quinta-feira, 17 de setembro de 2009

[OPINIÃO] E A MÁGICA SE FOI

Se você já assistiu recentemente o programa “ A Turma do Didi”, viu que um efeito muito usado para se criar os cenários é o Chroma key, aquele famoso fundo azul (ou verde). Interessante, a tecnologia ajudando a criar cenários cada vez mais elaborados. Porém, por mais que essa tecnologia se aprimore, não consegue nos passar a mesma mágica que existia nos programas mais antigos.

os trapalhões


Quem, como eu, já passou dos 25, deve se lembrar muito bem do antigo programa “Os Trapalhões”. Aquilo sim era interessante. Minha intenção é fazer uma comparação sobre os cenários, mas vou falar um pouco da parte humorística. Fico devendo um texto somente para comentar sobre esse programa. Os Trapalhões era um programa realmente engraçado, não tendo nem comparação com o atual programa do Sr. Renato. O humor simples, tanto com cenas inusitadas do cotidiano, quanto com extrapolações bem interessantes (quem não se lembra dos quadros de super-heróis?). Um humor feito para toda a família, sem as apelações que nos bombardeiam com os atuais programas do gênero. A Turma do Didi busca usar as mesmas fórmulas vista n’Os trapalhões, mas sem o mesmo sucesso. Acredito que os carismáticos integrantes Mussum e Zacarias façam uma falta tremenda. Os trejeitos de cada personagem eram únicos e inesquecíveis. Didi com seu jeito malandro, Mussum com seu palavrear único, Zacarias com seus maneirismo e jeito afetado. Já o Dedé nunca teve graça mesmo... Mesmo tentando suprir sua ausência chamando outros atores (que nada tem de engraçados, com uma leve exceção para o Tadeu Melo), A turma do Didi não chega nem aos pés do antigo programa em que foi baseado.

cacildis

Mumu da Mangueira na área...


Bom, desabafo feito sobre a parte humorística, vamos falar sobre o foco do texto, os cenários. Como dito anteriormente, por mais que a tecnologia se aprimore, não vai conseguir reproduzir a mágica que os antigos cenários tinham. Sim, hoje temos muito mais possibilidades de criação de cenário, desde o espaço sideral até os mais obscuros recônditos do planeta. Tudo isso pode ser reproduzido com ajuda da computação. Mas, por mais que se aprimore a técnica, nunca vão conseguir se igualar à mágica que possuía os antigos cenários. Como esquecer, por exemplo, a praia, cujo mar era apenas um papel celofane azul, e que ainda servia para mais piadas, quando o Didi se aproveitava para nadar nele.

Os antigos cenários iam, conforme a necessidade da piada, dos mais elaborados (como o trapa hotel, a agência trapa tudo, casas etc.) até os mais simples. Era comum um a praça ser representada por uns três vasos de plantas, um banco e só. Outro episódio, que se passava numa farmácia, era formado apenas por um fundo branco, um balcão e uma prateleira de remédios. Mas, mesmo quando eram bem simples, funcionavam muito bem, pois trabalhava-se com figuras icônicas, deixando para cada um elaborar esse cenário em sua mente. Lembrando sempre que o cenário é uma complementação ao foco da questão, ou seja, os atores e a piada sendo contada. Ainda assim é um complemento que fornece uma cor toda especial à cena.

Muitas vezes um grande cenário era elaborado apenas para uma pequena piada no final. Mas os trapalhões conseguiam transformar um quadro simples em uma comédia total. Quando uma parte do cenário quebrava, era motivo para mais uma improvisação cômica. Como esquecer as piadas com a comida ou outro item cenográfico?

Para quem não acompanhou na época, vale a pena procurar e conhecer esses ícones da comédia nacional. Pra quem já conhece, é sempre bom relembrar essas coisas que nos marcam a infância. (Já to até vendo me acusarem de mais um texto nostálgico, hehehe).

Outra menção honrosa que não posso deixar para trás é sobre os cenários de Chaves/Chapolim. Vamos nos concentrar no polegar vermelho, já que a vila do Chaves, apesar de ter passado por várias versões, era sempre a mesma vila. Já Chapolim requeria um trabalho maior por parte da equipe criativa, pois cada aventura se passava num local diferente. Vou ficar devendo também um texto só pra falar do vermelhinho.

Chapol

Saca só uma amostra do cenário...


Diferente do que vimos n’Os Trapalhões, os cenários para Chapolim eram sempre muito bem elaborados, possuindo ainda aquela mesma mágica gerada pelo programa tupiniquim. Abusando do isopor em itens a serem quebrados durante a filmagem, cada cenário alcançava seu propósito de construir a cena em questão. Quem nunca teve medo do abominável homem das neves, naquela choupana rústica, ou então do esqueleto que aparecia na mansão assombrada pelos mordomos? Como esquecer ainda o pirata Alma Negra e seu calabouço? Chapolim em Vênus foi outro episódio marcante, com as pedras diferentes, principalmente as pedras voadoras.

Aerolitos

AEROLITOS!!!


Bom, esse texto não me saiu muito a contento, mas deu pra fazer um apanhado geral do que eu tinha em mente. Como certas coisas nos marcam a memória e deixam um sabor muito bom em nossas lembranças. Pena não vermos mais coisas como essa atualmente.

Finalizando por aqui, deixo o convite a todos a comentarem e passarem sua opinião.

Um comentário:

  1. Eu comprei o primeiro box do Jaspion e tava pensando exatamente nisso. Os efeitos de Chroma-key podem ser toscos e baratos, mas essa simplicidade faz parte do charme da coisa toda. Honestamente a transformação do Daileon é tão legal de assistir que não teria como ficar melhor em CG nem daqui a 50 anos. Dá uma sensação de que é tudo pasteurizado hoje.

    Mas alem disso outro problema dos trapalhões é o tempo. É só ver os esquetes: tinham piadas que levavam 5 minutos de desenvolvimento, as vezes até mais, outras nem "punchline" tinham.

    Hoje vivemos a geração miojo do apocalipse: se não tiver tudo na mão em 3 minutos o mundo acaba.
    As piadas tem que ser corridas e visualmente apelativas o tempo todo do contrário as pessoas não param pra assistir.

    O terceiro problema é que são outros tempos. Se hoje o Didi faz uma piada insinuando homossexualidade do Batman, a Globo nem abre no dia seguinte de tanto processo que eles iam tomar.

    Como se pode ver, as coisas não são tão simples e vivemos tempos muito chatos...

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