sábado, 14 de agosto de 2004

[DESABAFO] A Eterna Insatisfação Humana

Escrevo esse post do meu local de trabalho, que por sua vez é um dos motivos de eu estar totalmente insatisfeito com a vida que ando levando de uns tempos pra cá (não que eu já não estivesse antes de voltar a trabalhar, e retomar os estudos na faculdade).

Um dos motivos dessa insatisfação toda é a ilusão que eu tinha disso aqui.

Havia conhecido meu chefe meses antes de ele ser isso de mim. Parecia um cara bacana, legal, agradável de se trabalhar. Aparentava ter ido com a minha cara, e tudo apontava para um futuro promissor aqui dentro.

A primeira semana foi calma, apesar do trabalho cansativo, da adaptação a um novo ritmo, e do estresse. Mas essa calma dizia mais respeito à nossa relação patrão/empregado.

Ele ficou muito satisfeito com o resultado final daquele trabalho que eu postei por aqui. Me elogiou até.

Mas, depois, começaram as primeiras dores de cabeça, com dias mais estressantes, e o chefe que parecia tão legal começou a mostrar sua verdadeira face. E como o convívio de todo tipo de ser humano, depois de um certo tempo, as máscaras caíram.

Daí veio a antiga mania que temos de descontar o fato de nossas vidas serem tristes e vazias em quem não tem culpa alguma disso.

E, sinceramente, não encontro definição melhor para a vida de alguém que passa uns 3/4 do dia pensando em trabalho, e o restante dormindo pra recarregar suas forças pro dia seguinte (e apenas por isso!). Em explorar cada vez mais seus funcionários, pagando um salário ridículo, e exigindo deles cada vez mais, pra sustentar uma vida tão idiota e inútil, com um dinheiro que só serve pra ele botar comida em casa, pagar a educação dos filhos, promover suas viagens de negócio, e trazer de volta mais motivos para estresses futuros, que serão devidamente descontados em seus funcionários, os quais irão produzir mais e mais para que esse ciclo de degradação da vida humana continue.

Essa é uma vida vazia. Produção de uma riqueza que só serve pra tornar as relações humanas cada vez mais frias e burocráticas. Como se todos fôssemos criados pra isso: comer, trabalhar, aprender e dormir. E só.

Ou seja. Não estamos longe de termos robôs andando por aí, fazendo nosso serviço. Já somos nossos próprios robôs. Não temos mais vidas próprias. Só "vivemos" para que possamos nos sustentar, nos educar e descansar, para que tenhamos força e conhecimento a fim de que continuemos trabalhando.

Um computador "vive" dessa forma. Ele se sustenta pela energia recebida graças à conta de luz paga por nós, se "educa" com os programas que instalamos nele, dando a ele capacidade para executar novas tarefas, e "dorme" quando o desligamos, para que possa descansar um pouco seu hardware com o intuito de dar conta do trabalho na próxima vez que for ligado.

É triste ver que estamos cada vez mais parecidos com máquinas frias e sem vida das quais somos os criadores.

Não vivemos mais, funcionamos...

E depois me pedem pra ser otimista... tsc...

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Comentários:

Oi Wolv, concordo plenamente contigo, não vivo assim , mas conheço muita gente que vive dessa forma, trabalho/Descanso/trabalho... que raio de vida é esta? E o que sobra para viver, sentir as cores, os aromas, os sons... Nossa para mim realmente não dá. A minha calma está em exatamente poder sentir tudo isso. Mas vai chegar este dia e serei um robô tb. Compreendo tua insatisfação, é chato mesmo trabalhar num local onde só se valorize produção. Queria correr contigo ao ar livre, aspirando o ar puro, amigo, mas... é como bem dizem... fazer o que????? Beijão.

anne | Homepage | 14-08-2004 17:39:48
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Welcome to my realm! We're condened to live...

C | 14-08-2004 14:26:01

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