sábado, 12 de setembro de 2009

[CRÍTICA] Chocolate (2008)

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Uma garota autista, filha de uma tailandesa com um japonês, adora chocolates, filmes de pancadaria, e imitar, com o máximo de perfeição, os golpes de seus ídolos, especialmente quando querem sacaneá-la, e zoar com seu amigo gordinho.

Quando ela e o amigo descobrem que sua mãe está com câncer, e precisa de dinheiro para fazer quimioterapia, os dois dão logo um jeito de faturar uma grana explorando suas habilidades, sem muito sucesso. Não demora para encontrarem um caderninho com os nomes de todas as pessoas que têm dívidas com mãe da garota desde a época em que era amante de um mafioso local. E quando o primeiro devedor recusa pagar, a garota não hesita em usar tudo o que aprendeu assistindo todos aqueles filmes de artes marciais. Só tem um problema: ela tem medo de moscas!

A garota se chama Zen, interpretada pela bela JeeJa Yanin, dona de uma determinação sem igual, indo contra todas as expectativas nela depositadas. Numa interpretação sensível, Yanin desarma os espectadores, tornando difícil não se deixar cativar pelo amor incondicional que ela sente pela mãe. Aliás, este é o grande propósito que move toda a pancadaria do filme.

Taphon Phopwandee vive o gordinho Moom, melhor amigo de Zen, que o adota como irmão. É daqueles personagens que fazem de tudo pra faturar uma grana, mas suas motivações são nobres, o que enriquece o personagem, tornando-o tão cativante quanto Zen.

E por falar em personagens cativantes, Chocolate é um filme de luta que se esforça, e consegue com êxito, tornar a história do trio Zen, Moom e Zin (a mãe vivida pela bela tailandesa Ammara Siripong) envolvente a ponto de criar uma justificativa plausível pra pancadaria toda. E que pancadaria!!

Quem já assistiu alguma das produções anteriores de Prachya Pinkaew, como Ong Bak e Tom Yum Goong, já sabe o que esperar. Lutas bem coreografadas, com pouquíssimos efeitos práticos, e o máximo de realismo possível. Esta é minha 3ª experiência com um filme do diretor e o sujeito ainda consegue me surpreender com a potência dos golpes de seus personagens, as impressionantes quedas dos mesmos de alturas que, numa pessoa "normal", renderia alguns ossos quebrados, tudo de uma forma que não dá pra saber onde a coisa aconteceu pra valer, e onde entrou algum efeito especial que não conseguimos encontrar por mais que procurássemos.

As coreografias deste são um caso a parte. Rola luta em depósito de gelo, em um açougue, debaixo de grades que obrigam os personagens a lutarem agachados (!) e até dependurados em placas luminosas de bares e boates (!!), esta última um prato cheio pra Pinkaew, que adora botar seus dublês pra sofrer quedas que simplesmente não dá pra dizer que não aconteceram de verdade. É como um filme do Jackie Chan só que bem mais feroz e dramático (e doloroso!).

O filme ainda usa uma fotografia multicolorida que ressalta o tom de fábula moderna, e valoriza as cores mais representativas de cada cenário, como na seqüência do açougue, toda filmada em tons avermelhados, e nas belas cenas do balanço no meio de um bambuzal, realçando não apenas o verde quase onipresente, mas também a leve névoa de magia presente naquele lugar onde os personagens se refugiam pra encontrar um pouco de paz.

Como se tudo isto não bastasse, Chocolate surpreende ainda pela história comovente, mas sem soar excessivamente melodramática (apesar do que a descrição acima dê a entender). Sério mesmo! Foi o primeiro filme de luta que me deixou emocionado, especialmente em seu começo. Estive a ponto de ir às lágrimas em algumas passagens (e podem apostar que não é qualquer filme que consegue isto de mim!). Os personagens são construídos e explorados sem pressa, de uma forma bem natural. As lutas, em sua maioria, surgem de forma bem integrada à história.


SPOILER ABAIXO!!!

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E eu não poderia deixar de dizer quão empolgante foi ver um "samurai moderno", usando terno (!), enfrentar uma gangue empunhando espadas, e o quanto fui em êxtase ao ver boxe tailandês misturado com técnicas samurais!

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FIM DO SPOILER


Ficarei na torcida por uma nova parceria entre Pinchaew e Yanin. É uma visão linda, em alguns momentos até sublime, aquela garota, com aquele jeitão de moleca, descendo a porrada num bando de marmanjos, e deixando um punhado de peso morto gemendo de dor no chão. =D

Altamente recomendado!

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