segunda-feira, 28 de setembro de 2009

[POKÉMON SICKNESS] - #025 Pikachu


Pokémon Sickness é uma nova série de textos que eu postarei aqui no blog, em parceria com o Aélsio, que fará ilustrações.
Bem, o que é Pokémon Sickness? São contos isolados, cada um sobre um dos monstrinhos, sem nenhuma relação entre si, senão o fato de que se passam no mesmo universo.

Outro ponto em comum as histórias é que elas tentarão buscar o que há de mais doentio, asqueroso e perverso na pobre alma deste que vos escreve. O que implica que as histórias envolverão temas como drogras, estupro, mutilação, suicídio, tortura, incesto, abuso infantil, e daí ladeira abaixo. Sim, isto com pokémons.

Então, eu realmente recomendo que simplesmente pule os textos desta série caso se sinta ofendido, tenha menos de 18 anos, ou simplesmente não vá muito com a minha cara. Bem, era o que tinha a explanar. Aos que decidiram continuar, bom texto, e obrigado pela preferência.

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Larissa levou quase uma semana inteira para compreender porque todos estavam agindo daquela maneira, carregando aquelas coisas para cima e para baixo. Ora, você tem que lembrar que quando se tem quatorze anos, na era da informação, uma semana sem entender alguma coisa é bastante tempo.

Mas o que ela poderia fazer? Era uma menina deveras ocupada, de fato. Aula de manhã todos os dias à tarde, tinha inglês às segundas e quartas, natação às terças e quintas, e finalmente jazz às sextas, ufa! Não era a toa que estava por fora da última modinha do momento, masfelizmente era popular o bastante (tendo em vista que era magra e bonita o bastante, naturalmente) para que lhe inteirassem das últimas tendências entre os jovens.

Havia uma semana mais ou menos que todos andavam para cima e para baixo com uma espécie de ratazana de pêlo amarelado e preto, e que conseguia gerar alguma eletricidade, segundo o que os meninos diziam. “Ainda assim era uma ratazana”, foi o que ela pensou naquela segunda-feira enquanto torcia o nariz. O que ela não sabia, e esse era o fato que ela levou quase uma semana toda para descobrir, é que havia estreado na televisão um desenho animado cujo garoto protagonista tinha uma ratazana dessas, e crianças, sendo como são, não puderam evitar imitar, de modo que não precisou sequer uma semana de exibição do desenho animado para que quase toda criança na escola andasse com um rato colorido como uma placa de trânsito para cima e para baixo.

Por volta da segunda semana os próprios professores acabaram se dando por vencidos, após infrutífera batalha contra a obsessão infantil, e apenas permitiam que as crianças carregassem a mascote da moda dentro da sala. “Em poucos dias eles cansam disso”, diziam eles. O que de certa forma era verdade: é muito mais fácil esperar que uma criança se canse de um brinquedo novo do que tentar tirá-lo dela, pois assim são as crianças.

Fosse como fosse, Larissa não tinha o menor interesse nessa mania em particular, e a idéia de andar para cima e para baixo esfregando uma ratazana no corpo lhe parecia, sobretudo... anti-higiênica. Isso era o que ela pensava, e qualquer um que a conhecesse saberia disto, o que significa, naturalmente, que seus pais não fariam a menor idéia do que ela pensava sobre a questão. Veja, seus pais não eram más pessoas, mas eram pessoas muito ocupadas: trabalhavam o dia todo, e à noite viam a garota apenas uma hora ou duas durante o jantar, mas isso era tudo (curiosamente, se lhe perguntassem diretamente, eles jamais diriam que o trabalho era mais importante que a sua filha única, embora fosse exatamente assim que agissem, adultos são estranhos deste modo de toda forma...). Como resultado, em pouco tempo Larissa acabou tendo sua própria e exclusiva ratazana amarelada de estimação, e seus pais passaram mais uma noite de consciência tranqüila, certos de que estavam fazendo tudo que podiam (e deveriam) por sua filhota amada.

A primeira vez que foi apresentada ao seu novo animal de estimação, Larissa teve de fazer uma profunda força interna para sorrir como sorria toda vez que seus pais lhe davam um presente, como se justificasse a ausência deles. Mas aquilo foi, definitivamente, a gota d’água!
Ora, ela não queria um estúpido rato amarelo que passava o dia falando obscenidades! Ela não queria ser empurrada com qualquer nova febre sobre a qual seus pais leram num jornal (indo ou voltando do trabalho, é claro) que as crianças estavam querendo naqueles dias, droga! Ela queria apenas ter pais, P-A-I-S, um pai e uma mãe, não uma porcaria de um rato amarelo e preto! O quão difícil era entender isso, porcaria? Era isso que ela valia para eles? A presença dela podia ser comprada com um rato na opinião deles? Era isso, então?

Sua atuação aquela noite foi perfeita, como se esperaria de uma menina saudável e feliz no entanto, e ela sorriu como uma adolescente agradecida diante de seus pais pelo presente. Então chorou e chorou a noite toda sozinha em seu quarto.

- ... pika...?

- NA SUA BUNDA!

Estas foram as primeiras palavras que Larissa trocou com seu novo mascote.

Contudo, nas semanas seguintes, as coisas não foram tão ruins quanto Larissa pensou que seriam. Não a respeito de seus pais, claro, mas estes ela já dava como causa perdida mesmo, mas sim a respeito da ratazana amarelada. O rato era, afinal de contas, uma companhia agradável... ou ao menos tanto quanto uma ratazana podia ser. Pelo menos era alguma coisa viva para sentir o calor, roia a fiação da casa para enlouquecer seus pais (a vingança é um prato que se come frio... sobretudo quando se trata de banho frio) e era melhor que falar sozinha, não muito, mas ainda era. Ainda por cima, o rato efetivamente possuía certa carga elétrica nos seus pêlos e dava uma espécie de choque... Não, não era choque exatamente, era mais a sensação gostosa de formigamento quando você encosta em uma CPU mal aterrada, por exemplo. Enfim, era uma boa companhia para passar o tempo. Não que ela tivesse muito tempo disponível de qualquer forma (seus pais deviam achar que se ela estivesse ocupada o bastante não perceberia que eles não estavam lá), mas as horas que passava sozinha no fim das contas eram mais bem aproveitadas com alguma companhia.

Mesmo que fosse de um rato. Amarelo.

Alguns meses depois a moda havia passado e o rato ficado, e no fim desse período já não parecia uma coisa ruim assim.

Aos quinze anos havia conseguido convencer seus pais (através de SMS no celular) que deveria largar o jazz às sextas, porque aquilo atrapalharia seus estudos. “Estudos”, essa palavra mágica que ao ser evocada imediatamente resolvia as questões ao seu favor, afinal, que pai se oporia a algo que era imprescindível ao futuro daquela estranha pra quem eles pagavam as contas? Eles não tinham envergadura moral para negar tal pedido, e isso era um fato.

Assim sendo, pela primeira vez na sua vida, Larissa tinha as sextas-feiras livres para ela. Bem, ela e a ratazana, mas a essa altura a garota já considerava o rato meio que como parte da vida dela, parte dela. Se não tinha pais, pelo menos tinha um rato amarelo. Não é tão triste como soa realmente. Mas, voltando às sextas-feiras, era claro que Larissa não estava interessada em estudar: suas notas iam bem o bastante, obrigado. O que ela queria era algum tipo de hábito, de ritual, um momento só dela que daqui a quinze anos ela iria poder dizer com nostalgia e saudade: “quando eu tinha quinze anos, toda sexta-feira a tarde eu...”.

Sim, sextas à tarde seriam o seu momento especial, só faltava ela descobrir o que faria nesse momento pessoal e especial (“o seu momento”, como diria um psicólogo). Nessa parte ela não tinha tido boas idéias ainda, até porque ela nunca foi uma menina particularmente brilhante de idéias, diga-se de passagem, então tudo que conseguiu pensar era em comprar pipoca de chocolate (que ela vomitaria depois) e assistir um filme. A idéia era apenas provisória, ela disse para si mesma, e assim que pensasse em algo especial logo colocaria essa coisa “especial” no horário.

Bem, acontece que mais alguns meses se passaram e nenhuma idéia realmente especial acabou vindo. Por outro lado, a coisa dos filmes com a pipoca temporária não era tão ruim assim, na verdade era bem legal, e no fim ela acabou aceitando como atividade oficial do seu “dia especial da Larissa”. Então era assim: toda sexta-feira ela baixava um filme no computador, deitava na cama de casal dos pais, colocava o rato sobre o peito, e assistia ao filme no seu notebook, enquanto comia pipoca com uma mão, e sentia aquele “choquinho gostoso” de passar a mão nos pêlos do rato com a outra. Era um “ritual” simples, porém extremamente gostoso, e não raras vezes ela acabava adormecendo no conforto, tendo que acordar apressadamente antes que seus pais chegassem e descobrissem que ela não estava estudando porcaria nenhuma. Pensando bem, ela achava que eles não se importariam realmente, mas ela gostava da sensação de estar fazendo algo errado, proibido. Era como se fosse mais um pontinho marcado contra a indiferença de seus pais em sua vida, uma pequena vitória pessoal, e quando se tem quinze anos, pequenas vitórias pessoais eram tudo que se tinha contra seus pais.

Então agora aquela era a vida de Larissa às sextas-feiras a tarde. E por um tempo foi bom.

Como boa adolescente que era, Larissa contou no calendário a estréia do filme “Crepúsculo”. Hey, não fique olhando com essa cara! Na sua época você fez o mesmo quando saiu Street Fighter, que é tão bom quanto, e você não está me vendo te julgar, está? Pois é. Mas continuando, Larissa esperou ansiosamente esse dia e, quando chegou, ela se negou veentemente a aceitar qualquer um dos vários convites para assisti-lo no cinema. Ninguém além do seu rato sabia do verdadeiro motivo, mas Larissa não tinha dúvida que para ela aquele era um filme especial demais para ser visto em qualquer outro lugar, em qualquer momento que não o “seu” momento especial. Quer dizer, era o filme que ela esperou a vida toda (quando se tem quinze anos essa afirmação não é tão profunda ou duradoura quanto se torna posteriormente), era justo que ela assistisse em seu momento especial, não? Larissa achou que era.

Bastante ansiosa como quem ia ganhar um brinquedo novo, Larissa preparou a pipoca, o notebook, tudo com o maior cuidado para que cada coisa saísse perfeita. Sentiu uma pontada leve de desespero no peito quando não achou seu rato nos primeiros dois segundos, mas logo tudo tinha corrido conforme o esperado, e ela estava em sua posição especial no seu dia especial para ver seu filme especial.

Larissa respirou fundo e abriu o arquivo... que para sua genuína surpresa não era Crepúsculo.
Ocasionalmente acontece de você baixar um arquivo que supostamente é um filme, e descobrir só tarde demais que não era daquilo. Tanto as distribuidoras de filmes (que querem desestimular as pessoas a baixarem o conteúdo desse filme) quanto desocupados que só querem saber que ferraram a vida de alguém (mesmo sem ver o fruto do seu trabalho) são comuns a essa prática.

O que Larissa havia baixado tinha realmente bastante sobre mordidas e coisas sendo sugadas, mas definitivamente não eram vampiros, e não era sangue que estava sendo sugado. Ela piscou atônita ao entender o que estava acontecendo, tanto pela frustração de não ser este o filme que ela queria ver, quanto pela cena em si. A cena em si consistia em um ator tendo o seu pênis vigorosamente sugado e mordido por uma morena de seios fartos.
Ela nunca havia visto esse tipo de filme antes, aliás, muitas coisas naquela cena ela nunca havia visto antes, entre elas um homem como aquele. Como toda a garota da sua classe, já havia espiado os meninos trocando de roupa no vestiário, e com certeza nenhum deles possuía um dote como o daquele ator que, segundo seus confusos cálculos mentais, tinha um membro que devia se estender até o joelho do homem. Então era por isso que se usava a expressão “tirar água do joelho”? Quer dizer, aquele tipo de coisa era... normal? Era comum os homens terem o negócio daquele tamanho? E isso significava que eventualmente ela teria uma coisa daquelas dentro de si? Quer dizer, ela mal podia imaginar que caberia, sequer caberia na sua boca como a mulher do filme estava fazendo... foi mais ou menos a essa altura que ela percebeu que sua boca estava completamente umedecida, e com certeza não era a única parte do seu corpo.

Essa sensação não era de todo estranha para ela, já havia sentido algo parecido no seu primeiro beijo algum tempo atrás (que aliás foi bem frustrante, perto do que esperava, e por muito tempo ela considerou se não seria lésbica sem saber, quando na verdade era só uma menina que esperava demais do mundo real). Mas, mesmo assim, não era nem de perto o que sentia agora, esse impulso, essa necessidade animal de agarrar aquela coisa enorme e dura, de apertar o mais forte que pudesse como que para testar a sua solidez, e enfiá-la na sua boca com ímpeto, como a mulher do filme fazia. Antes que se desse conta, suas coxas alvas e macias se esfregavam uma contra a outra, numa tentativa frustrada de saciar o que quer que precisasse ser saciado entre elas, mas de alguma forma as coisas não estavam normais. Enquanto pensava no que um membro daquele tamanho faria com ela numa posição de quatro, tirou a camiseta sem nem perceber, e aí tivera a sensação mais estranha da sua vida até então: uma pequena corrente elétrica passou pelo seu corpo, e sua coluna deu um pequeno espasmo, e ela não pôde conter um grito. Aquela foi, definitivamente, a melhor sensação da sua vida até aquele momento.

Após alguns instantes para se recuperar do choque, instantes esses em que ela ficou toda mole e semi-consciente, olhou ao redor e entendeu o que havia acontecido: seu pequeno mamilo rosado e enrijecido havia tocado o seu rato amarelado, e aquela pequena corrente elétrica que seu corpo produzia havia causado aquela sensação... indescritível.

Larissa não pensou por um momento sequer em tentar entender o que estava acontecendo, ou o que ela estava fazendo, ou mesmo porque estava fazendo, apenas sabia que precisava de mais daquilo. Seguindo cegamente seus instintos, apenas arrancou a saia justa do jeito que pôde (e sem saber direito como conseguiu tirar sem rasgá-la, apenas a tirou e a atirou para o lado). Não fazia a menor idéia do que fazer agora, nunca havia feito nada parecido e naturalmente nunca tinha tido esse tipo de conversa com sua mãe (ou qualquer outro tipo de conversa na verdade, mas esse pensamento só a fez agir logo para parar de pensar). Apenas desceu a mão lentamente pelo ventre macio e alvo, coberto apenas e tão somente por uma minúscula e praticamente invisível penugem tipicamente infantil. Chegou com a ponta dos dedos até a parte onde a pele se fendia na região do púbis e dava acesso a parte interna do seu corpo com o receio de que estava fazendo uma grande e ousada, para não dizer inédita exploração, como se aquela parte não andasse para cima e para baixo com ela desde o dia que nasceu.
Ao tocá-la, puxou o rato contra o seu peito e a soma do toque com a eletricidade em seus seios nus a fez ver tudo em tons de branco novamente por alguns segundos. Sua respiração acelerada estava tão entrecortada e ofegante que quase não era suficiente. Larissa agora não fazia mais idéia realmente do que fazer ou de como fazer, por um momento lhe ocorreu a idéia louca de procurar no Google mas definitivamente a idéia quase foi engraçada pq nada no mundo de forma alguma a faria parar o que estava fazendo.

Apenas conseguia pensar que precisava de um homem como o do filme, nesse exato momento, agora. Aprofundou um pouco o dedo que estava entre suas pernas, e apenas a sensação de calor de umidade que sentiu em sua falange já seria suficiente para fazer com que ela gritasse novamente, mas dessa vez ela apenas mordeu o lábio com severa força. Ah, o que ela não faria por um pênis como aquele agora... não, qualquer um seria suficiente, qualquer um MESMO.
E ao pensar nisso abriu os olhos e encarou o sorriso torto e doentio que a encarava de volta na cabeça do seu rato amarelado. A idéia foi tão gritantemente louca e tão doente que mesmo naquela condição zumbificada semi-orgasmica ela se obrigou a arregalar os olhos e pensar “o que diabos eu estou cogitando?!?”

Mas não havia muito que cogitar, o animal era castrado de qualquer forma e nunca, nunca mesmo que ela iria tira-lo do contato (e pequena corrente elétrica que fazia passar) de seus mamilos. Ela não queria ficar sem aquela sensação, de jeito nenhum, de forma nenhuma MESMO... a menos... hmm... a menos que...

Ela deslizou o dedo pelo que agora já era a parede interna da sua vagina e soltou um “hmmfpf” abafado por mordia os lábios para não gritar. Observou novamente a criatura e constatou com espanto que ela possuía uma cauda longa e ondulada... realmente longa, com certeza pelo menos uns bons 30 centímetros. Hm, ao pensar nesse número lembrou-se da cena que vira (e que devia estar rodando ainda, o notebook fora simplesmente jogado de lado), no quanto a essa altura ela precisava de um homem com aquele dote todo dentro dela (“o que diabos estou pensando!?!” seu ultimo suspiro de consciência protestou). Não tinha, é claro, um homem como aquele com ela e desconfiava que não teria dentro dos próximos minutos. Mas tinha, por outro lado, um rato. Um rato tão bem dotado quanto, embora de outra forma... mas teria que servir, não?

Quando Jonh Steinbeck comparou ratos e homens definitivamente não era isso que ele tinha em mente...

Moveu a ponta dos dedos da mão esquerda e tocou a ponta da cauda do rato, que respondeu com uma pequena corrente elétrica como todo o resto do corpo fazia. Era o incentivo que faltava para fazer o que não acreditava que estava prestes a fazer. Mas já era tarde demais para voltar atrás, tarde demais para descobrir que homem algum poderia competir com a sensação de uma cauda em forma raiada oprimida contra sua feminilidade...

E então ela o fez.

Seis meses se passaram.

Nesses meses em diante a sexta-feira especial de Larissa finalmente teve um significado especial como ela queria originalmente, embora não fosse nada do que ela (ou qualquer um na verdade) poderia esperar. De uma certa forma estranha e doentia, Larissa acabou encontrando algo especial para seu momento especial em seu dia especial “dela” e essa história poderia terminar aqui, apenas como uma aventura louca adolescente. Entretanto não termina. As coisas não são tão simples assim. O nosso mundo é um pouco mais doente do que isso...

Depois de alguns meses, Larissa começou a se sentir um pouco estranha. No começo foi apenas dor de cabeça, que rapidamente evoluiu para febre e calafrios que passaram como sendo um resfriado a principio e com isso ela podia lidar. Entretanto eventualmente seus olhos tomaram uma tonalidade amarelada e mesmo aos 16 anos uma pessoa sabe que isso não é um bom sinal. Mas o que ela podia fazer? Não podia pedir ajuda sem explicar o que estava fazendo, já que parecia bem obvio que havia uma ligação entre seus estranhos sintomas e suas atividades extracurriculares.

A isto juntaram-se os problemas respiratórios, dor abdominal e diarréia, aos quais ela tentou disfarçar bravamente entretanto quando vieram os desmaios, bem, isso foi algo um pouquinho alem da liga dela e contra isso não pode evitar. E mesmo seus pais, sempre tão ausentes quanto antes, não podem deixar de perceber quando a sua filha desmaia de cara na sopa (bem, a maioria deles pelo menos)

O que aconteceu, e isso Larissa veio a descobrir só quando acordou zonza já nua no hospital, coberta apenas por um fino avental que deixava sua bunda descoberta, é que ela havia contraído uma rara doença bacteriana transmitida por roedores que causara danos nos rins, falha nos rins e problemas respiratórios e inflamação na membrana ao redor do cérebro e cordão espinhal. Este ultimo, lhe informaram com pesar, complicava em muito o tratamento.

A principio porque o médico e seus pais fizeram aquela cara, o que “complicar o tratamento” significava. Entretanto quando entendeu a explicação, seu coração já fragilizado quase parou de vez. Infelizmente ela não teve tanta sorte. Acontecia era que os danos cerebrais impediam que ela tomasse anestesia sem ter um colapso cardiorrespiratório irreversível, o que não seria um problema tão grande assim não fosse o único tratamento disponível: a bactéria disseminada pelo organismo podia ser tratada com antibióticos leves, mas o mesmo não poderia ser feito no foco da infecção. Antibióticos leves não resolveriam a tempo e antibióticos pesados a matariam. Quando assimilou essas informações, Larissa simplesmente vomitou o pouco que conseguiu, o que seria feito com ela era, era...

Basicamente, o médico explicou, a única solução seria remover cirurgicamente as áreas mais afetadas pela bactéria, o que no caso dela se resumia ao clitóris e boa parte da parede vaginal. Sem anestesia. Larissa novamente quase vomitou, exceto que dessa vez não havia mais nada para por para fora senão a própria bile. Era demais para ela, tão horrível, mas tão horrível MESMO numa situação dessas, vergonha não chegou nem perto de ocupar seus pensamentos. Se a vergonha quisesse um lugar dentro da cabeça dela, teria que pegar uma senha e esperar o pavor, o pânico e o desespero brincarem até cansar.

Mas não havia alternativa. Alias, havia: morrer. Mas seus pais jamais permitiram isso.
Seus pais jamais fariam essa escolha, jamais escolheriam a dor e o sofrimento (alem das responsabilidades criminais) deles por alguém que eles mal conheciam. Larissa teria de ser mutilada, destituída da sua feminilidade em sua carne, pois era o caminho mais confortável para todos, exceto para ela. E sem anestesia.

Se tiver sorte”, ela pensou “talvez eu desmaie ou mesmo morra antes de ficar realmente ruim”.
Infelizmente para ela, a essa altura Larissa já devia ter aprendido que ela não era uma menina de sorte.
15 horas depois, não podia se dizer sequer que ela era uma menina. Ela esteve consciente o tempo todo.

Ninguém da equipe do hospital jamais esqueceu os gritos que ouviram naquele dia.

4 comentários:

  1. Provocante. Despudorado. Ousado. Chocante (literalmente).

    Tá, podem me chamar de pervertido doente, mas eu gostei disto.

    Não há como descartar a possibilidade de que isto poderia perfeitamente acontecer se ratos elétricos existissem por aí...

    Adolescente faz cada coisa pra compensar suas carências afetivas... (e vou parar por aqui antes que este comentário se transforme numa confissão).

    Enfim, meus parabéns. Se é pra exorcizar demônios de alguma forma, que assim seja! Nosso lado doentio, sádico e pervertido (algo que todos temos, sem exceção) agradece.

    Mas, uma dúvida: #25? Será uma série retroativa?

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  2. #025 na verdade é a numeração do Pikachu dentro da catalogação dos Pokémons, assim como o Bulbasaur é o #001, o Mewtwo é o #150 e por aí vai

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  3. Sei la... alem de achar um pouco mais pesado que as minhas leituras costumeiras, apesar de mto bem escrito, nao vi uma utilidade pratica do texto e mto menos a motivaçao em usar pokemons no meio...

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