra Ribeirão não foi tão especial quanto a primeira no quesito "experiência", pois jamais o impacto de ir a um shopping pela primeira vez seria superado, porém, ocorreu outro que, talvez, tenha sido ainda maior: Matrix Reloaded.
Ainda não assisti o último filme da trilogia, portanto, não posso dizer nada a seu respeito, como, por exemplo, se ele supera ou não o segundo. Mas que eu acho muito difícil ele conseguir ultrapassar o segundo capítulo da trilogia em se tratando do choque que este filme me causou quando o assisti pela primeira vez, isso eu acho.
Digo aqui o que havia comentado na época, que na verdade era uma citação a um outro comentário do Fábio Yabu, criador dos Combo Rangers, a respeito do filme: foi uma verdadeira experiência assistir aquele espetáculo de efeitos especiais, ação e filosofia em um cinema da rede Cinemark. Simplesmente inesquecível!
A terceira viagem que fiz este ano foi pra Passos, cidade aqui do sudoeste de Minas Gerais, onde fui fazer o concurso do Banco do Brasil. Adorei conhecer a cidade (ou revisitá-la, pois já havia viajado pra lá com o meu pai na época em que morei por aqui pela primeira vez, há 11 anos atrás), que é mais agradável do que eu pensava (ou me lembrava).
Muito bonita, bem arborizada, tranqüila, parece ter um ótimo comércio (que deve ficar bastante movimentado e bonito nessa época do ano), e algumas ruas do centro da cidade, bem estreitas, quase como se quisessem nos envolver, lembram bastante as de Ribeirão Preto.
Nessa viagem ainda tive a feliz oportunidade de me encontrar com o Alex e o Glauber, amigos meus aqui deGuaxupé (dos quais já falei várias vezes aqui no blog), que também tinham ido fazer o concurso. Lá, ficamos nós quatro (eu, meu irmão, que também foi fazer o concurso, e mais os dois) conversando enquanto passeávamos pela cidade durante um bom tempo, pouco antes de quebrarmos a cabeça com a prova.
Guardo boas lembranças dessa viagem, que certamente foi melhor ainda pro meu irmão. Hehehe (que ele não leia isso XP)
Infelizmente, também tiveram aquelas viagens que não passaram do desejo de fazê-las. Como minha ida praSão Paulo, onde iria aos dois eventos de anime mais importantes do ano: o Animecon e o Anime Friends.
No início desse ano eu me encontrava bastante animado pra fazer essa viagem, e era quase certo que conseguiria realizá-la. Falei com vários amigos na época, combinando o que iríamos fazer quando nos encontrássemos. Mas, infelizmente, quis o destino que 2003 ainda não fosse o ano no qual eu me encontraria pessoalmente com várias pessoas que conheci na net durante os últimos anos.
E ainda tinha a minha viagem pro Rio Grande do Sul, que iria rolar no final desse ano caso eu estivesse trabalhando na lan house do meu primo desde o início de setembro, que foi quando ela abriu. Mas, infelizmente, ele resolveu contratar outro no meu lugar, o que acabou com meus planos.
Ainda não desisti de fazer a primeira viagem (a de SP). É bem capaz de em 2004 mesmo eu conseguir realizar este que é um dos meus grandes desejos, além de alguns outros que prefiro comentar em momentos mais oportunos no futuro.
Claro que não poderia esquecer da viagem mais importante de todas, que na verdade nem foi este ano, mas sim em dezembro do ano passado. Ou seja, justamente aquela que fiz de Caratinga pra Guaxupé, a qual marcou o início dessa nova fase da minha vida.
Já havia viajado pra cá há quatro anos atrás, mas o gosto que dessa vez eu senti foi bem diferente. O gosto da vitória, da realização, do alívio.
A emoção de se conseguir algo com o qual sonhou por anos. Minha libertação de um dos períodos mais difíceis da minha vida.
E, como foi bom chegar aqui... Encontrar meus tios e primos esperando de braços abertos pra nos receber. Reencontrar um amigo do qual fiquei afastado por nove anos.
E ainda ter a feliz coincidência de me mudar justamente pra rua onde ele mora. À distância de duas casas e um atravessar de rua.
Só pode ser o destino me compensando pela agonia que passei nos nove anos que estive por lá.
Através do Lucas (o amigo da história), ainda tive a chance de conhecer outros caras legais, como o Leo, oAndré e o Fernando, que, assim como ele, jogam RPG.
Foi graças a ele também que eu conheci a Lu, ano passado no caso, a qual me apresentou no início deste ano o namorado dela, o Alex, e o irmão dele, o Glauber (e olhem eles novamente sendo citados por aqui).
Posso dizer, finalmente, que, mais uma vez, tenho amigos com os quais eu convivo no mundo real, ao contrário de como era lá em Caratinga, onde não encontrava razões para se ter um só que fosse, pois os anos por lá sempre eram encarados como "provisórios", já que eu não parava de alimentar minhas esperanças de voltar pra cá o mais breve possível.
No campo das amizades, 2003 começou morno. Ainda estava sentindo na pele os efeitos de uma das maiores burradas que fiz em toda a minha vida, ocorrida no final do ano passado. Muitos dos meus amigos não confiavam tanto em mim. Alguns haviam perdido totalmente a confiança, e se afastaram, enquanto outros decretaram oficialmente o fim de nossas amizades.
Isso tudo aconteceu no final de 2002 e, como eu disse, no início desse ano tive que lidar com os efeitos de tais eventos.
Comecei o ano com a certeza de que jamais as coisas seriam como um dia foram entre eu e alguns dos meus amigos. Estava totalmente desmotivado de continuar encarando os poucos que restaram, e muito menos de tentar encontrar novos, em uma tentativa tola de compensar as perdas.
E como se não bastasse isso tudo, também fui obrigado a lidar com uma situação nem um pouco agradável, que foi o desentendimento com uma das pessoas com quem eu mais gostava de conversar.
Mais tarde, tal fato desagradável acabou se mostrando um dos que iniciaram uma verdadeira crise envolvendo vários amigos meus, a qual acabou dividindo-os.
Formaram-se dois grupos que começaram a se atacar com ofensas. Situação essa que perdurou por algumas semanas, deixando o clima entre muitos deles bastante pesado por vários meses.
Mas as coisas começaram a se acertar pouco antes da metade desse ano. Posso ter perdido no final de 2002 a confiança, base de toda a amizade, que alguns dos meus melhores amigos nutriam pela minha pessoa, mas, aos poucos, vi que valia a pena correr atrás de outros. Que existem ainda muitas pessoas nesse mundo querendo ter amigos como eu, desde que eu não repetisse os mesmos erros do passado.
Quando finalmente entendi isso, uma revolução teve início na minha vida. Eu me abri mais, melhorei meu humor, me tornei mais receptivo com as pessoas. Abandonei toda a camada de depressão, melancolia e angústia que me envolveu no decorrer do ano passado, e procurei expor o melhor de mim.
Em poucos meses eu conheci pessoas que realmente fizeram valer a pena todo o sofrimento pelo qual passei no início desse ano. Pois só com ele eu conseguiria dar o devido valor ao que ganhei em 2003: pessoas que vão se lembrar mim. Pessoas por quem eu tenho o prazer de me esforçar para que guardem apenas boas lembranças do sujeito que eu sou.
Porém, o mais importante, é que todos que eu tive a chance de conhecer esse ano, os quais são muitos (e ficarei eternamente agradecido pela oportunidade que tive de conhecê-los), são pessoas que certamente estarão presentes nas lembranças que mais me proporcionarão prazer ao serem lembradas.
E agora, nos últimos meses de 2003, antigos laços de amizade foram refeitos, velhos amigos voltaram a falar comigo, e até mesmo aqueles que começaram como inimigos, se tornaram pessoas especiais pra mim.
É, este certamente foi um ano de conquistas.
Ganhei novas amizades.
Venci parte daquilo que vivia tentando me empurrar pro fundo do poço durante o ano passado.
Conheci um pouco mais a respeito de quem eu sou, de como eu posso ser, e do que as pessoas querem que eu seja.
Voltei a sair do casulo no qual me tranquei nos nove anos anteriores, o que acabou não sendo tão ruim quanto eu pensava.
Claro que eu poderia ter conseguido mais. Feito mais. Sido mais.
Aproveitado um pouco mais cada instante do ano que já vai terminar. Mas, acho que uma hora eu volto a pegar o jeito pra coisa.
Afinal, se já fui assim uma vez, acho que nada impede que eu volte a ser um dia.
Não posso voltar a ter oito anos de idade, mas espero reaprender a aproveitar minha vida como fazia há 13 anos atrás.
...
É, realmente as crianças têm bem mais o que ensinar... Uma pena que entendemos isso muito tarde...
Aqui me desanexo...
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