__________________________
Sabe, realmente não é tão ruim trabalhar lá.
Em parte é até legal. Pelo menos no que diz respeito aos meus companheiros de trabalho.
Claro que tem a parte insuportável, que corresponde à Samira, esposa do chefe, e um pouco à Giovana, que entrou a pouco mais de um mês na agência.
A Samira tem pelo menos uma qualidade: ela não deixa o fato de ser esposa dele lhe subir a cabeça. Trata todos os funcionários como se fossem filhos dela. Sempre chega cheia de "meus princípes", "meus anjos","meus amores", entre outras expressões "carinhosas". Tinha de tudo pra ser uma ótima "mulher do chefe". Ainda mais atualmente, que ela tem ficado mais tempo comandando a firma, enquanto o chefe fica fora boa parte da semana, às vezes até a semana inteira.
Pois é, tinha!
Se não fosse a mania irritante de mostrar que é muito religiosa, o que inclui ficar cantando as músicas da igreja dela, sempre inventar de a gente fazer um trabalho "pra Deus", que geralmente são serviços onde não ganhamos nada, e que fazemos quando estamos de bobeira, descansando um pouco, ou seja, quando a gente não tá com o menor saco pra fazer nada.
Fora o fato de ser histérica, e gritar por qualquer besteira. Claro que não é a mesma coisa que ouvir o chefe gritando, mas chega a ser tão irritante quanto.
A Giovana já é mais leve pra lidar. Só se desespera demais, e isso acaba deixando a gente um pouco desesperado também. Não que haja motivos, mas como ela sempre chega jogando os trabalhos na mão da gente como se fosse tudo urgente, a reação inicial é essa. E eu detesto trabalhar sob pressão quando eu jáestou trabalhando sob pressão.
Já o resto do pessoal é só tranqüilidade.
Tem o Harley, que trabalha comigo na parte de criação, ou seja, na sala dos computadores. É um cara legal, gente boa, sempre disposto a tirar qualquer dúvida, e embora vez ou outra perca a paciência com o resto do pessoal, até o momento correu tudo muito bem comigo.
Aliás, trabalhei quase um mês com ele pensando que ele tinha algum problema nos cabelos, pois nunca o via sem o bendito do bonézinho que ele usa direto, e já deve estar todo ensebado. E qual não foi a minha surpresa quando, em um belo dia, de volta do horário do almoço, eu me deparo com um cabeludo na sala dos computadores?
Demorou pra eu me tocar que o talzinho era o Harley.
Aliás, ele toca bateria em uma banda daqui da cidade, chamada Malkavianos, e é muito amigo de outro funcionário lá da agência, o Doni.
O Doni, ou se preferirem, o Donizeti, sem dúvida é um dos caras mais gente boa que eu já conheci. E certamente o sujeito mais legal que tem lá na agência.
Tem uma fala mansa, um jeito de gente simples, mas isso não quer dizer que ele seja bobo. Muito pelo contrário, o cara é muito antenado. Tem um gosto que vai além do que eu imaginava que ele tivesse (ou seja, bem longe do cara que só gosta de futebol, pagode, mulher e cerveja que eu havia pensado), e apesar de fazer boa parte do serviço pesado da firma, leva jeito pra desenho, e adora ver os que eu faço vez ou outra por lá. Disse uma vez que era meu fã! hahahaha
Ele é muito engraçado. Do jeito dele, faz qualquer um rir. É realmente bom conversar com ele. A gente se sente a vontade. Aliás, sempre me sinto mais a vontade conversando com pessoas mais simples.
Outro que é um show de simplicidade é o Pedro Paulo. Tem um jeitão mais rústico que o Doni, uma cara mais fechado, e parece que não gosta de falar muito. Mas isso é só aparência.
Na verdade acho ele o cara mais engraçado por lá. Ele fala de um jeito mais atrapalhado, atropelando as palavras, algumas vezes bem rápido, e com um pouco de insegurança. Mas é justamente essa timidez dele que cativa.
Acho que o Pedro é o cara com quem eu mais me identifico lá dentro, justamente por eu também ser muito tímido, apesar de ser com quem eu menos converso. Mas ele é um cara legal, e sempre me tratou bem. Sempre faz questão de me cumprimentar quando me encontro com ele lá dentro, com aquele jeitão dele.
Enfim, acredito que deu pra passar um pouco do que é trabalhar lá, ou pelo menos como é o pessoal com quem trabalho por lá. Não é de todo ruim, mas ainda não é o que eu quero, e está longe de me oferecer o que preciso pra ir aonde está meu futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário