quarta-feira, 8 de setembro de 2004

[REFLEXÕES] Desfoque


Chega um ponto em que a gente se perde. Não encontra mais um caminho claro a seguir.

Temos uma noção vaga de nosso objetivo, mas não sabemos por qual meio iremos nos arriscar para que cheguemos a ele. É nesse instante que ficamos desorientados.

Queremos sair do lugar, fazer algo para que nossa vida ganhe um sentido, um porquê. Porém, não sabemos como realizar tal ato.

O mundo parece querer nos absorver, pois não conseguimos escolher pra qual lado dele iremos olhar. E, assim, nos sentimos fracos. Nossa visão parece cada vez mais distante da realidade. Não nos sentimos como partes dela, e sim como uma gota absorvida pela onda do mar.

Uma gota de tinta, pra ser mais exato.

Aos poucos a cor que somos vai se espalhando, perdendo sua consistência, sua tonalidade original, até ser completamente desmanchada, não restando nada.

Mas, o nada não existe, podem dizer alguns. Sim, até certo ponto.

Só que existe a sensação de sermos um nada. De não estarmos fazendo nada para que o mundo mude.

Claro que virão os mais otimistas dizendo que somos importantes a tal ponto para o mundo que nossa simples existência o modifica. E daí tocamos no velho conhecido efeito borboleta.

Há os que dizem que esse papo é bobagem de filósofo. A mais pura bobagem de quem quer se sentir valorizado, mesmo que só ele reconheça seu próprio valor. O que não deixa de ser verdade em certos casos.

Mas, estamos desviando demais do assunto. Perdendo o foco. E esse é exatamente o ponto onde quero chegar: o foco.

Boa parte das pessoas passam suas vidas buscando um objetivo pra elas, um sentido. Algumas até saem atrás de respostas prontas, consultando cartomantes, astrólogos, numerólogos e oráculos. Só que a verdade é que não existe verdade.

Tá, muito vaga essa resposta. Mas, sinto muito se esperavam mais do que isso, pois, infelizmente, não posso lhes oferecer algo além dessa constatação.

Todos acabamos chegando a um determinado instante de nossas existências onde nada parece fazer sentido. Não há clareza, nem nitidez. Não há estrada de tijolos amarelos, ou alguém nos oferecendo uma carona. Não há nada além de um mundo que parece confuso, onde não conseguimos encontrar nosso lugar nele.

É tudo muito "diluído". Nada parece ter um lugar exato ao qual pertence, e a gente acaba se sentindo diluído também.

Nossa existência parece se apagar aos poucos, nossa vontade de viver dá a impressão de estar indo embora. Não aguentamos mais tomar decisões, pois chegamos a conclusão de que elas não estão nos levando a lugar algum.

O mundo continua nos sugando para o seu buraco negro, e por mais que a gente tente lutar para que não sejamos absorvidos pelo nada, ele está lá, sempre dando um jeito de nos arrastar pra mais perto de si.

Como resolver isso? Foco.

Não se pode encontrar uma solução sem que você consiga definir o problema.

E se eu aprendi uma coisa na minha faculdade de Publicidade e Propaganda, da qual eu desisti, por incrível que pareça na aula da pior professora que o curso tinha, é que antes de você querer resolver um problema você precisa encontrá-lo. E a partir do momento que você o detecta, pode considerar cinquenta por cento dele resolvido.

Vai por mim, é desse jeito mesmo que funciona.

E como seria mais simples a vida se o ser humano se perguntasse o que realmente quer dela. Na verdade simples ela é, somos... "nós que a complicamos"!! E agora eu aposto que muitos de vocês completaram a frase em coro.

Mas, fazer o que se a verdade é essa?

Tá, eu havia dito ali acima que não existe verdade, mas falava daquela verdade absoluta que muitos querem encontrar. Por exemplo: "qual o sentido da vida?"

Pô! Tá de zueira comigo, né? Como se a vida fosse algo que funciona da mesma forma pra todos os mais de 6 bilhões de seres humanos nesse planetinha!

Quem faz essa pergunta ou é muito ingênuo, ou enxerga a humanidade como uma massa acéfala e totalmente sem individualidade. Porque, vida, meus amigos, é uma simples palavra. Cabe a cada pessoa lhe dar um significado.

E, talvez, no final das contas, esse seja o sentido da vida: dar um sentido a ela.

Agora, não me perguntem como. Acredito já ter encontrado a minha resposta, e lutarei para provar que ela é a correta até que me provem o contrário.

A resposta correta pra mim! Pra minha vida! Vale a pena ressaltar.

Dito isso, não esperem que a minha resposta seja aquela que servirá a vocês, pois cada um deve encontrar a sua. Ou simplesmente cruzar os braços, e esperar que tudo fique a cada dia mais desfocado, até sobrar somente uma grande tela em branco à sua frente.

Querem que sua vida seja uma tela em branco? Eu, particularmente, não.

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Comentários:

Nem eu. Nem eu. (Finalmente tempo pra entrar aqui!)

Lu | 09-09-2004 21:24:20
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Legal essas fotos aí encima. Beijus!!!

Isabelle | Email | Homepage | 08-09-2004 23:26:02
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Como é que aquela famosa gótica de fim de semana disse mesmo? Algo como "Hello, I'm the lie living for you, so you can hide", se eu não engano...

C | 08-09-2004 19:31:40

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